No sábado do dia 15
deste mês uma árvore foi cortada no largo de São Sebastião
gerando protestos e um grande movimento de repúdio nas redes
sociais. O motivo oficial do corte dessa mangueira de copas altas
seria que a mesma estava doente, infestada por erva de passarinho,
mas corre a boca pequena que o motivo seria muito fútil: a mesma
estaria atrapalhando a foto que se deseja tirar do Teatro Amazonas.
Árvore cortada no Conjunto Santos Dumont |
Aqui no Conjunto Santos
Dumont duas árvores foram arrancadas e no lugar fizeram um grande
buraco, ao lado do campo de futebol na face que margeia a Alameda
Santos Dumont. O motivo para a subtração das árvores é uma quadra
de areia que será instalada no local.
Algumas perguntas
poderiam ser feitas para que fosse possível, nós moradores,
entendermos a razão de tamanha violência ambiental:
Árvore cortada no Largo de São Sebastião |
Árvore cortada no Conjunto Santos Dumont |
Árvore cortada no Conjunto Santos Dumont |
Árvore cortada no Conjunto Santos Dumont |
1a) Com
tanto espaço na parte posterior do campo, no qual não seria
necessário retirada de árvores nenhuma, inclusive sem a necessidade
de remover terra por ser um terreno plano (com custo mais barato para
construção), por que da escolha daquele local?
2a)
Moradores do Conjunto Santos Dumont foram convocados para alguma
reunião para decidir se a comunidade desejava uma quadra de areia
que viria a declarar a morte das árvores?
3a) Qual
será o público-alvo a quem essa quadra de areia irá servir?
4a) No
processo da vivência comunitária e democrática, não seria os
moradores necessariamente convocados para aprovar a intervenção em
qualquer área pública do Conjunto Santos Dumont?
5a) Qual a
legitimidade de quem tenha autorizado ou permitido tamanha violência
ambiental em uma área pública de nosso conjunto?
6a) Será
que nós moradores demos carta branca a qualquer pessoa para agir de
modo unilateral e autoritário sem a necessidade de qualquer consulta
pública?
Eu poderia continuar
enumerando vários tópicos de repudio ao corte das árvores, e não
adianta dizer que o plantio de umas mudinhas que serão comidas pelas
saúvas servem como compensação, pois se não me falha a memória,
no início do ano passado, e mesmo depois, por iniciativa da Amipaz e
das crianças da catequese da Igreja de São Marcos, várias mudas
foram plantadas, mas todas foram eliminadas pela falta de educação
ambiental de alguns, além do corte pela própria prefeitura, que
durante a capinação que é feita quando o mato está cobrindo as
canelas, não consegue identificar mato das mudas de árvores. Desta
forma, não sou nada otimista em dizer que da forma que foram
plantadas essas mudas ridículas, em pouco tempo serão eliminadas,
ficando somente a lembrança que perdemos duas árvores adultas e que
cumpriam sua função de gerar sombra e embelezar nosso espaço
público.
Quanto a legitimidade
de quem tenha permitido tal ato de incompetência ambiental e
comunitária, digo com todas as letras que a Associação de
Moradores do Conjunto Santos Dumont hoje é uma entidade virtual, que
não existe no mundo real e jurídico, com registro de sua diretoria
em cartório, com um estatuto de acordo a lei 10.406/2002, chamado
novo código civil, nem mesmo com um Conselho Fiscal eleito pelos
moradores que teria como função fiscalizar os atos administrativos
e verificar o cumprimento os deveres legais e estatutários. Como por
exemplo, as bandas que foram realizadas em fevereiro se arrecadaram
dinheiro e onde esse dinheiro foi aplicado.
A proposta de ter apoio
de um padrinho político como substituição à participação
comunitária falhou, basta ler o roseiral de promessas que foram
feitas na propaganda política de campanha, nenhuma cumprida, que
levou a esta situação lamentável de uma associação que
basicamente existe somente na internet. Em dois anos de existência
nenhuma reunião ordinária foi feita. Quando se diz “ordinária”,
para aqueles que podem achar o nome pejorativo, deseja-se dizer de
reunião de rotina, que devem permear a existência de uma agremiação
de moradores, onde seriam convocados para discutir o planejamento das
ações públicas, como por exemplo, aprovar a proposta de uma
construção de uma quadra de areia com a matança de árvores.
Agora neste final de
ano, deveremos novamente buscar pessoas que realmente tenham a
vocação do trabalho comunitário e colocar gente que deseje
regularizar a situação jurídica da associação e que esteja
disposta a trabalhar não como se fosse um ungido, alguém com todos
os poderes ditatoriais para agir a margem do que deve ser de decisão
coletiva. Devemos buscar escolher pessoas que compartilhem interesses
comunitários que estejam além dos interesses partidários, ou que
não sejam guiados remotamente por esse ou aquele político. Este
tipo de entreposto partidário não funciona em uma comunidade
esclarecida e politizada como é o Conjunto Santos Dumont, pois não
podemos ser confundidos com qualquer rincão em que o básico possa
ser oferecido como excepcional, quando nem o básico recebemos, ou
seja: R.E.S.P.E.I.T.O.
O corte dessas árvores
é apenas um alerta para outras posturas de decisões arbitrárias
podem ocorrer se não intervirmos nas decisões que nos afetam
diretamente. No passado a praça de caminhada foi loteada e seria
vendida (e o dinheiro divido sabe lá como) se não houvesse a
intervenção dos moradores. Quando a Amipaz concorreu com propostas
sérias e com grande interesse pela participação comunitária,
chegamos a ser procurados com a ideia de transformar a praça de
caminhada em algo parecido como uma praça de alimentação. Ou seja,
trocar o nosso sossego, nosso espaço de melhoria de nossa qualidade
de vida e nossas árvores por barracas e quiosques para atender a
quem? Fico até com receio de declarar isto e esta ideia esdrúxula
possa ressoar como viável na mente desviada de alguns. Na época que
ouvi esta asneira a primeira coisa que disse foi: Este tipo de
intervenção deve merecer a opinião de todos os moradores, mas
posso adiantar que não seria bem aceita.
Quem age a margem do
respeito a opinião da comunidade não merece nossa consideração.
Devemos no mínimo exigir que se apresente a ata da reunião, como o
nome dos responsáveis pela aprovação de tudo isto, pois caso
contrário estamos apoiando uma ditadura de um só indivíduo, que
nem sabemos direito quem é e quais os seus verdadeiros propósitos.
João Lago
Administrador,
professor e alguém que tem muito amor pelo Conjunto Santos Dumont.