Mais dois dias e
entraremos em 2013. O dia primeiro de janeiro sempre é data
significativa porque carrega a euforia de julgar que tudo começa de
novo. Por isso mesmo abre espaços para cumprimentos e desejos de
felicidade. Além disso, nele celebramos o Dia Mundial da Paz e a
festa da Santa Mãe de Deus.
Parece coisa de
crédulo, mas é também ocasião para muitas superstições
curiosas, respeitadas por não poucas pessoas. Por exemplo, comer
carne de ave ou animal que cisca para trás faz piorar de vida.
Deve-se usar carne de animal que fuça para a frente, porque traz
progressos. A lentilha na refeição abre caminhos para ganhar muito
dinheiro. A roupa branca afasta azar e promete paz.
As superstições,
embora atestem fraqueza de espírito e pequena ou nenhuma confiança
em Deus, indicam as preocupações que assaltam o cidadão comum no
princípio do ano. Primeiramente, temos enorme curiosidade em saber o
que nos acontecerá nos próximos doze meses. Essa curiosidade chega
a ser tamanha que se consultam videntes, cartas, búzios e companhia
ilimitada. Agradecemos a Deus que o futuro nos é desconhecido
porque, abusando das palavras de um amigo, se soubéssemos o que
passaremos, morreríamos de susto. Os caminhos divinos são sábios.
As amarguras da vida
chegam aos poucos e as vamos engolindo e, quando percebemos,
atravessamos momentos considerados impossíveis de superar. É melhor
deixar as coisas como estão e moderar a curiosidade. Dessa história
de aves e animais ciscadores para trás, vê-se medo de experimentar
a decadência. Dentro de cada ser humano existe o desejo de
progredir. Se para alguns a decadência significa fracassos, para
outros foi oportunidade de vitórias decisivas. As riquezas (a
lentilha) só têm valor quando vistas e tratadas como instrumentos
de viver bem e ajudar os outros a viverem bem. Agora, a paz, essa sim
deve ser buscada com insistência. Sem ela pouco valem dinheiro,
saúde e sucesso. É essencial que ela comece pela própria paz
pessoal. Ninguém é feliz se estiver mal consigo mesmo.
Neste início de ano
coloquemos entre nossos desejos a paz. “O senhor volte para ti sua
face e te conceda a paz” (Nm 6, 24-26).
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
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