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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

O Rio Rubicão da Nova República

Em uma manhã fria do inverno europeu, do dia dez de janeiro de 49 a.C. , Júlio César estacionou suas tropas as margens do rio Rubicão e hesitava se deveria atravessá-lo com sua legião em direção à Roma. A República Romana tinha como lei que qualquer general, ao regressar de suas campanhas militares, deveria deixar suas tropas fora do núcleo do império e entrar com pequeno séquito na cidade. César voltava da Gália Cisalpina para enfrentar o senado romano que havia nomeado Pompeu como ditador com poderes excepcionais. Ao cruzar o rio, César transgredia a lei e sinalizava o início da inevitável guerra civil que seria travada com os partidários de Pompeu. Foi o caminho sem volta para a ilegalidade e o fratricídio que fez Júlio César bradar: Alea jacta est (a sorte está lançada).

Cruzar uma linha sem volta na balzaquiana “Nova República Brasileira”, por qualquer alto representante de nossa democracia, é a transgressão de qualquer preceito constitucional. Aquele que rasga a Constituição que jurou proteger é um traidor, um criminoso, cuja única alternativa para não ir para a cadeia é marchar contra sua gente, aplicar um golpe e abraçar o fratricídio. Diferentemente de Júlio César que era amado pelos plebeus, com grande popularidade e ressentia levantar armas contra os seus concidadãos, Bolsonaro amarga os mais altos índices de rejeição popular e já demonstrou que não tem apreço pela vida dos brasileiros por sabotar sistematicamente as medidas de combate a covid-19. Além do mais, Júlio César foi um estadista que fez reformas sociais e políticas, principalmente em reconhecer a cidadania romana aos estrangeiros por meio do mérito e reconhecimento como forma de pacificar os territórios conquistados. No entanto, Bolsonaro desde sua posse governa para o “cercadinho” do Planalto e jamais acenou que deseja pacificar o Brasil, pelo contrário, o seu governo é uma usina de crises, fantasias, mentiras, delírios e a única reforma social que fez foi promover o enriquecimento próprio e de seus filhos.

A insistência de Bolsonaro em desacreditar as urnas eletrônicas, mesmo sem qualquer indício mínimo de fraude eleitoral, é apenas mais um capítulo das inúmeras tentativas golpistas que se seguirão até as eleições de outubro de 2022. Portanto, em mais um arroubo de tentativa de demonstração de força, Bolsonaro, em conluio com setores das Forças Armadas, colocará veículos militares nas cercanias do Congresso Nacional no mesmo dia no qual os deputados votarão a Proposta de Emenda a Constituição - PEC do voto impresso (10/8). É importante que se diga que essa votação no plenário é uma veleidade de Arthur Lira (PP-AL) para agradar Bolsonaro, mesmo depois da PEC ter sido rejeitada na comissão especial formada para analisar a sua pertinência. Arthur Lira pensa colocar freios em Bolsonaro, mas o presidente já demonstrou que tem a inteligência emocional de uma criança de cinco anos e a velhacaria politica do Centrão o qual disse pertencer. Não obstante, Bolsonaro continuará com sua campanha de destruição de nossa democracia, porque essa é a única alternativa que tem frente a ameaça de cadeia que se avizinha.

O rio Rubicão há muito já foi cruzado e quem vem marchando não é Júlio César, mas um sujeito que é uma mistura de Nero com Calígula. Desnorteado das ideias como aquele que pôs fogo em Roma e tão depravado moral quanto aquele que mandou erigir uma estátua de si mesmo no templo de Jerusalém. Porém, ainda há tempo de salvar nossa democracia, basta que aqueles que tenham um pouco de sanidade, decência e coragem percebam que a solução não está em aguardar um novo ataque e reagir, mas colocar agora um ponto final na carreira política de Bolsonaro. O Brasil não merece caminhar com Bolsonaro até 2022.

Alea jacta est!

João Lago