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domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Alarma das Chacinas

Vivemos dias de Caim, o irmão que matou o irmão. Cresce assustadoramente o número de crimes causados pela busca de dinheiro, pela cobiça de herança e por mil outras razões. O que se vai tornando banalidade no resto do Brasil começa a acontecer entre nós. Filhos assassinam seus pais, dependentes de drogas agridem fisicamente suas mães. Irmãos brigam com irmãos por causa dos bens paternos. Alguns chocam com a opinião pública e ocupam páginas e páginas de jornais, os noticiários televisivos e radiofônicos. Infelizmente, depois do impacto inicial, vão eles para a lixeira do esquecimento.

Os estudiosos costumam dizer que os autores de tais crimes (os mais violentos) têm perfil doentio e são influenciados por fatores internos como a mágoa e o desejo de vingança ou por fatores externos, como o atrativo de vida luxuosa e drogas. O galho é que esse tipo de crime se torna frequente demais e mostra só a ponta de um iceberg de egoísmo e de mesquinharias que desgraçam a sociedade.

Está na hora de perguntar qual a causa de fundo que provoca atitudes horríveis, nojentas e sanguinárias. Não seria acaso o tipo de sociedade que se construiu sobre o desejo insaciável de comprar, comprar e comprar para ter, ter e ter? Criaram-se e criam-se necessidades sempre novas que, aliadas à publicidade bem feita, empurram-nos à loucura de colocarmos a felicidade em adquirirmos coisas. É uma sede e fome insaciáveis, um saco sem fundo, uma felicidade passageira.

Nós, seres humanos, temos horizontes que não podem ser reduzidos a coisas pequenas. Jesus já alertou: “Atenção. Guardai-vos de todo tipo de ganância, pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na abundância de bens” (Lc 12,15).

A sociedade consumista gera competições exageradas e violência. O erro dos governos consiste em confundir PIB (Produto Interno Bruto) com FIB (Felicidade Interior Bruta). Esqueceram-se de que a finalidade natural não é possuir, mas ser feliz.

Observando o número de suicídios, as sociedade mais ricas não são necessariamente as mais felizes. A vida é muito mais que comprar e consumir.

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus  

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