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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O divórcio na Igreja Progressista Ortodoxa Católica Romana



Antes de fazer uma reflexão como leigo sobre a questão do divórcio da forma que afeta os que professam a fé católica, vou relatar um diálogo que tive com um membro de uma denominação cristã protestante fundada em meados do Século XIX nos EUA. 

Disse-me o sujeito que vivia na companhia de seus filhos abandonados pela mulher com quem havia casado: “O motivo de minha separação envolve o desejo de minha ex-mulher em vivenciar novas aventuras amorosas e por isso deixou o sítio no qual vivíamos fugindo na companhia de outro homem”. Naquela oportunidade o exaltei por sua coragem em ficar com os filhos e criá-los sozinhos, quando o mesmo relatou-me que já não estava mais sozinho. Havia encontrado outra mulher com a qual já estava vivendo no sítio e o pastor, ciente da situação, já estava providenciando a anulação do casamento e o encaminhando para celebração de um novo matrimônio tão logo os papéis do divórcio sejam providenciados.  Vi no rosto daquele homem um alívio, primeiro pelo fato de relatar com naturalidade um fato que causa constrangimento a qualquer homem quando declara ter sofrido adultério, principalmente pela pecha de “corno” que invariavelmente haverá de carregar vida a fora. Porém, em face da felicidade de haver resolvido o seu problema junto a Deus e aos homens, seguiria sua vida com sua nova esposa e filhos.

Não sou teólogo, mas por vivenciar a fé católica sei que por aqui as coisas não são tão fáceis assim. No entanto, imediatamente lembrei-me da passagem do Evangelho de Mateus na qual quando Cristo incitado pelos fariseus a comentar por que Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la, respondeu-lhes o Salvador: “É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso, e desposa uma outra, comete adultério. E aquele que desposa uma mulher rejeitada, comete também adultério.” (Mt. 19:8-9).

A única exceção que permite o divórcio é o tal do matrimônio falso e a interpretação do que seja isto a luz do direito canônico que é próprio da Igreja Católica. Tive a oportunidade de conversar com um bispo católico a respeito do que é permitido como alegação de falso matrimônio e foi-me esclarecido que haveria de ser algo que aconteceu antes do casamento como premissa que pudesse interferir na livre vontade dos nubentes de contrair matrimônio, como por exemplo, um homem aceitar casar-se com uma mulher porque a mesma se encontra grávida. Ou, em casos perdidos no tempo, uma mulher ser obrigada a casar com um homem por qualquer tipo de convenção social. Assim, não seria válido para um católico pedir o divórcio pelo motivo alegado pelo sujeito do início da história, por mais dolorido que seja o chifre que há de carregar, devendo conformar-se com a pecha pelo resto da vida. Um católico se desejar permanecer no seio da igreja, recebendo a Eucaristia não poderá unir-se a uma outra mulher e, portanto, deve fazer-se eunuco a si mesmo por amor ao Reino dos céus. Isto está registrado na continuação do Evangelho de Mateus citado anteriormente e deve ser seguido por católicos abandonados pelo cônjuge.

O papa Francisco chocou o clero ortodoxo quando propôs uma anulação matrimonial mais célere e uma interpretação sobre o que seja “falso matrimônio” distante dos muros que cercam o Vaticano. O Papa Francisco propõe que a sentença de divórcio seja assinada por “um juiz único sob a responsabilidade do bispo”. Conforme publicado no jornal espanhol El País, no início de outubro de 2014: “o Papa Francisco criticou duramente o sistema de anulação matrimonial aplicado pela Igreja, chegando a defini-lo como longo, custoso, caro e, em algumas ocasiões, corrupto. ‘A Igreja tem que ter generosidade para fazer justiça gratuitamente’, afirmou o Papa na ocasião”.

Os que são adeptos da ortodoxia não entendem, ou porque não desejam compreender, que muitas vezes os valores da moral cristã, que deveria ser suficientemente sólida para unir um casal em um matrimônio santo, falham. Hoje um sacerdote, que deveria estar atento ao seu rebanho, está sobrecarregado com treze, vinte, enfim, dezenas de comunidades que somente tem a presença do pároco muitas vezes pelo menos uma vez no mês. Assim, como conduzir uma evangelização que possa manter firme a família dentro dos princípios cristãos e deles não se afaste em face dos apelos de um mundo secular egoísta e centrado no desejo de satisfação de uma felicidade efêmera e imediata? Nos primórdios do catolicismo, o Apóstolo Paulo em Romanos 15:14 diz-se convencido que a Igreja estava cheia de bondade, cheia de um perfeito conhecimento e, portanto, capaz de uma admoestação recíproca. Isto seria suficiente para manter um corpo coeso, mas quem hoje deseja sair de sua zona de conforto e indispor-se com um irmão quando o vê claudicar na fé? Quem poderia criticar um homem, ou uma mulher, quando deixa de dar o perdão e ao invés de ser admoestado, tem o apoio de uma comunidade que é incapaz de fazê-lo refletir sobre sua falta de perdão e amor?

Hoje o que eu percebo é uma igreja omissa pela negligência ou pela incapacidade de párocos em mediar conflitos e permitem que membros com graves falhas em sua conduta cristã tenham participação proeminente nos serviços litúrgicos da igreja e nas pastorais sem que sejam admoestados em sua conduta moral e afastados de suas funções. Porém, pergunto-me até que ponto a visão ortodoxa realmente serve como amálgama da fé, ou presta-se justamente ao efeito contrário de afastar o fiel da Igreja?  Na criação do mundo (Genesis 2:18) Deus disse que não seria bom que o homem estivesse só e proveu-lhe uma companheira e o primeiro casamento foi celebrado por Deus no Jardim do Éden. Ambos sob a tutela de Deus, mas com livre arbítrio, viviam em harmonia até que o pecado interrompeu a felicidade de ambos, sendo expulsos e desde então homens e mulheres buscam o retorno ao jardim celeste por meio da palavra de Deus.

O Papa Francisco quando busca simplificar o divórcio não o faz para membros da Igreja que estejam sob a égide do olhar da comunidade, desde que essa exerça o seu papel de admoestar seus pares, mas voltada para aqueles que se tornam párias pela ação do outro e assim condenados a viverem como eunucos não por vontade própria. Se uma igreja viva faz o seu papel de manter os casais unidos, também deve ter compaixão quando vê o outro abandonado e infeliz. É nesses casos que a ação da simplificação do divórcio proposta pelo Papa Francisco tem guarida. Não estamos aqui tratando da complacência a um ser casamenteiro ao estilo do cantor Fábio Júnior, nem do poeta Vinícius de Moraes, célebres pelos inúmeros matrimônios. Abordamos que o Papa Francisco busca agir com compaixão para com casais harmoniosos que em segundo matrimônio desejam voltar ao seio da Igreja, mas seguem como pária em face da interpretação ortodoxa da palavra “falso matrimônio”.

A evangelização sempre será um ato coletivo porque a Igreja de Cristo é um corpo coeso alicerçado em princípios que visam à salvação humana do pecado. A salvação é individual, particular, mas ao viver em comunidade temos a obrigação de amar o próximo e conceder-lhe misericórdia quando todas as tentativas em manter o seu casamento santo estiverem esgotadas pela ação do outro. Ninguém pode ser condenado ad eternum pela empáfia e a ignomínia de quem deseja estar alheio aos princípios que unem a família e os cristãos. A Igreja de Cristo é essencialmente misericordiosa.

João Lago.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Ação Solidária Natal 2016

Na manhã de Natal, com a ajuda solidária de amigos que se sentem sensibilizados com o abandono material de crianças, levamos pelo sexto ano consecutivo alegria para rostinhos tão precocemente sofridos. Os brinquedos serem entregues na manhã de Natal, muitas vezes no mesmo momento que outras crianças estão abrindo o seu pacote de presente, essas crianças também tiveram essa experiência.

Os brinquedos foram entregues no Bairro das Nações Indígenas na área urbana do Tarumã, comunidade de maioria indígena de diversas etnias. Aproveitamos o final da missa que estava sendo celebrada pelo padre Roberto (da Congregação Oblatos de Maria Imaculada) para a distribuição dos brinquedos.

Agradecemos as amigas Anay Miranda e a S. C. (que deseja permanecer anônima) e aos amigos Anderson Martins, Antônio Bueno, Cláucio Santos, Geraldo Draeta, Hélio Silva, Ricardo Simões e Roberto Zica. Agradecer as famílias Alfon Pinheiro e Pinheiro da Silva pelos brinquedos doados e pelo apoio logístico.

Agradecer ao professor Francisco Braz Queiroz pela indicação da comunidade e pela ajuda na distribuição dos brinquedos e agradecer também a associação dos moradores daquela comunidade pela cessão do espaço.

Especial agradecimento a Etelvina Lago que além da doação de brinquedos teve o carinho de embalar cada presente como se o fizesse para um filho ou neto e ainda ter ajudado no apoio logístico e na distribuição dos brinquedos.

Enfim, agradecer a todo o apoio recebido e em retribuição gostaríamos de compartilhar cada sorriso que tivemos a oportunidade de colocar no rosto dessas crianças.

Muito obrigado!
































quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Então é Natal



Nesse último final de semana, parado na sacada em que me encontrava, observava o apartamento do prédio do andar abaixo, defronte ao meu bloco, no qual uma criança ajudava a mãe na ornamentação de uma árvore de Natal. Essa visão, como se olhasse através de uma janela aberta para o passado, eu revivi a semelhança da inocência pueril de meus filhos e senti revigorada em mim a certeza da importância da presença de crianças como personagens importantes no Natal. É como se o Natal só tivesse sentido por causa delas e abusamos em deixá-las ainda mais excitadas com promessas face a aproximação do dia 25 de dezembro, dia de ganhar aquele brinquedo tão desejado.

Não tenho aqui a pretensão de ditar uma denúncia moral de fundo religioso sobre comportamento de famílias quando transformam o Natal em uma festa de confraternização com trocas de presentes, principalmente quando envolvem as crianças na asseveração da fantasia de um ser mágico que entrega presentes, haja vista que todos os anos se faz a mesma crítica da falta da menção da principal criança que motiva a festa: O menino Jesus. Na verdade, o Natal é uma época repleta de alegorias que o representa, mas basta olhar ao redor para sentir a ausência na decoração de representações do nascimento de Cristo. E o que mais triste, deixa-se de contar a história para as crianças que crescem com o significado abstrato que o Natal é simplesmente uma época de ganhar presentes.

Em algumas famílias cristãs que tem o hábito de montar o presépio, a figura central somente é colocada no berço na véspera do dia de Natal, logo depois da meia-noite, em uma pequena cerimônia para demonstrar que Jesus novamente nasceu. Porém, é muito difícil encontrar essa representação da forma descrita aqui nas decorações que antecedem o Natal, sendo mais comum ver a representação de Cristo criança já na manjedoura e assim se perde a oportunidade de demonstrar que o milagre esperado no Natal não é o presente mágico descido pela chaminé, mas Jesus renascido em nossos corações. As crianças deixam de serem envolvidas no verdadeiro significado do Natal e tendem a reproduzir somente aquilo que presenciam desde sempre em família e o comportamento segue adiante apesar de todas as críticas que se possam fazer. Não se iludam, se existe a intenção de mudar valores na sociedade eles devem começar com prover exemplos para que as próximas gerações possam seguir e é por isso que se deve dar especial atenção as nossas crianças.

Na imensa sensibilidade poética e na generosidade em promover novos talentos, a cantora Elis Regina revelou Belchior que na segunda canção do compositor cantada por ela diz: “minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”. Eu interpreto essa canção como a divisão da vida em três fases, sendo que a primeira, durante nossa infância, internalizamos a cultura e valores transmitidos em família. Logo depois, durante a adolescência, fazemos descobertas que levam a contestação de todos os valores apreendidos e buscamos uma via alternativa de uma nova identidade que possa nos definir como pessoa. Contudo, quando novamente reunidos em família com toda a responsabilidade de educar nossos próprios filhos, recordamos inconscientemente dos exemplos positivos herdados de nossos pais e reproduzimos a conduta que teimamos insistentemente em nos afastar durante a entrada de nossa vida adulta. A explicação pode ser bem simples, pois se crescemos crianças bem cuidadas e resolvidas emocionalmente com os nossos pais na adolescência, quando adultos responsáveis pela condução de outras vidas, retornamos a fórmula de sucesso ensinada pelos nossos pais. Por que mudaríamos? Não há motivos para isto.

Essencialmente o Natal é uma expressão de amor de um Deus que oferece o seu Filho para a redenção do homem, sendo necessário que ela venha ao mundo com a inocência e pureza que vive no coração de cada menino e menina. Não há uma forma melhor de conhecer o amor de Deus senão por meio dos olhos de uma criança e Cristo deixou bem claro isto quando ensinou: “Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus” (Mt 18:3). Isto significa que em cada família na qual habita uma criança tem-se a tutela do olhar que vislumbra o sagrado e o quanto é importante deixarmos a criança viver sua meninice em total plenitude, pois assim nos purificamos em sua inocência e nos tornamos pessoas melhores.

Toda criança merece cuidados e a oportunidade de conhecer o amor para que quando adulto for possa retribuir afeto e repetir o que os nossos pais nos deixaram de melhor como herança para com ela: a semelhança do amor de Deus.

Feliz Natal.

João Lago.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Natal Solidário 2016


cinco anos, com a ajuda de amigos solidários, distribuímos brinquedos em comunidades carentes

Tratam-se de crianças que não receberiam presentes de Natal se não fosse por meio desta campanha.

Você pode doar brinquedos usados em bom estado, ou mesmo brinquedos novos. Todos são bem vindo e fazem a alegria de uma criança.

Entre em contato conosco e participe desta ação entre amigos solidários.

João Lago (coordenador)
Contato:  WhatsApp: (92) 98163-9637