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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Depoimento pessoal: Dengue, ninguém merece...



Querida leitora, estimado leitor,

Somente hoje posso dizer que cheguei ao ano de 2011, pois por mais que tenha recebido de bom grado todos os votos de “muita saúde”, até mesmo os de “muita paz”, ainda não me havia encontrado com o ano novo.

A saúde se foi na picada de um inseto minúsculo e a paz não veio, porque essa doença nos coloca em estado de sofrimento contínuo, em várias etapas como se fossem muitas doenças a sucederem-se em nosso corpo, minando o ânimo, as forças, levando a depressão. Primeiro vem a febre e as dores de cabeça, seguido por dores pelo corpo. Depois de três dias com esses sintomas, perde-se completamente o sabor pela comida, pois um amargo na boca transforma tudo o que comemos. Até a maldita Coca-cola gelada, cujo vício é de difícil desapego, transforma-se em uma bebida amarga e repugnante, semelhante talvez à água com sabão gaseificada. Pizza, que pensei talvez pudesse redimir meu paladar, transformara-se em pedaço de isopor com orégano.

Depois de cinco dias, a febre pára, ficando somente as dores pelo corpo e a cefaléia, dando uma falsa impressão que está terminando, mas é quando inicia um outro ciclo da doença, certamente o período de maior perigo. A pele fica toda avermelhada e uma coceira instala-se pelo corpo, justamente é quando pode ocorrer a dengue hemorrágica, que é o sangramento nos órgão internos. Meu nariz sangrou, porque a mucosa nasal fica extremamente seca, assim como uma vez senti gosto de sangue na boca, que na madrugada levou-me ao pronto-socorro para refazer o exame de sangue, para ter certeza que ainda tinha níveis normais de plaquetas, imprescindíveis para que o sangue coagule e impeçam sangramentos.

Não existe medicação para dengue, apenas cuidar para que o corpo não desidrate, pois é normal ocorrer vômitos e diarréias na fase inicial, e disto eu também não escapei. É necessário repouso, bastante vitamina C e complexo B, para ajudar no reforço do sistema imunológico e só. Rezar também ajuda, principalmente nos momentos de depressão, pois os mais fracos para o sofrimento como eu, podem até chegar a pedir uma morte rápida. É tanta dor, que em dado momento pensei que nem aquele sujeito pernóstico, lazarento, medíocre e estúpido merece tamanho sofrimento. Ninguém merece a dengue, nem aqueles que se colocam como nossos inimigos. Nem eles!

Fora o tom jocoso e de brincadeira desse último parágrafo, a dengue é uma coisa séria e que pode matar. Não foi somente eu que tive dengue, minha esposa também teve, além dos meus dois vizinhos laterais que adoeceram primeiro, evidenciando a existência de um foco do mosquito nas proximidades. Saímos a caça do mosquito, procurando locais de água parada, espalhando inseticida pela casa. Isto tudo ajuda muito, mas o combate a dengue deve ser coletivo, pois o mosquito pode estar proliferando na casa ao lado, na sujeira em frente, principalmente quando se tem tantos locais que acumulam lixo. Saia a rua e olhe ao redor e verás que isto não é de difícil constatação. Copos, garrafas, restos de materiais de construção, piscinas desativadas e não cobertas, vasos de plantas, tudo deve ser revisado e o povo reeducado no combate ao mosquito da dengue. A nosso pedido o “fumacê” passou em nossa rua nesta semana, mas isso resolve muito pouco, dada a grande mobilidade do mosquito e o grande potencial de reprodução. Combate local e persistente é o que dá maior resultado. O principal vilão não é o mosquito, mas a nossa própria ignorância, indiferença e falta de educação.

Estaremos promovendo para os próximos dias, juntamente com alguns amigos, uma visita a SEMSA, pois é nossa intenção fazer uma campanha de esclarecimento sobre a dengue, promovendo um mutirão de limpeza em nossa praça, notificando os moradores do Conjunto Santos Dumont a olhar com mais carinho o quintal de sua casa. Afinal, dengue não é que nem sarampo e catapora, que se tem somente uma vez. Pelo contrário, quem já teve corre muito mais risco de contrair a forma mais grave da doença (hemorrágica) do que aquele que nunca teve. E que Deus nos proteja da Dengue tipo-4, já registrada em Manaus, provavelmente vinda de Roraima, que é a forma mais virulenta e perigosa dessa doença.

Segue abaixo matéria publicada no Diário do Amazonas que coloca o Estado do Amazonas em grau de alto risco de epidemia de dengue, além de materia publicada no jornal A Crítica relatando a primeira morte em Manaus por dengue hemorrágica, portanto este assunto merece toda nossa preocupação.

Grande abraço,

João Lago

Nota: João Lago é administrador, professor universitário e morador do Conjunto Santos Dumont



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