Não faz tempo, um amigo, a esposa e o filho com namorada resolveram dar umas voltas pela Ponta Negra. O panorama oferecido pelo Rio Negro, as calçadas em bom estado e o clima agradável da tardinha eram o que de melhor se podia esperar para passar bons momentos em família.
Ao final do passeio, o pai observou ao filho que em nenhum instante o tinha visto conversar com a namorada. O rapaz respondeu: "Pai, o senhor não viu que nós dois trocávamos mensagens pelo celular?" Parece estranho esse tipo de relacionamento. Um ao lado do outro com todas as possibilidades de encontro real e de conversa direta, e os dois preferiam contatos virtuais e conversa à distância.
As novas gerações estão marcadas pela internet, facebook, twitter etc. A coisa entrou tanto no gosto e nos hábitos que até os mínimos atos aparecem nas redes sociais, em escandalosa perda de privacidade. O celular, os galaxy, os Ipad, os Ipod, os tabletes, os computadores tornaram-se necessidades sem os quais parece impossível viver. Para adultos de gerações mais antigas, formados na leitura de livros e na escrita à mão ou na máquina de datilografia, é complicado compreender o jovem do Século XXI. O mundo mudou e os jovens são frutos desse mundo que mudou.
Há duas semanas, em Santa Maria, Rio Grande do Sul, um incêndio em boate matou mais de 230 jovens. Foi um choque para todo o Brasil! Aqueles jovens começavam a viver, a acalentar sonhos, e de repente morreram de maneira cruel. O que aconteceu no Rio Grande do Sul reflete a terrível sorte de número cada vez maior jovens brasileiros. A morte violenta causada por crimes e por desastres de trânsito ou de outra origem já equivale a qualquer dessas guerras atuais ou até as supera. As mais numerosas vítimas são os jovens que, pela audácia da idade, se expõem sem medo. É a faixa da população mais vulnerável às drogas, ao álcool, à prostituição e às misérias sociais e morais.
Precisamos compreender e ajudar a juventude de nossos tempos que merece confiança. A Campanha da Fraternidade, que começa dia 13 de fevereiro, pretende alertar-nos sobre isto.
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
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