Todo final de ano é a
mesma coisa, os congestionamentos na decida para a praia, os
preparativos dos fogos na virada do ano, a intensificação das blitz
nas estradas, a falta de sangue nos hemocentros, o pagamento
antecipado da matrícula dos filhos, as retrospectivas na TV e nos
jornais impressos, o show de Roberto Carlos, a corrida de São
Silvestre, gente nas lojas buscando roupa nova, branca e prateada de preferência, e aquela
sensação que tudo se repete e que se os jornais e a televisão
apenas reprisassem fotos e vídeos passados, acho que muita coisa
passaria desapercebida como já acontecido. Se não fosse os
presságios do final do mundo, a morte de Niemeyer e de Dona Canô
tudo não passaria de um grande dejá vu.
Apesar da “mesmisse”,
ainda assim como é bom chegar o fim do ano, pois por uma visão
romântica do que realmente a vida é, não seria importante a
repetição do que se fez no atacado, mas aquilo que individualmente
conquistamos no varejo. As pequenas coisas que nos fazem
particularmente únicos e que não se repetem em mais ninguém. Se
emagreci, ou se ganhei peso. Se ganhei um aumento, uma promoção, ou
se de modo injusto estou sem emprego. Se conquistei, mantive um amor,
ou sem motivo algum estou sozinho a espera de alguém. Se comprei um
carro novo, uma casa nova, ou não foi a hora e o momento de sair
“buzão” e do aluguel. Se gastei tudo o que ganhei com aquilo que
me fez feliz, ou se estou adiando minha felicidade acumulando um bom
dinheiro no banco. Se consegui concluir meus estudos, ou ainda busco
encontrar paciência, tempo e motivação para enfiar a cara nos
livros. Se realizei um sonho, ou se ainda o estou arquitetando nessa
grande prancheta que é a minha imaginação. Enfim, tudo isto que
me aconteceu, apesar que tenha também ocorrido para uma outra pessoa, os
sentimentos acumulados não foram os mesmos, assim como a reação
que provocou em mim face a expectativa que tenho para 2013, e que não
se repetirá em lugar algum.
A grande alegria do
final de ciclo que é o fim de ano é justamente colocar um ponto
final naquilo que foi ruim e colocar esperança naquilo que está
inconcluso. A grande motivação de continuar e não desistir, ou
agradecer a Deus por ter conquistado.
É bem verdade que
nunca estamos completamente satisfeitos, e nem poderíamos nos
resignar e não desejar que nada mais ocorra em nossa vida. No
entanto, nesta nossa busca incansável da felicidade, façamos de viés
que outra pessoa também tenha motivos para sorrir e agradecer. Sejamos um agente da esperança, da paz e muitas vezes isto não precisa de grandes
gestos, mas simplesmente de muita, muita boa vontade.
Feliz ano novo.
João Lago.
Administrador, professor e morador do Conj. Santos Dumont