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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

E chegou 2013


Todo final de ano é a mesma coisa, os congestionamentos na decida para a praia, os preparativos dos fogos na virada do ano, a intensificação das blitz nas estradas, a falta de sangue nos hemocentros, o pagamento antecipado da matrícula dos filhos, as retrospectivas na TV e nos jornais impressos, o show de Roberto Carlos, a corrida de São Silvestre, gente nas lojas buscando roupa nova, branca e prateada de preferência, e aquela sensação que tudo se repete e que se os jornais e a televisão apenas reprisassem fotos e vídeos passados, acho que muita coisa passaria desapercebida como já acontecido. Se não fosse os presságios do final do mundo, a morte de Niemeyer e de Dona Canô tudo não passaria de um grande dejá vu.

Apesar da “mesmisse”, ainda assim como é bom chegar o fim do ano, pois por uma visão romântica do que realmente a vida é, não seria importante a repetição do que se fez no atacado, mas aquilo que individualmente conquistamos no varejo. As pequenas coisas que nos fazem particularmente únicos e que não se repetem em mais ninguém. Se emagreci, ou se ganhei peso. Se ganhei um aumento, uma promoção, ou se de modo injusto estou sem emprego. Se conquistei, mantive um amor, ou sem motivo algum estou sozinho a espera de alguém. Se comprei um carro novo, uma casa nova, ou não foi a hora e o momento de sair “buzão” e do aluguel. Se gastei tudo o que ganhei com aquilo que me fez feliz, ou se estou adiando minha felicidade acumulando um bom dinheiro no banco. Se consegui concluir meus estudos, ou ainda busco encontrar paciência, tempo e motivação para enfiar a cara nos livros. Se realizei um sonho, ou se ainda o estou arquitetando nessa grande prancheta que é a minha imaginação. Enfim, tudo isto que me aconteceu, apesar que tenha também ocorrido para uma outra pessoa, os sentimentos acumulados não foram os mesmos, assim como a reação que provocou em mim face a expectativa que tenho para 2013, e que não se repetirá em lugar algum.

A grande alegria do final de ciclo que é o fim de ano é justamente colocar um ponto final naquilo que foi ruim e colocar esperança naquilo que está inconcluso. A grande motivação de continuar e não desistir, ou agradecer a Deus por ter conquistado.

É bem verdade que nunca estamos completamente satisfeitos, e nem poderíamos nos resignar e não desejar que nada mais ocorra em nossa vida. No entanto, nesta nossa busca incansável da felicidade, façamos de viés que outra pessoa também tenha motivos para sorrir e agradecer. Sejamos um agente da esperança, da paz e muitas vezes isto não precisa de grandes gestos, mas simplesmente de muita, muita boa vontade.

Feliz ano novo.

João Lago.
Administrador, professor e morador do Conj. Santos Dumont

domingo, 30 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo


Mais dois dias e entraremos em 2013. O dia primeiro de janeiro sempre é data significativa porque carrega a euforia de julgar que tudo começa de novo. Por isso mesmo abre espaços para cumprimentos e desejos de felicidade. Além disso, nele celebramos o Dia Mundial da Paz e a festa da Santa Mãe de Deus.

Parece coisa de crédulo, mas é também ocasião para muitas superstições curiosas, respeitadas por não poucas pessoas. Por exemplo, comer carne de ave ou animal que cisca para trás faz piorar de vida. Deve-se usar carne de animal que fuça para a frente, porque traz progressos. A lentilha na refeição abre caminhos para ganhar muito dinheiro. A roupa branca afasta azar e promete paz.

As superstições, embora atestem fraqueza de espírito e pequena ou nenhuma confiança em Deus, indicam as preocupações que assaltam o cidadão comum no princípio do ano. Primeiramente, temos enorme curiosidade em saber o que nos acontecerá nos próximos doze meses. Essa curiosidade chega a ser tamanha que se consultam videntes, cartas, búzios e companhia ilimitada. Agradecemos a Deus que o futuro nos é desconhecido porque, abusando das palavras de um amigo, se soubéssemos o que passaremos, morreríamos de susto. Os caminhos divinos são sábios.

As amarguras da vida chegam aos poucos e as vamos engolindo e, quando percebemos, atravessamos momentos considerados impossíveis de superar. É melhor deixar as coisas como estão e moderar a curiosidade. Dessa história de aves e animais ciscadores para trás, vê-se medo de experimentar a decadência. Dentro de cada ser humano existe o desejo de progredir. Se para alguns a decadência significa fracassos, para outros foi oportunidade de vitórias decisivas. As riquezas (a lentilha) só têm valor quando vistas e tratadas como instrumentos de viver bem e ajudar os outros a viverem bem. Agora, a paz, essa sim deve ser buscada com insistência. Sem ela pouco valem dinheiro, saúde e sucesso. É essencial que ela comece pela própria paz pessoal. Ninguém é feliz se estiver mal consigo mesmo.

Neste início de ano coloquemos entre nossos desejos a paz. “O senhor volte para ti sua face e te conceda a paz” (Nm 6, 24-26).

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal Solidário: Entrega de Presentes

Neste dia de Natal, repetindo a ação social de 2011, com o patrocínio de amigos que doaram brinquedos, mas que não desejam ter seus nomes divulgados, realizou-se entrega de presentes de Natal às crianças atendidas pela Pastoral da Criança da Comunidade Católica de Nossa Senhora de Nazaré (Paróquia de Santo Afonso), Bairro da Paz na cidade de Manaus.

Todas as crianças 148 crianças, além de atendidas pela Pastoral da Criança, que tem o seu foco para a saúde, também suas famílias recebem a atenção da Pastoral da Família, que trata a questão social. Nestes dois projetos, que são executados por paroquianos voluntários, pretende-se dar maior qualidade de vida às crianças e apoio para que os laços familiares sejam reforçados dentro de uma filosofia cristã.

Agradecemos aos doadores que contribuíram para levar alegria a essas famílias, assim como aos coordenadores das duas pastorais que fizeram a ponte necessária para unir gente solidária, com gente que necessita de atenção.

Fizemos o registro da ação social em um vídeo, que esperamos se repita novamente no próximo ano.

Feliz Natal!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Porque é Natal o mundo não acabou


Durante toda a semana eu estive a brincar sobre os presságios do fim do mundo, que deveria ter ocorrido nessa última sexta-feira, e pacientemente li e vi na TV várias explicações alentadoras de astrônomos e historiadores que seria impossível haver uma catástrofe mundial sem que soubéssemos disto com alguns anos de antecedência, pelo menos naquilo que afirma o pragmatismo científico. Assim, por enquanto, o fim do mundo está previsto pela ciência para daqui a um bilhão de anos, quando o nosso sol começar a esgotar o seu combustível nuclear, ou quando por acidente algum cometa entrar em rota de colisão com a terra. No mais, todas as demais teorias ficam para que Hollywood, com seus efeitos especiais, fature milhões de dólares explorando o tema.

O final do mundo que se anunciou trouxe desesperança a muitas pessoas ao redor do mundo, levando a mesma angústia que acomete à alguém que sabe, por meio de uma sentença de morte, que tem os seus dias de vida determinados. No entanto, tenho alguns exemplos de pessoas que fizeram do anúncio da morte uma oportunidade de vingar-se dela, primeiro por juntar forças para lutar pela vida e, depois, quando desenganadas, levar esperança àqueles que eventualmente chorariam sua ausência. Essa proximidade com o inevitável os fizeram pessoas espiritualizadas, sejam elas cristãs ou não.

Frei Leonardo Boff
Dos ateus célebres, Oscar Niemeyer com o avançar da idade em sua biografia diz que “gostaria de acreditar em Deus”. Neste mesmo sentido, Darcy Ribeiro quando soube que o seu câncer era inoperável mandou chamar Frei Leonardo Boff e Frei Beto, porque queria ardentemente respostas sobre a existência de Deus. Conta Leonardo Boff que quando foi recebido por Darcy Ribeiro, ele declarou: "Boff, quero ter uma conversa metafísica. Quero abordar a questão da morte, o que vem depois da morte, e não tem nenhum interlocutor, entre os meus amigos, que possa sustentar o discurso que eu quero". Os amigos materialistas não poderiam consolá-lo, assim precisaria de alguém espiritualizado, pois ainda restava-lhe a lembrança da mãe que morreu cheia de fé e tranquila e diz: “eu invejo você (Boff), que é um homem inteligente e de fé. Eu não tenho fé. Como gostaria que fosse verdade". Porém, é bem verdade que também tenho exemplos de pessoas que enfrentaram um câncer, apegando-se firmemente na fé por causa da doença, mas quando curadas voltaram a sua mesquinhez e a viver por elas mesmas. Por enquanto todos nós teremos o nosso fim de mundo, não como comorientes, mas em nosso fim de mundo individual.
Darcy Ribeiro

Durante muito tempo eu dizia que chegávamos ao fim solitários, haja vista que por anos me perseguia a imagem da morte ilustrada pela música “Uma Ilha” (Une Île), que é cantada por Nana Mouskouri, no refrão que diz: “Ce serait là face à la mer immense / Là pour venger mes vengeances / Toute seule avec mes souvenirs / Plus seule qu'au moment de mourir”. Em minha livre tradução fica assim: “Isto será ali defronte ao mar imenso / Muito só com as minhas lembranças / ali para vingar minhas vinganças / Completamente sozinho, como no instante de minha morte”. A música toda é melancólica e retrata a desesperança esboçada na face da morte como o fim de tudo. A visão de estar completamente sozinho na hora da morte não era compatível com minha busca por respostas metafísicas, até que um amigo uma vez me disse: “você não está sozinho, porque o sacramento da comunhão, que é o Deus vivo, é acolhido no teu corpo, assim você nunca estará sozinho”. Desta forma, acredito que tenha encontrado a resposta que precisava e toda vez que recebo a comunhão, em minha oração particular digo sempre: “meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 27) e peço a Ele que aumente a minha fé.

O mundo da forma que nós conhecemos ainda persiste, assim como a esperança em nossos corações ainda vigora, por saber que nem tudo está resumido naquilo que é material aos sentidos humanos. Não sou um ser materialista, mas também estou muito distante de ser exemplo de fé, talvez jamais me transforme em um. Sou um profundo sabedor de quem sou e busco ser uma pessoa melhor, como se cada dia de minha existência fosse o último e a mim fosse necessário estar preparado para uma partida imediata. Assim, se vou a qualquer momento não preciso carregar-me de muitas coisas, sendo suficiente para mim minha dignidade, minhas lembranças e o amor a Deus. A vida é uma chama tênue, exposta as intempéries do mundo e dos homens. Não odeio a morte assim como não maldigo a vida.

Neste final de ano não há símbolo maior de esperança que a lembrança do nascimento de Cristo, pois agora sabemos, por meio dele, que a vida não se resume somente neste mundo.

Feliz Natal, feliz ano novo.

João Lago
Administrador e professor.

domingo, 16 de dezembro de 2012

As praias de Dubai

Em Dubai, face ao iminente esgotamento do petróleo previsto para menos de 20 anos, o sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, monarca do Eimirados Árabes Unidos, em seu projeto de transformar seu país em um paraíso turístico mundial, manda aterrar uma imensa extensão de mar em forma de palmeira, criando praias artificiais para dobrar sua extensão de litoral para abrigar turistas ávidos para conhecer o que a engenharia humana pode conceber como realização. No outro lado do mundo, diferentemente de Dubai que somente tem a oferecer petróleo, praia e deserto, em Manaus, no meio da maior reserva de biodiversidade do mundo, o “xeque” Amazonino Mendes manda aterrar a praia de Ponta Negra de forma a deixá-la perene, aumentando os dias de exposição de corpo moreno ao sol sobre a areia branca. Para quem não mora em Manaus, saiba que o rio Negro oscila em quase 15 metros, entre a vazante e cheia, escondendo as areias brancas da praia da Ponta Negra em boa parte do ano, ou pelo menos escondia.
Praias em Dubai em forma de palmeira


O projeto de aterramento da Ponta Negra foi chamado de “revitalização”, cuja palavra ironicamente incorpora o “vita” que em latim quer dizer “vida”, muito diferente do que se lê nos jornais locais, chamando a Ponta Negra de praia da “morte”. Isto porque, desde o aterramento 16 manauaras morreram afogados nas águas negras do rio, devido aos buracos traiçoeiros que se formaram na faixa rasa e submersa de areia. Assim, logo que começaram as mortes, criou-se o mito que, ao invés de vítimas, existiam na verdade potenciais suicidas que enchiam a cara de cachaça e seguiam para uma autoimolação voluntariosa simplesmente para “melar” um dia de lazer de sol e afastar os banhistas. No entanto, diferentemente disto, laudos do IML nem sempre comprovam a ingestão de álcool de banhistas adultos, sim porque quando são crianças os culpados são os pais que não cuidam de seus filhos como deveriam.

Existem semelhanças e diferenças entre Dubai e Manaus, sendo a parte igual a cobrança que a natureza faz das intervenções que o homem pratica no meio ambiente. Na ilha em forma de palmeira em Dubai, as correntes marítimas mudam a areia de lugar ao longo da costa, sendo necessário a constante recomposição da orla, além do fato que imagens de satélite apontam que a outra ilha artificial construída, em forma de mapa múndi, pode estar afundando devido ao quase completo abandono da obra desde a crise financeira que abalou o mundo a partir de 2008.

Em Manaus, ainda não está muito claro o motivo dos buracos abertos na faixa de areia submersa, mas um leigo pode prever que a natureza, com a própria força da correnteza do rio, pode mover areia, pedras e tudo mais que possa ser colocado em seu caminho. É bom que se diga que a maioria das vítimas do lazer da morte são gente de baixa renda, sendo essa a principal diferença entre as areias de Dubai e as de Manaus. Enquanto nas arábias o aterro foi feito para atrair banhistas endinheirados, aqui no Amazonas a frequência é de moradores da periferia, como uma das poucas alternativas de lazer barato disponível. Como resultado disto, a praia da Ponta Negra está interditada a espera da liberação de estudos e das obras que prometem resolver o problema.
Aterramento da Praia de Ponta Negra


Os Emirados Árabes Unidos são a denominação uma nação islâmica governada por uma família que é dona de tudo, mas que se mostra liberal aos costumes ocidentais devido ao projeto de turismo que visa substituir a receita do petróleo, mas não deixa de ser um país islâmico que pouca liberdade permite a quem se opõe ao governo. Assim, a vontade do Sheikh Rashid Al Maktoum é a que prevalece, ou seja, mesmo quando os engenheiros holandeses precisavam de tempo para concluir os estudos necessários para dar segurança ao projeto das ilhas artificiais, o soberano de Dubai mandou iniciar as obras. Os engenheiros ocidentais agiram como mercenários sucumbindo ao desejo da visão megalomaníaca do sheikh árabe, pois poderiam assumir que não se tratava de uma obra particular, mas de um projeto que afetaria toda uma população. Venceu a lógica do dinheiro e ninguém poderia dizer não ao monarca, pois afinal um rei não tem amigos, tem súditos.

No mundo ocidental, assim como no Brasil, alguns governantes após vários anos no poder acreditam ter poderes imperiais e, assim, não conquistam amigos, mas sim vassalos sempre prontos a dizer sim, desde que possam continuar na órbita do poder. Quando não são bajuladores, são mercenários, tais como gafanhotos que vem, devoram e vão embora. No entanto, no meio disto tudo está a população ordinária, que pode se revoltar por meio do voto nas nações democráticas, ou por meio de revoluções nos países árabes. Em Dubai o Sheikh controla a população com o seu projeto de governo de uma nação moderna e próspera, como uma joia do oriente médio. No Amazonas, o projeto de governo atualmente também se sustenta com grandes obras, também sob o mesmo apelo da modernidade e assim foi construída a ponte sobre o Rio Negro, os aterros dos igarapés sepultando as favelas sobre o leito dos rios e o aterramento recente da Ponta Negra. Todas são obras controversas, mas a que mais rapidamente demonstrou sua face negativa foi o aterro da Ponta Negra que convenhamos não surpreendeu porque era previsível. Do mesmo modo não é de surpreender que ninguém tenha aconselhado a não fazer, porque parece que se cercam de gente incapaz de dizer não, pois toda a lógica do poder no Brasil parece estar envolta para sustentar vassalos e mercenários, tanto faz que seja nas praias tropicais ou nas praias do Oriente Médio. Infelizmente essa gente de pouca qualificação, mas de alto poder de bajulação é que são chamadas para “colaborar”.

Dezesseis famílias choram a morte de entes queridos, todas vítimas de uma tragédia cujo o algoz é a nossa própria ignorância.

Prometo que até o Natal escrevo uma reflexão mais alentadora, isto se o mundo não acabar no próximo dia 21 de Dezembro.

João Lago
Administrador e professor

domingo, 9 de dezembro de 2012

Coleta Natal Sem Fome 2012

Nesse último sábado (8/12) moradores do Conjunto Santos Dumont, pertencentes a Comunidade Católica de São Marcos, percorreram as doze ruas do conjunto, batendo de porta em porta das 578 casas existentes pedindo alimentos não perecíveis para o Natal Sem Fome, que visa compor uma cesta de Natal que será entregue as famílias carentes cadastradas na comunidade.

Esta é terceira edição desta iniciativa que está se tornando tradicional e espelha a generosidade das famílias do Conjunto Santos Dumont, que independentemente do credo, sendo católico ou não, compreendem que esta iniciativa visa não deixar que famílias passem fome no Natal.

Neste ano em um dia de trabalho, iniciado às 9h da manhã até às 18h, foram arrecadados aproximadamente 270 kg de alimentos, conforme demonstrativo abaixo, que foi devidamente contabilizado pela equipe que se reversou na coleta dos alimentos.


Nossa campanha continua, pois a meta é arrecadar 500 kg de alimentos, então se você quiser colaborar basta entrar em contato conosco, por meio do e-mail: amipaz.manaus@gmail.com, ou levar diretamente sua doação a Igreja de São Marcos, que está localizada na Alameda Santos Dumont, S/N - Conjunto Santos Dumont, Bairro da Paz.

Agradecemos todos aqueles que já colaboraram, pois certamente essas famílias ficarão felizes por saber que o amor e a solidariedade existem e vem do teu coração.

Obrigado.

Comunidade Católica de São Marcos

















sábado, 1 de dezembro de 2012

CHAPA 2 - Carta aos Moradores do Conjunto Santos Dumont

Porque o outro aviãozinho voa muito baixo!
Caro(a) morador(a) do Conjunto Santos Dumont

É com muita humildade que volto a fazer contato contigo para falarmos de um assunto que com certeza não é do agrado de todos, que é a forma que está sendo conduzida a Associação de Moradores do Conjunto Santos Dumont. Já fiz parte da diretoria dessa associação e nossas ações estavam voltadas somente para o bem comum dos moradores e de suas necessidades, muito diferente dessa atual administração que está conduzindo nossa associação como uma propriedade de um grupo político-partidário. Nos oito anos que participei da diretoria, várias foram as conquistas para nossa comunidade, como por exemplo: a construção do complexo esportivo e da sede da associação, a iluminação nova no campo de futebol e das ruas do conjunto, colocação das pétalas de iluminação e nunca nós descuidamos de zelar pelo asfalto novo em nossas ruas, da poda das árvores, capinação etc. Sempre entregamos tudo isto graciosamente como parte de um dever nosso e não como moeda de barganha política, nem tão pouco tínhamos uma diretoria remunerada profissionalmente por político. Nossa isenção permitia que tivéssemos o domínio total da administração de nossas áreas próximas ao complexo esportivo e da praça de caminhada, mas hoje a realidade é outra e vamos explicar os motivos disto.

 Por mera politicagem, estão cedendo nossos espaços para os moradores dos bairros circunvizinhos sem que nós moradores sejamos consultados. Não que sejamos antissociais e antipáticos aos nossos vizinhos, mas antes de ceder é necessário que a comunidade do Santos Dumont seja convidada a participar da decisão. O que vemos hoje aqui é quase uma ditadura de uma cabeça cabeluda, que de forma onipotente toma decisões que visam agradar somente ao eleitorado de seu patrão político. A partir desta visão tosca, vemos nossos espaços sendo depredados, como por exemplo nossa praça de caminhada, além dos estado deplorável do campo de futebol e dos vestiários, que estão para cair de podridão e fedentina. As grades que foram colocadas no campo durante nossa administração estão sendo arrancadas e quase tudo que tinha de valor foi subtraído. Em nossa administração isto não acontecia, mesmo porque tínhamos a consciência de como foi muito duro construir um complexo tão caro para ser entregue e destruído por vândalos. Nossa praça de caminhada não é majoritariamente frequentada por moradores de nosso conjunto, o que deve instigar uma diretoria séria a estar atenta ao nosso patrimônio. Foram plantadas 120 árvores e quase todas foram arrancadas ou destruídas, o que é um absurdo.

 A atual administração (se é que pode ser chamada assim) está fazendo projetos que não são para ser usufruídos por nós moradores, como uma quadra de areia que só veio trazer prejuízo ambiental em nossa área verde. Não conseguem administrar um campo, vão criar outro para quê? Mera politicagem que nos transforma em uma Sucupira a mercê de um Odorico hirsuto. Ao contrário do que fazem hoje, preservávamos nosso patrimônio ecológico, tanto que transformamos todas as áreas remanescente em áreas verdes, bem como o bosque ao lado do antigo Impas para área de preservação permanente, para deixá-la intocável e assim ficará a depender de nós: uma mata intacta para um futuro bosqueamento, de forma que não se transforme em área isolada para vândalos e drogados. Dentro deste espírito de preservação da paz é que entramos com uma ação junto ao Ministério Público para que fosse paralisada a obra do buraco ao lado da pista principal, antes que esta atitude insana venha a causar mais problemas, já que o local não é adequado para fazer uma quadra de areia.

No próximo dia 02 de dezembro, amanhã domingo, será eleição para nova diretoria de nossa associação e estou novamente candidatando-me na companhia de outros moradores que irão compor uma chapa de oposição ao grupo político instalado em nossa associação. Pedimos novamente o teu voto de confiança e que a aceitação de nossa candidatura seja uma sinal de insatisfação e novamente colocar nossa balzaquiana associação na mão de todos os moradores do Conjunto Santos Dumont. 

Sinceramente,

DJALMA MONTEIRO CAVALCANTE
Morador apaixonado pelo Conjunto Santos Dumont

 Demais membros da Chapa 2
VICE-PRESIDENTE: DR. HORÁCIO ACÁCIO SEVALHO (Advogado e Físico)
1º- SECRETÁRIO: JOÃO LAGO (Administrador e Professor)
2º- SECRETÁRIO: GERALDO SOARES GOMES (Servidor Público Federal aposentado)
1º- TESOUREIRO: EDUARDO PEREIRA DE FREITAS (Engenheiro Civil)
2º- TESOUREIRO: OSMAR NONATO FILHO (Contabilista)

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Verdades e Mentiras: Eleição da nova diretoria da Associação dos Moradores do Conjunto Santos Dumont

A eleição acontece agora nesse próximo domingo, então é preciso que você saiba o que é mentira VIRTUAL, de gente que faz o seu escritório o FACEBOOK e o que é VERDADE do mundo REAL.

1) Iluminação da Praça: É mentira que tenha sido uma iniciativa deles, na verdade quem acompanha o Blog da Amipaz sabe que a iluminação, assim como as diversas vezes que se foi necessário capinar nossas áreas públicas
, fizemos solicitações por meio do vereador Gilmar Nascimento, que faz parte de nossos amigos colaboradores, sem que necessariamente façamos campanha para ele, simplesmente porque sabe que é papel do parlamentar (principalmente um vereador), estar atento as demandas da população. Não foi nenhum deputado, tão pouco nenhum de seus vassalos que solicitou a iluminação da praça.

2) Presença da Policia Militar na Sede da Associação: O décimo sétimo CICOM (sede da policia local) está em reforma, então foi pedido pelo comando da policial militar a cessão do espaço, ou seja, isto caiu no colo de quem estava postando fotos no FACEBOOK. Ora, qualquer um de nós, ou mesmo até um indivíduo provido de pouca inteligência não seria estúpido bastante para dizer não, pois sequer poderia dizer isto.

3) Que o nosso conjunto está melhorando: Outra grande mentira, haja vista que as únicas decisões que foram realmente da lavra de quem está pela internet postando fotos de si mesmo, foi um buraco imenso na margem de nossa avenida principal, arrancado árvores e sem sequer ter consultado em assembleia nossa comunidade. Na verdade, desconfia-se que indivíduos estejam fazendo campanha de si mesmo junto aos bairros circunvizinhos, querendo votos em uma eleição para vereador/deputado, haja a vista a partidarização e a campanha diuturna que fazem para certos políticos em suas ações.

4) A Associação dos Moradores realmente existe? Não, a associação funciona de forma virtual, por meio de grande campanha partidária/pessoal, de culto a pessoa, no melhor estilo de Joseph Goebbels (vou dar um pouco de trabalho para eles pesquisarem quem foi Goebbels). O estatuto não foi renovado e sequer aquele que se diz presidente tem o seu nome registrado no cartório. Ou seja, é uma associação de faz-de-conta com o único propósito de promoção política.

5) Prestaram contas das receitas e gastos havidos? Existia um site da associação no qual foram postadas diversas fotos do carnaval no campo no qual foram colocadas barracas. Hoje eles tiraram o site do ar, mas em uma dessas fotos vê-se um membro da diretoria contando dinheiro. O que foi feito desse dinheiro? E as barracas, como foram cedidas? Foram as barracas vendidas? Isto tudo não se tem resposta. Apesar dele(s) ter(em) tirado o site do ar, nos baixamos a foto da qual estamos falando e a temos guardada em arquivo.

6) Há participação dos moradores nos atos administrativos da Associação? Outra grande mentira, pois em dois anos em que estiveram na internet, nenhuma REUNIÃO ORDINÁRIA foi feita com os moradores. Talvez ele(s) não saiba(m) a diferença de eleição ordinária para extraordinária, e possa até dizer que as reuniões que foram feitas em prol da segurança foram reuniões ordinárias. Convenhamos, essas reuniões somente ocorreram quando a Amipaz começou a denunciar os inúmeros assaltos ocorrendo dia e noite no conjunto e quando ameaçamos nós mesmos realizar as reuniões.
Arrecadação de dinheiro sem prestação de contas

Meu amigo, se você realmente quer dar um basta nisto, primeiramente compartilhe esta nossa mensagem, depois diga para si mesmo: Chega de molecagem com a Associação de Moradores do Conjunto Santos Dumont.

domingo, 18 de novembro de 2012

A guerra no trânsito assusta


De primeiro de janeiro a vinte e cinco de outubro de 2012, portanto em dez meses, morreram em Manaus 197 pessoas vitimadas por desastres de trânsito ou atropelamentos. É um massacre! É uma guerra!

Se pensarmos em quantos ficaram feridos e em quantos estão marcados por deficiências físicas, o quadro assusta e assusta mesmo. O que acontece em nossa cidade se repete em todo Brasil e em todo o mundo. Foi esse o motivo pelo qual, em 2005, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o terceiro domingo de novembro como o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Trânsito.

Temos hoje, como consequência, oportunidade de relembrar parentes que morreram ou se feriram no trânsito em situações que, na maioria das vezes, poderiam ser evitadas. É dia de mostrar respeito e solidariedade as famílias que sofrem essas perdas.

Como hoje, certamente no Dia de Finados houve mães, pais, parentes e amigos que choraram entes queridos ceifados por motoristas embriagados ou enlouquecidos pela mania de velocidade. Os jornais noticiam com frequência indesejada jovens que se arrebentam em postes, árvores ou em carros capotados. Vidas, que começaram a desabrochar, são violentamente arrebatadas de nosso meio. Com o aumento do número de motocicletas, o quadro de desgraças duplicou.

Um médico afirmou há pouco tempo que os desastres de trânsito limitaram o número de leitos hospitalares destinados a pacientes de outras enfermidades. Sai de nossos bolsos o dinheiro gasto pelo governo para acudir às vítimas. É uma despesa que aumenta de maneira espantosa. Chegou a hora de gritar pela paz em nossas ruas, avenidas e estradas.

O trânsito é um problema de educação que precisa ser enfrentado com força. Felizmente, aparecem sinais positivos de que avançamos. O respeito aos pedestres, que passam pelas faixas a eles destinadas, chama a atenção pela rapidez como entrou no comportamento dos motoristas de Manaus. Se conseguimos isso, por que não avançar mais na responsabilidade de que dirige e de quem anda pelas ruas?

Deus é o Deus da vida e nos quer defensores e promotores da vida. É questão de acreditar.

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus  

sábado, 17 de novembro de 2012

A VEZ DOS PLAYBOYS NA CADEIA (perdeu playboy, perdeu!)


Eu não gostaria de escrever sobre isto, pois nesta semana os jornais nos massacraram exaustivamente com essa declaração do ministro da justiça de Dilma, José Eduardo Cardozo, quando disse que preferia morrer a cumprir pena nas prisões brasileiras. Isto é uma verdade, as péssimas condições do sistema carcerário brasileiro, que nada devem as masmorras descritas por Alexandre Dumas no início do Século XIX. Muito se fala em direitos humanos e o papel ressocializador que o cárcere deve cumprir a um apenado, mas cadeia foi feita para pobre e quando, por acaso, um rico é encarcerado não é feito sem aprovação unânime da opinião pública, pois em geral é pela prática de crime de atentado contra a vida (por exemplo: Suzane von Richthofen, o casal Nardonni, Elize Matsunaga). Faltava, neste contexto, enviar para cadeia banqueiros e políticos pelo crime de colarinho branco e outras personalidades que costumeiramente frequentavam as colunas sociais.

José Cardozo sabe que não existe “cadeia para rico”, pois cadeia é cadeia ruim em todo o Brasil. No entanto, lembrei-me de Pablo Escobar, bilionário traficante colombiano e dublê de político (chegou a ser eleito parlamentar) que só foi para a cadeia depois que mandou fazer uma especialmente para ele, onde escolheu o local da construção e até fez a seleção dos carcereiros, isto tudo para não ser extraditado para uma prisão nos EUA (bem melhores que as brasileiras). O presídio era um primor e bem diferente daqueles existentes na Colômbia. Na verdade, tudo era uma farsa, um pano de fundo para diminuir a pressão estadunidense sobre a Colômbia no combate ao tráfico internacional de drogas, já que naquela época 80% da cocaína produzida na Colômbia tinha destino certo o território norte americano. Pablo Escobar queria sair de cena, mas para voltar depois, então não poderia ficar recluso em qualquer cadeia.

A realidade de José Dirceu, e dos demais condenados a mais de oito anos, é que devem passar uma temporada em regime fechado, amargando alguns anos como inquilinos do péssimo sistema carcerário brasileiro, a menos o governo comece a preocupar-se em construir também cadeia para rico. Sim, porque sabemos que existem alternativas para quem tem dinheiro para outras necessidades e que passam bem longe do que é “disponibilizado” para o brasileiro ordinário. Assim, se sentem um dor de barriga, vão faceiramente para o Sírio Libanês, ou Copa D'or, a depender do bolso, ao invés de buscarem o SUS – Sistema Único de Saúde. Quando suas filhas e mulheres vão parir, o fazem nas melhores maternidades e hospitais e não sabem o que é uma mulher batendo as portas das maternidades e hospitais a procura de vaga de internação. Nessa última quinta-feira mesmo (15/11), no Distrito Federal, uma mulher deu a luz dentro de uma viatura policial, minutos depois de ter sido recusada em uma maternidade da periferia de Brasília. Aqui em Manaus não é diferente e posso dizer que sou testemunha ocular disto, no trabalho de acompanhamento que fiz com mulheres atendidas pela ONG que até este mês fui administrador.

Quando os filhos tem que ir a escola, os enviam para as melhores colégios do Brasil, ou no exterior e jamais pensariam em matriculá-los em qualquer escola pública de ensino fundamental e médio. Enquanto isso, produzimos em nossas escolas indivíduos que crescem como analfabetos funcionais, pois sabem ler e escrever, mas não sabem interpretar nem compreender o que leem. Não é por acaso que a universidade pública é um celeiro de filhos de ricos, nascidos na classe média para cima e nas faculdades particulares, em sua maioria, os filhos da escola pública.

Roberto Gurgel - Procurador Geral
Embora tudo que eu escrevo aqui são coisas mais que evidentes, ou seja, que os serviços públicos um dia só serão de bons quando forem feitos para todos, não somente para pobres, ainda assim o discurso do ministro José Cardozo é carregado de significado, justamente para que este julgamento do mensalão não seja algo excepcional, ou de conveniência política como afirmam algumas vozes do governo Dilma e PT. Sinceramente acho que sim, corre este risco, pois somos nós testemunhas ocular da história de nossa jovem democracia, e bem me lembro de Geraldo Brindeiro, chamado de “Engavetador Geral da República”, no mesmo papel executado pelo sósia de Jó Soares (o procurador Roberto Gurgel) que engavetou 242 inquéritos criminais que recebeu, arquivou outros 217 dos 626 que recebeu. Somente 60 denúncias foram aceitas por ele. As denúncias pesavam sobre 33 senadores, 194 deputados, 11 ministros e quatro sobre o próprio presidente FHC, no que se refere a compra de votos para sua reeleição. Talvez se este processo contra FHC tivesse sido aceito, não haveria Marcos Valério e os demais operadores do mensalão, pois sabemos que desde aquela época que deputados trocavam votos por dinheiro. A certeza da impunidade é que fez chegarmos ao nível de corrupção que temos hoje em nossa sociedade.

A questão que precisa ser respondida é se teremos continuidade em todas essas investigações, desmantelando e mandado para cadeia também os outros envolvidos em outros mensalões, como o do PSDB em Minas, do DEM no Distrito Federal, e todos os outros caixas dois que são rotineiramente evidenciados nos jornais.

Seria péssimo para democracia brasileira se este julgamento entrar para história não como o início da punição exemplar dos crimes de colarinho branco, mas como um julgamento de conveniência política que se encerra aqui. Seria triste constatar que o julgamento do mensalão veio do desejo particular de umas poucas cabeças e não da inspiração do desejo de mudanças da esmagadora maioria do brasileiros.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Conflitos e intolerância religiosa


A primeira página do sábado, assim como a edição eletrônica deste domingo do Jornal A Crítica de Manaus, ambas abordam problemas que seguidores de denominações religiosas tiveram, no que se refere ao respeito à liberdade individual de crença religiosa, quando esta conflita com o interesse de uma maioria.

O primeiro problema diz respeito a recusa de alunos evangélicos da rede pública em fazerem um trabalho sobre a cultura afro-brasileira sobre a “Preservação da Identidade Étnico-Cultural Brasileira”, por interpretarem que isto seria fazer apologia ao “satanismo e ao homossexualismo”, prática contraria as crenças deles. A outra desavença ficou por conta da prova de vestibular da Universidade do Estado do Amazonas – UEA que acontece no sábado e, portanto, choca-se com dogmas de igrejas que têm esse dia como sagrado, cuja orientação é abster-se de qualquer ato que possa ser considerado “trabalho” do anoitecer de sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado. Fazer prova, ou assistir aula na faculdade sábado, ou sexta-feira à noite seria uma grande ofensa a Deus, segundo os dogmas dessas igrejas sabatistas. Por causa disto, para não se criar uma prova de vestibular exclusiva para essa minoria, a solução foi fazê-los entrar na sala de exame no mesmo horário dos outros candidatos e fazê-los esperar, sem qualquer contato com o mundo exterior, até o anoitecer do sábado para enfim entregar-lhes a prova.

Alguns dos vestibulandos sabatistas reclamaram que ficaram confinados por horas sem direito a beber água ou comer, sendo o motivo de algumas desistências. Na visão dessas pessoas, acreditaram que foram discriminadas, mesmo sendo de conhecimento prévio que assim seria o vestibular para eles, haja vista que a regra está prevista no edital e não se precaveram levando consigo alimentos ou água de beber.

No caso do alunos que se recusaram a fazer o trabalho de história, também não aceitaram ler, orientados por seus pastores, obras como O Guarany, Macunaíma, Casa Grande Senzala, sob alegação que os livros versam sobre a pederastia, ubanda e candoblé, causando reação imediata de grupos de defesa de direitos gays e da cultura afrodescendente.

Ambos os casos são exemplos de intolerância recíproca entre grupos, que não se respeitam e querem impor seus conceitos, ou fazer crer que o brasileiro deva ser patrulhado ideologicamente sob o pretexto de alcançar a paz social. Isto me faz lembrar sobre a polêmica da retirada de repartições públicas todos os crucifixos, com a justificativa de que o Estado é laico e, portanto, não deve exibir símbolos religiosos. Ora, apesar de laico, um Estado constrói sua identidade como nação por meio de uma cultura própria, que pode sofrer influências de outras culturas, como: europeia, africana e indígena, até que uma cultura hegemônica venha compor a maioria, como é o caso de uma cultura cristã europeia, que acabou transformando-se no modelo de sincretismo religioso brasileiro, que é um belo exemplo de convivência pacífica entre as matizes religiosas africanas e europeia. As obras literárias citadas acima, que agora estão proscritas pelo obscurantismo de alguns religiosos, abordam justamente a diversidade étnica e cultural do Brasil.

Os alunos do ensino médio perderam a oportunidade de aprofundar o conhecimento por meio da construção de uma visão crítica dos fatos, na qual não necessariamente devem concordar com tudo aquilo que é exposto, perdendo a oportunidade de expressar sua liberdade de expressão. Um professor consciente e isento de tentar impor ideologia não consideraria uma crítica como fuga do tema.
Quanto aos sabatistas, não é adequado transferir para os outros o ônus de sua opção religiosa, porque não seria coerente, mesmo porque não seguem todas as regras de comportamento e de higiene descritas no velho testamento. Se querem seguir a risca a lei de Moisés, sugiro que leiam Levítico 15 que é um verdadeiro compêndio do que pode e o que não pode. Em uma sociedade arcaica, sem a medicina moderna, seguir essas regras fazia sentido, porque era uma orientação de como preservar a saúde e sobreviver em um mundo sem antibióticos, vacinas etc.

Quando usamos nossa fé para realmente agradar a Deus no que Cristo deixou como orientação, considerando as críticas que fez aos doutores da lei que o acusavam de heresia, veremos que ao cristão simplesmente se pede que ame ao próximo como a si mesmo. Isto só basta para que não se mate e furte, que se honre pai e mãe, não se diga mentiras sobre quem quer que seja, não se explore o trabalho sem dias de descanso, que não se traia quem nos ama e, principalmente, que não use o nome de Deus em vão para justificar intolerâncias que contradizem o amor de Cristo.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont

domingo, 11 de novembro de 2012

Igreja de São Marcos amanhece alagada neste domingo

A Igreja Católica de São Marcos nesta manhã amanheceu alagada devido a chuva contínua que cai sobre Manaus desde a madrugada de hoje.

Devido ao forte vendaval ocorrido há poucos dias atrás, que danificou o telhado da igreja, várias telhas que foram repostas apresentam problemas, haja vista a idade avançada do telhado, sendo necessário uma urgente reforma em toda sua extensão.

O montante para a reforma do telhado está orçado em aproximadamente R$ 10.000,00 (dez mil reais), que pode aumentar ou reduzir a depender das condições da estrutura da madeira na qual as telhas estão fixadas.

Apesar do espelho d'água que se fez em toda a extensão da Igreja de São Marcos, ainda assim a missa dominical aconteceu normalmente, mas na sala anexa a sacristia, menos atingida pelas goteiras que se formam em vários pontos da igreja. Padre Gilson celebrou a Eucaristia, e todos aqueles que foram até a igreja e permaneceram, puderam cumprir sua obrigação religiosa deste domingo.

As obras de reforma do telhado estão previstas para acontecer a partir desta semana, na qual a comunidade espera que se solucione o problema por mais alguns anos, ou, pelo menos, até que não se abata sobre Manaus outro forte vendaval, algo que está se tornando rotineiro em nossa cidade.









segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Carta a Arthur Virgílio Neto


Caro Arthur Virgílio Neto

Primeiramente gostaríamos de parabenizá-lo por tua decisão de enfrentar o grupo político de Eduardo Braga, sendo tua vitória o entendimento do manauara em escolher, dentre todos aqueles que se identificam como oposição, o mais capaz para conduzir uma forma de governar diferente para a nossa cidade. Desejamos uma administração que seja transparente em seus gastos públicos, em suas licitações, em suas obras, todas voltadas ao interesse público e não para favorecer interesses de grupos financeiros, ou mesmo dirigida ao populismo do voto fácil.

Aguardamos que as primeiras declarações de teu governo sejam dirigidas a reafirmação de valores como: Honestidade, honradez, equidade, impessoalidade e, principalmente, intolerância a qualquer tipo de desvio a esses princípios fundamentais. Além disto tudo, o manauara possui majoritariamente uma ideologia cristã, que por si só traz consigo outros valores fundamentais como solidariedade, fraternidade e a defesa da vida em toda a sua complexidade. Não só por isso, ou por causa disto, que o amor a Deus e a rejeição ao aborto tenham sido utilizados como critério de peso na escolha de um político que se identifique com a fé manauara. Muitas vezes, o político eleito esquece de todos esses princípios e se deixa seduzir pelas vozes que aliciam e pregam justamento o contrário.

Recentemente o prefeito Amazonino Mendes deu declaração que Manaus é uma cidade difícil de governar, porque são muitos os desejos de grupos que conflitam com o interesse público, sendo estes que tornam Manaus ingovernável. Realmente Amazonino tem razão dentro de sua ótica de governar, porque muitos dos desmandos e das tragédias urbanas que vemos em nossa cidade são justamente derivadas da leniência do poder público à pressão de determinados grupos nesses trinta anos de governos desastrosos. Neste aspecto ele tem muita experiência nisto, além de outras defecções que o fizeram um homem rico.

Agora, como organizar o transporte público, se os donos (ou o dono) dos ônibus têm interesses contrários e trabalham contra qualquer tentativa de melhoria?

Como organizar o trânsito, se mesmo o manauara médio que diz desejar mudanças não abdica de sair de casa sem o carro? Estaria esse manauara disposto a migrar para o transporte público de massa?

Como organizar o centro da cidade, se os “informais”, que não pagam impostos e vendem produtos piratas ou contrabandeados, acham-se no direito a continuar na ilegalidade, concorrendo de maneira desleal com aqueles que montam o seu negócio de formar regular e dentro da lei?

Como cuidar da saúde em uma cidade que não há coleta de esgoto, quando sabemos que uma das maiores causas de mortalidade infantil é a diarreia pelas péssimas condições sanitárias de comunidades periféricas?

Como agir com vereadores viciados pelos governos anteriores, afeitos a jogar para a plateia, mesmo que seja em detrimento do interesse público, como por exemplo: aprovar serviço de mototáxi colocando risco a vida de pessoas que buscam solução de locomoção em um trânsito caótico e com péssima alternativa no transporte público, sendo o que mais vemos todos os dias nas ruas são motos e gente estatelada no chão?

Como prover educação de qualidade na periferia, quando a carreira de professor não é valorizada, nem respeitada como essencial no fator mudança da sociedade, com tantas escolas sem infraestrutura adequada, ou com falta da merenda escolar, ou mesmo de materiais para a condução de uma trabalho de docência de qualidade?

São muitas as perguntas que merecem uma resposta, mas neste pleito não foram discutidas em profundidade propostas que possam dar solução a todas essas inquietações, que são urgentes e legítimas do povo manauara. Portanto, não esperamos um prefeito que não venha a agradar a todos, tão pouco um que seja campeão de popularidade, principalmente quando iniciar chocando-se com interesses particulares. Todavia, paradoxalmente o apoio popular virá quando for entregue uma parte do que foi prometido em campanha: Um transporte descente e de qualidade, as creches para nossos filhos, a água nas torneiras de quem não tem e um centro limpo, organizado, não só para o turista, mas para os manauaras. Os demais compromissos assumidos queremos que sejam cumpridos, também como forma de resgatar a credibilidade das promessas de campanha, para que não pareça que novamente fomos enganados em mais um estelionato eleitoral, no qual o atual prefeito poderia ser considerado filho de Gepeto, com um enorme nariz e cara de pau.

Por último prefeito, não elegemos o político do PSDB paulista, alinhado com o pensamento hegemônico do sudeste, mas elegemos um político manauara que esteja atento aos interesses desta terra, que lhe presentou com 603.483 votos de confiança.

Desejamos-lhe Arthur Neto todo sucesso como prefeito de nossa cidade, ao mesmo tempo que nós manauaras ficaremos atentos para cobrar que esses próximos quatro anos sejam o início de uma verdadeira mudança, na forma tratar a coisa pública, na maneira de pensar o bem comum.

João Lago
Administrador e professor.

domingo, 21 de outubro de 2012

As vésperas da correção de um grande erro


Estamos a sete dias de corrigir um grande equívoco, que foi deixar momentaneamente Manaus, ou melhor dizendo o Amazonas, sem uma forte oposição ao grupo liderado pelo senador Eduardo Braga.

Tenho amigos paulistas, dentre eles meus queridos Luiz Gibello e Elias Mangerona (que receberão esta reflexão), que acompanharam-me e foram testemunhas de debates políticos acalorados, nos quais sempre posicionei-me contrário a política elitista do PSDB paulista, a qual não desejava vê-la novamente como hegemônica no plano nacional, pois bastaram para mim os anos de FHC. Não mudei muito minha opinião sobre Fernando Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin, principalmente quando ouvia declarações de gente que a eles seguiam em demonstração de ódio ao imigrante nordestino, ao pobre iletrado como se esses fossem causadores de todas as mazelas brasileiras, quando na verdade esses sempre foram vítimas de maus políticos. Certamente odiar pobre e nordestino não é o posicionamento político-ideológico do PSDB paulista, mas alguma coisa estava errada quando eles conseguiam inspirar gente que pensava desta maneira, como Jorge Bornhausen do PFL (hoje DEM) quando declarou: "Vamos nos livrar dessa raça por uns 30 anos" (leia mais sobre Bornhausen e seus laços com o PSDB em: http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=433 ). Assim, durante os sete anos que morei em São Paulo, politicamente eu era uma voz dissonante entre vários que apoiavam os políticos do PSDB paulista.

Quando morei em Minas Gerais, o PSDB mineiro de Aécio Neves não conseguia grande espaço nacional, mesmo porque o lugar majoritário parece ser destinado aos paulistas, mais precisamente entre Serra e Alckmin, que fazem um revezamento quando o assunto é eleições presidenciais. Lembro-me que dizia que a única chance de Aécio Neves concorrer a presidência da república seria ele cambiar para o PMDB do avô Tancredo Neves, pois enquanto permanecer atrelado ao PSDB será visto pelos paulistas como um mero político regional. A propósito disto, no jornal A Crítica de Manaus traz a notícia que Aécio Neves virá à Manaus para o comício de Arthur Neto do dia 24 deste mês, no qual emprestará o apoio ao ex-colega senador e, principalmente, declarando que: “Você terá aqui nos seus companheiros do Senado da República, parceiros de todas as horas que compreendem a importância da Zona Franca de Manaus como um dos mais importantes instrumentos de desenvolvimento econômico deste país”. Seria impensável esta frase ser proferida da boca de Serra e Alckmin, pelo fato do tanto que a Zona Franca de Manaus incomoda o empresariado paulista, grande financiador do PSDB.

Visão parcial da ponte sobre o Rio Negro em seu vão central 
Voltando para o meu quintal, no qual finquei meus pés ao retornar para Amazonas em 2007, tive a infelicidade de presenciar no meu estado o crescimento de uma política ao estilo do Malufismo paulista, do “rouba, mas faz”. Hoje mesmo, a notícia estampada nos jornais é que a Polícia Federal visitou novamente condomínios de luxo na Ponta Negra (bairro nobre de Manaus), fazendo busca e apreensão de documentos que supostamente podem comprovar o pagamento de mais de R$ 10 milhões em contratos publicitários fraudulentos em nome de “laranjas” no governo de Eduardo Braga. Uma das casas visitadas pela Polícia Federal foi a de Hiel Levy, que foi secretário de comunicação na gestão de Braga, hoje senador e autor de grandes obras, como a ponte sobre o Rio Negro, que foi orçada inicialmente em R$ 574,8 milhões, mas que ao final da obra custou R$1,091 bilhão. Erro de previsão igual a este somente aquele das pesquisas que diziam que Vanessa Grazziotin estava tecnicamente empatada com Arthur Neto no primeiro turno. É tão absurdo este valor pago na ponte que uma outra de 42 km construída sobre o mar da China, na mesma época custou US$ 35 mil por quilômetro construído, enquanto que a ponte Baré foi paga em US$ 154 mil o quilômetro (*), em pouco mais de 3 km de extensão. Será que o “custo Brasil” é capaz de encarecer tanto assim uma obra? Em todo caso existiu uma clara afrontação a Lei 8.666/93, na qual obras não podem ter uma variação de valor acima de 25% do orçado, que é plausível.

Vanessa Grazziotin, que venceu Arthur Neto para o senado com apertada margem votos, sendo notório que a diferença que a fez vencedora foram os votos do interior do Amazonas, no qual ainda se encontra a figura do “coronel de barranco”, dono político da consciência de um povo desinformado e subserviente. O cacique mor desta vitória de Vanessa para o senado foi Eduardo Braga, que contou com a ajuda de Lula que deseja metaforicamente “varrer” Arthur Neto da política, da mesma forma que Bornhausen disse querer varrer o PT e os “incultos pobres e nordestinos que o apoiam” do cenário político-nacional. As duas formas de fazer política são abomináveis!

A beleza da democracia está na possibilidade da existência de uma oposição e os povos democraticamente evoluídos, que tem consciência deste mecanismo, o sabem utilizar muito bem. Ainda não chegamos neste estágio, pois sequer conseguimos evitar os fichas-sujas, quanto mais usar a democracia a nosso favor. Ou seja, precisamos novamente de equilíbrio das forças políticas no Amazonas, para demonstrar que não somos um grande curral de Eduardo Braga e que estamos acompanhando as visitas VIPs da Polícia Federal e atentos a todas as notícias de jornais, que certamente ainda irão surgir para demonstrar o quanto o poder pode corromper quando entregue em mãos erradas.

Resumindo, Manaus não é Coari(**).

João Lago
Administrador e professor

Notas: 
(*) pela cotação do dólar no dia da inauguração: 24.10.2011