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sexta-feira, 29 de março de 2013

Páscoa 2013: Paixão e Morte de Cristo

Nesta sexta-feira (29/3), pelas ruas do Conjunto Santos Dumont e Bairro da Paz, foi realizada a Via Sacra com a participação das comunidades pertencentes a Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório.

A peregrinação dos fiéis, reproduzindo as 14 estações do calvário de Jesus Cristo, saiu da Igreja de São Marcos, passando pela Igreja de Nossa Senhora da Paz, até a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré. 

Durante o percurso, foi feita a encenação do sofrimento de nosso Salvador, por meio de jovens pertencentes as comunidades. Conduziram esta Via Sacra o Pároco de Santo Afonso, Pe. Charles, na companhia de Pe. Gilson.

Confira o vídeo com trechos da procissão da Via Sacra.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Monotrilho: Visita a Seinfra em busca de esclarecimentos sobre o projeto

Nesta quarta-feira (27/3), estivemos na Secretaria de Estado de Infraestrutura - Seinfra, localizada na Alameda Cosme Ferreira, 7600 , Coroado III, buscando esclarecimentos e informações a respeito do projeto do monotrilho, mais especificamente em relação ao projeto da estação que está projetada para ser construída defronte ao Conjunto Santos Dumont.
Durante nossa visita fomos recebidos pela Secretária Executiva Adjunta de Engenharia, Arquiteta Sandra Suely Fontes Rodrigues, que é a responsável na Seinfra pelo projeto do monotrilho, além dos engenheiros Francis Albert Gama e Paulo Ovídio, esse último como engenheiro civil fiscal do monotrilho.

Em nossa conversa, expusemos nossa preocupação quantos os seguintes aspectos:

1) Quem seria responsável (Prefeitura ou Governo do Estado) pela elaboração do Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV,  previsto pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10257/01), que busca evitar danos à qualidade de vida da população, à ordenação urbanística do solo e ao meio ambiente?

2) Qual o desenho final do projeto do monotrilho, no que se refere a desapropriação de residências para a construção da estação prevista para o Conjunto Santos Dumont?

3) O projeto do monotrilho e sua sustentabilidade tarifária/econômica, a quem caberia esclarecer se a tarifa receberia subsídio para que fosse oferecida a preço popular?

Quanto ao primeiro item, levamos nossa preocupação quanto ao aumento de fluxo de pessoas e veículos (ônibus, táxis e mototáxis) nas ruas de nosso conjunto, já que a estação seria alimentada por passageiros desembarcados desses modais. Esse grande fluxo de pessoas vindo das adjacências como Bairro da Paz, Redenção, Hileia, Flores etc., provavelmente fomentará o comércio informal, o mesmo que vemos nas estações do Expresso, já que esse tipo de atividade é endêmico em nossas vias urbanas e parece não possuir qualquer tipo de regulamentação. Não podemos esquecer ainda que o aumento do fluxo de pessoas também pode ter como consequência o acirramento da violência (roubos, furtos etc.). 

O segundo item, além de esclarecer quais serão as residências afetadas pela desapropriação, na verdade complementa o primeiro no sentido de sabermos como ficarão os nossos acessos a entrada e saída de nosso conjunto, haja vista que atualmente já não é fácil sair do Santos Dumont em horários de pico. Vale a pena ressaltar que os moradores das três primeiras ruas de nosso conjunto serão aqueles que mais serão afetados, negativamente ou positivamente.

O terceiro item trata da própria continuidade do projeto, já que a dependência econômica de uma tarifa subsidiada, no caso de contenção de despesas/custos, pode ocasionar cortes no repasse de recursos aumentando a probabilidade de desinvestimento e sucateamento do monotrilho, aos moldes do que ocorreu com o Expresso (BRT na gestão de Alfredo Nascimento). Neste aspecto preocupa-nos a repetição do fato, levando em consideração que o atual governador Omar Aziz era o secretário de obras de Alfredo Nascimento na ocasião do Expresso. Uma estação sucateada, além de todos os problemas relatados aqui, impactam diretamente na desvalorização de nossos imóveis. Obviamente temos plena convicção que o governador Omar Aziz não gostará de incluir mais este fracasso em sua biografia e estamos dispostos a colaborar apontando as eventuais falhas deste projeto.

Absolutamente nossa intensão não é travar qualquer embate político/ideológico, mas assegurar o nosso direito que todos os Estudos de Impacto de Vizinhança sejam realizados e que sejam apresentados para nós moradores, que somos os principais interessados que o projeto seja um sucesso. No entanto, para que se tenha alta probabilidade de sucesso, também é necessário que se esclareça se o monotrilho é capaz de gerar receitas suficientes para a sua manutenção sem depender de subsídios do governo.


Face a todas essas nossas inquietações, por último, sugerimos que fosse possível não construir a estação do monotrilho em frente ao Conjunto Santos Dumont, mas um pouco antes, como o indicado na imagem acima. A desapropriação seria menor, ao mesmo tempo que há espaço para que se construa acessos para os demais modais de integração com o monotrilho. Ao que parece, a escolha de localizar a estação do monotrilho defronte ao Conjunto Santos Dumont é mais condicionada a infraestrutura já construída no local, com a proximidade da passagem de nível. No entanto, uma obra com a envergadura do monotrilho, a adequação da estação com a criação de mais alças de retorno só proporcionará ganhos para atenuar o intenso tráfego que se projeta com o crescimento do fluxo na Torquato Tapajós para os próximos anos. Sabemos que a cidade cresce com novos conjuntos habitacionais que necessariamente tem como uma via principal de acesso a Torquato Tapajós.

A conversa com os engenheiros da Seinfra fluiu com a mais intensa cordialidade, que ouviram todas as nossas inquietações e comprometeram-se a levar nossas reivindicações a Manaustrans, já que a mesma será a que juntamente com a Seinfra estará no projeto do monotrilho, no que se refere ao apoio do governo municipal em assegurar a intermodalidade, ou seja, a integração do monotrilho com o BRT, os ônibus tradicionais, os táxis e os mototáxis.

Assim que tenhamos maiores informações, que nos foram prometidas, novamente comunicaremos.

Notas:
1. BRT - Bus Rapid Transit, ou ônibus articulados ou biarticulados que trafegam em canaletas específicas ou em vias elevadas.
2. Expresso - Sistema de BRT iniciado em 2000 na gestão do prefeito Alfredo Nascimento, tendo Omar Aziz como seu secretário de obras.
3. Manaustrans - Orgão municipal que cuida do planejamento viário da cidade de Manaus.
4. Monotrilho - Veículo sobre trilhos elevados.

domingo, 24 de março de 2013

O Casamento Gay na França


A Assembleia Nacional Francesa, que se assemelha à Câmara dos Deputados em Brasília, em 12 de fevereiro, aprovou o projeto de lei que estabelece na França o casamento gay, mas ainda terá que ser analisado pelo senado francês para figurar no ordenamento jurídico daquele país, previsto para ser feito a partir de 2 de abril próximo.

No entanto, cinco meses atrás, em importantes cidades da França, milhares de ativistas foram às ruas em manifestações contra o casamento gay. O mais interessante nisto tudo é que importantes personalidades homossexuais francesas, como o prefeito de Chasselas, Jean Marc Veyron la Croix, o produtor de documentários Jean-Pier Delaume-Myard, o militante gay Xavier Bongibault, dentre outros, apoiam essas manifestações por serem contrárias ao casamento de pessoas do mesmo sexo, havendo consenso que o termo “casamento” remete a formação de família, neste caso fazendo a importante ressalva para a presença de crianças na relação que não combina como o estilo de vida homossexual. Para validar este pensamento, o produtor Jean-Pier, em entrevista a revista Le Nouvel Observateur1, afirma que se considera uma pessoa séria em seus relacionamentos e que teve vários companheiros durante sua vida. Assim, se aos vinte e cinco anos ele tivesse adotado uma criança, como hoje ele tem 50 anos, seu filho teria convivido com uma dezena de padastros. Jean-Pier salienta que é muito pouco provável que uma mulher possa ter comportamento semelhante, afirmando que no máximo ela teria três parceiros estáveis. Neste ponto, Jean-Pier demonstra extrema lucidez, pois de maneira geral, na separação de um casal os filhos via de regra coabitam com a mulher. Portanto, poeticamente alguns afirmam que uma criança adotada por dois homens teriam dois “pais”, mas no caso de uma separação, qual deles assumiria o papel de mãe? Assim, pela regra exposta por Jean-Pier, quem assumiria comportamento comedido em relação a quantidade de parceiros? Será que essa exposição à dezenas de relacionamentos paternos não seria prejudicial a sanidade emocional e psicológica dessa criança? Jean-Pier, sendo homossexual, não acredita que tudo se possa resolver na poesia e portanto se opõem ao casamento gay na França.

Dentre outros argumentos de homossexuais franceses contrários ao casamento gay, há o do professor de espanhol Philippe Arino2 que considera a lei do casamento gay homofóbica, porque um casal homossexual pode imitar um par heterossexual, mas é incapaz de imitar um homem, uma mulher e seu filho, por ser impossível o casal homossexual procriar. Philippe diz que a lei não considera o homossexual em sua especificidade, em sua identidade. No entanto, para melhor compreender o pensamento de Philippe, vale a pena ressaltar o que diz o prefeito homossexual Jean-Marc3: “Eu penso que não podemos colocar em um mesmo plano a homossexualidade e a heterossexualidade (…) Eu tenho a convicção que o ideal para uma criança é ser criada dentro de uma família composta por um pai e uma mãe”. Assim, ao meu juízo, ambos concordam que não será por meio de um lei que as questões que envolvem a especificidade sexual do indivíduo serão resolvidas pela sociedade, pois da forma proposta apenas acentuam ainda mais a discriminação, porque não será por meio de uma lei que se fará dois homossexuais procriarem. Jean-Marc diz “que a lei deveria reconhecer o que há de bom e desejável, e não encorajar as práticas minoritárias. A lei deve proteger o mais fraco, neste caso a criança”. Já Xavier Bongibault4, diz que não precisa colocar avante de seu nome a alcunha “homossexual” para expressar sua opinião contrária ao casamento gay, mas que isto foi necessário para que ele pudesse ser ouvido. Diz Xavier que considera profundamente homofóbico achar que os homossexuais pensam em função de sua orientação sexual e, por causa de seu pensamento contrário, sofre com ameaças de morte e agressão. Segundo Xavier existem 360 homossexuais, de todas as idades, que se juntam ao grupo “Plus Gay Sans Mariage” (mais gay sem casamento, em livre tradução), portanto não se trata de uma voz isolada. Militantes como Xavier afirmam que apenas uma minoria gay na França é a favor do casamento gay, sendo que a maioria “se moquent éperdument”, que traduzo aqui como “não está nem aí”. Outros dizem que o movimento LGBT não os representam, mesmo porque nem mesmo gostam de ser chamados de gays. Dizem-se homossexuais e que não precisam empunhar bandeiras para serem reconhecidos na sociedade como cidadãos plenamente capazes de exercer seus direitos.

De uma maneira geral a esquerda heterossexual francesa segue uma tendência a assumir a relatividade dos relacionamentos afetivos como uma forma de garantir igualdades de direitos e, com isto, ganhar votos do eleitor. Pesquisas de opinião demonstram que os franceses são a favor da união de casais do mesmo sexo, mas são contrários a adoção de crianças por homossexuais cujas razões acredito que foram bem expostas aqui.

Sempre fui a favor da liberdade individual, de um homem (ou mulher), por seu livre arbítrio decidir o que melhor convém para sua vida, na escolha de seu modo de vida, sua religião, sua ideologia política, seus amores. No entanto, tenho convicção que nossas escolhas, por mais livres que sejam, devem sempre buscar mitigar o sofrimento alheio e, muitas vezes, quando o mal já está feito, as cicatrizes restam como sequelas. Para ilustrar isto, vou contar uma experiência própria.

Manifestação contra o casamento gay no Champs Elysees em Paris (Foto France Press)
Em uma fase de minha vida trabalhei com colegas que deixaram seus filhos e esposas para trabalhar em outra cidade, mas com o compromisso de retornarem todo o final de semana. Foram alguns casos de lares desfeitos, ou mesmo do desajuste no comportamento dos filhos, principalmente pelo uso de drogas, pois uma importante referência fica ausente, ainda mais quando a mulher também se ausenta do lar para o trabalho. Vi isto tudo acontecer e não desejava aquilo para mim. No entanto, alguns anos mais tarde, abracei uma oportunidade de trabalhar como consultor em Brasília em uma importante e festejada empresa de consultoria de atuação nacional. Minha família ficou em Belo Horizonte e, de repente, vi-me em idêntica situação desses antigos colegas. Nessas ocasiões a gente pensa: “comigo vai ser diferente, tenho o controle da situação!”. Passou o tempo e certa vez o meu filho do meio de oito anos pediu-me que o acompanhasse em um sábado em uma apresentação de judô na qual ele iria participar, fazendo uma intensa campanha durante toda a semana para que eu não faltasse. Dei minha palavra e fui. Quando lá estava, pouco antes dele entrar no tatâmi, eis que ele me aparece segurando fortemente um colega pelo quimono, colocando o menino na minha frente e dizendo: “fulano, quero te apresentar meu pai. Este é o meu pai!”. Como era inusitada a forma enfática de meu filho, depois do evento perguntei o que tinha ocorrido, quando ele me disse que durante minhas ausências, no buscar e deixá-lo na escola, esse colega fazia troça dizendo que ele não tinha pai, fazendo-o sofrer com a situação. Naquele momento, por mais que fosse importante para minha carreira trabalhar como consultor naquela empresa, lembrei-me das consequências de nossas ações face aos filhos, principalmente quando crianças, e o trabalho começou a ficar desinteressante. Em outro momento, nessas minhas reflexões, escrevi: A criança exerce sua crueldade para com outra criança com inocência, já o adulto é cruel com outro por sua própria perversidade. Ninguém que ama, deseja ser cruel com a pessoa amada.

A perversidade pode existir de várias maneiras, mas a pior é aquela voltada exclusivamente para o nosso egoísmo, na satisfação de interesses pessoais, seja material ou psicológico, quando de maneira contundente pode vir a prejudicar a vida de inocentes. Por isso, sou a favor da união homossexual, mas o casamento, com sua identidade biológica de gerar filhos e criá-los, deve continuar restrita a união entre um homem e uma mulher.

João Lago.
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont


NOTAS:

  1. Entrevista disponível no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=Pl1W9xlc1k4
  2. L'Actualité des Militants du Front, 10 dez 2012, disponível em: http://fninfos.fr/?tag=jean-marc-veyron-lacroix

Domingo de Ramos: Procissão e Missa Campal


Neste domingo, às 7h da manhã, a Comunidade Católica de São Marcos localizada no Conjunto Santos Dumont, realizou sua tradicional Procissão de Ramos, saindo da Igreja de São Marcos, passando pela Alameda Santos Dumont em direção a Igreja de Nossa Senhora da Paz.



A Procissão de Ramos relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, cuja passagem está descrita  nos quatro evangelhos (Marcos 11:1, Mateus 21:1-11, Lucas 19:28-44 e João 12:12-19). A celebração da entrada de Jesus em Jerusalém antecede sua Paixão, na qual é crucifixado para redimir os pecados da humanidade.

A caminhada realizada pelos fieis das comunidades de São Marcos, Nossa Senhora da Paz e Nossa Senhora de Nazaré, todas localizadas no Bairro da Paz, foi conduzida pelos sacerdotes Charles e Gilson, ambos da Paróquia de Santo Afonso a qual pertence a condução das comunidades citadas.

Após a procissão, foi realizada uma missa campal no pátio da Igreja de Nossa Senhora da Paz, onde se reuniram todas as comunidades.

Confira abaixo o vídeo que faz o registro desta caminhada.



quinta-feira, 21 de março de 2013

Via Sacra da Comunidade de São Marcos

Nessa quarta-feira (20.3), ao redor da praça de caminhada do Conjunto Santos Dumont, foi realizada a Via Sacra da Comunidade de São Marcos, que leva o nome do padroeiro da Igreja Católica localizada na Alameda Santos Dumont.

As 14 (quatorze) estações do Calvário de Cristo foram representadas defronte as casas dos moradores, que em um ato de fé enfeitaram a frente de suas casas para receber a procissão.

Ao corregedor da Câmara Municipal de Manaus, vereador Francisco da Jornada, que cedeu o carro de som para que se desse mais brilho a esta celebração, o nosso sincero agradecimento.

Confira abaixo o vídeo que fizemos com os melhores momentos desta procissão de fé.




domingo, 3 de março de 2013

Do jeito que o diabo não gosta

Certa vez perguntaram a um sábio: “Porque existem pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogadas em copo d'água? O sábio sorriu e contou esta história:

Era uma vez um homem que viveu toda sua vida fiel a Deus e amante da vida, da natureza e dos outros. Quando morreu, todo mundo dizia que ele iria direto ao céu. Uma pessoa tão boa como ele só poderia ir ao paraíso. Mas, ao chegar à porta do céu, houve um erro na listagem e, como não encontrassem o nome do candidato que chegava, o mandaram para o inferno. E no inferno, como a gente sabe como é, ninguém exige crachá nem convite, qualquer um que chega é convidado a entrar. Nosso bom homem entrou e foi ficando. Alguns dias depois, Lúcifer chegou furioso às portas do paraíso para tomar satisfações: “Pedro, isso é injusto! Nunca imaginei que fossem capazes de uma baixaria dessas! Assim não dá!" Sem saber o motivo de tanta raiva, São Pedro perguntou qual era o problema. O diabo, transtornado, desabafou: “Vocês mandaram aquele sujeito ao inferno e ele está fazendo a maior bagunça por lá. Ele chegou escutando as pessoas, olhando-as nos olhos, conversando com elas. Agora, está todo mundo dialogando, se abraçando, se beijando, imagina! O inferno está insuportável, parece o paraíso! Peguem aquele sujeito e o tragam-no para cá. Se continuar lá, o inferno vai acabar”.

Quando terminou de contar a história, o sábio concluiu: “Viva tanto amor no coração que se por engano for parar no inferno, o próprio diabo o trará de volta ao paraíso”. Li essa história ingênua, mas profunda, no “Livro da Vida” e lembrei-me de que Jesus ensinava o povo em parábolas que não passavam de narrativas semelhantes a essa. Também os gregos e os romanos usavam das fábulas, e nossos índios transmitiam ensinamentos através de mitos e lendas. Ess' tipo de literatura sempre termina com uma lição de vida.

A moral de nossa história é que o amor no coração nos liberta de situações que parecem desesperadoras, transformam o inferno no céu. Os problemas não passam de desafios que nos fazem crescer. Naturalmente com a ajuda de Deus.

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo Emérito de Manaus

sábado, 2 de março de 2013

O APOCALIPSE SOLAR E A AMAZÔNIA



Para maio deste ano, está prevista pela Nasa (agência espacial estadunidense) uma forte tempestade solar que, se dirigida em direção a terra, poderá colocar a humanidade sem energia elétrica, telefonia, televisão e comunicação por satélite durante dias, meses ou anos.

Uma das visões apocalíticas que fala da extinção da vida humana na terra descreve uma grande tempestade solar, que são feixes de partículas impulsionados a velocidades altíssimas, que podem danificar por completo todas as redes de transmissão de energia elétrica e de telecomunicações, colocando a humanidade na escuridão e sem o conforto proporcionado pela tecnologia moderna. Não teríamos a refrigeração nos dias de calor e o aquecimento tão necessário no inverno rigoroso, tão pouco funcionariam os equipamentos hospitalares e de produção industrial, que estariam parados, estabelecendo o caos na vida urbana. O simples fato de sair de casa seria prejudicado, quando hoje nos encastelamos em altos condomínios residenciais, haja vista nossa dependência por elevadores. Para não nos alongarmos em tantos exemplos, basta imaginar que tudo aquilo que depende da energia elétrica e da telecomunicação estaria seriamente prejudicado.

O ciclo de tempestades solares acontece a cada onze anos e é bastante conhecido pelos astrofísicos, sendo uma loteria a probabilidade de uma imensa rajada de matéria ser lançada diretamente em direção ao nosso planeta, dada a dimensão do Sol em relação a Terra. Nossa estrela maior tem um diâmetro de 1.390.600 quilômetros, enquanto que a Terra 12.756 quilômetros, ou seja, quando matematicamente calculamos a área do sol (1.390.6002   x π), a Terra representa 0,008% da superfície solar. Objetivamente para que a Terra seja atingida por uma grande massa de energia proveniente do Sol, a tempestade solar deverá acontecer quando essa explosão ocorrer na face do Sol que estiver apontada e alinhada com nosso planeta, conforme demonstra a ilustração 1. Estatisticamente é bastante improvável, mas não impossível, tanto que há relatos que 1859 uma grande tempestade solar danificou os telégrafos da época, pois esta era a única infraestrutura de comunicação da época, na qual equipamentos telegráficos e papeis foram incendiados.

Esses relatos e previsões são bastante interessantes por colocarem em xeque nossa dependência pela tecnologia moderna e, principalmente, pelas previsões exageradas de extinção da raça humana a partir do colapso das fontes de energia e comunicação. Eu mesmo acredito que muita gente já se consideraria extinta em suas faculdades sem o Facebook, que dirá sem a internet. No entanto, imaginando um longo período sem energia e sem comunicação, as populações urbanas são as  que mais sofrerão com tudo isto, inclusive colocando em colapso o sistema monetário, pois é este que abastece o modo de viver nas grandes cidades. Hoje na vida urbana não se vive sem dinheiro, na qual tudo é comprado: alimentos, vestuário, transporte etc. Assim, quando ocorre ameaças no modo de viver em grandes cidades, como por exemplo durante as guerras, ou no pós-guerras, o primeiro risco iminente é a inflação, quando a moeda perde o seu valor de compra, pois tudo se torna exageradamente escasso, inclusive alimentos.

Agora convido a raciocinar que tudo isto realmente venha a acontecer. Imaginemos uma grande tempestade solar justamente alinhada como o nosso planeta e uma grande massa de energia acertando em cheio a Terra, destruindo por completo todas as linhas de transmissão de energia e comunicação no mundo inteiro por pelo menos cinco anos. Sinceramente, qual o melhor local para se estar vivendo no momento dessa catástrofe? No alto de uma imensa cobertura do 58o. andar de uma torre em uma grande cidade, ou em uma palafita em uma comunidade isolada na beira de um rio amazônico? Em termos de sobrevivência, as populações que se localizam em locais remotos, e que vivem da subsistência, não terão alteradas o seu modo de vida, passando desapercebido tal fenômeno solar. Nessas localidades isoladas as tecnologias não exercem influência, tão pouco se tem a dependência de dinheiro. Isto é tão verdade que lembro de uma declaração de uma jovem a caminho do interior do Amazonas dizendo que não levava quase nenhum dinheiro, pois não teria com o quê gastar no rincão isolado em que vivia sua família.

Caso realmente ocorra uma imensa tempestade solar, os amazonidas urbanos, que vivem na linha do equador, estão mais protegidos devido ao cinturão magnético da Terra, pois as partículas de energia vindas do Sol penetram em nossa atmosfera a partir dos polos terrestre, ou seja, países localizados em latitudes acima do Trópico de Câncer e abaixo do Trópico de Capricórnio, como Estados Unidos da América, Canadá, Japão, Argentina, Uruguai, Africa do Sul e o todo o continente Europeu, são aqueles que mais serão afetados. Outro fator alentador é que a cidade de Manaus não está interligada com o Sudeste em linhas de transmissão de energia  (ilustração 2), que teoricamente nos confere imunidade à reação em cadeia que pode ocorrer por uma sobrecarga no Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, pois segundo esse operador “apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do Sistema Integrado Nacional - SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica”.

Para aqueles que reclamam de nossa região, maldizendo ser ela um local inóspito para se viver, pelo menos agora sabemos que em Maio deste ano talvez muita gente venha para cá para esperar passar uma tempestade. 

Sejam todos bem vindos!

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont