Os estudiosos costumam
dizer que os autores de tais crimes (os mais violentos) têm perfil
doentio e são influenciados por fatores internos como a mágoa e o
desejo de vingança ou por fatores externos, como o atrativo de vida
luxuosa e drogas. O galho é que esse tipo de crime se torna
frequente demais e mostra só a ponta de um iceberg de egoísmo e de
mesquinharias que desgraçam a sociedade.
Está na hora de
perguntar qual a causa de fundo que provoca atitudes horríveis,
nojentas e sanguinárias. Não seria acaso o tipo de sociedade que se
construiu sobre o desejo insaciável de comprar, comprar e comprar
para ter, ter e ter? Criaram-se e criam-se necessidades sempre novas
que, aliadas à publicidade bem feita, empurram-nos à loucura de
colocarmos a felicidade em adquirirmos coisas. É uma sede e fome
insaciáveis, um saco sem fundo, uma felicidade passageira.
Nós, seres humanos,
temos horizontes que não podem ser reduzidos a coisas pequenas.
Jesus já alertou: “Atenção. Guardai-vos de todo tipo de
ganância, pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não
consiste na abundância de bens” (Lc 12,15).
A sociedade consumista
gera competições exageradas e violência. O erro dos governos
consiste em confundir PIB (Produto Interno Bruto) com FIB (Felicidade
Interior Bruta). Esqueceram-se de que a finalidade natural não é
possuir, mas ser feliz.
Observando o número de
suicídios, as sociedade mais ricas não são necessariamente as mais
felizes. A vida é muito mais que comprar e consumir.
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
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