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quinta-feira, 30 de maio de 2013

A mais antiga manifestação pública de fé do Brasil

Por João Lago

Pelas ruas de Salvador desde 1549, a procissão de Corpus Christi é a mais antiga manifestação pública de fé do Brasil. A procissão de Corpus Christi aconteceu pela 464ª vez nesta manhã de quinta-feira (30/5), mas antes, às 8h, foi celebrada missa solene na Catedral Basílica presidida pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.

A celebração de Corpus Christi acontece sempre na primeira quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade. Nas palavras de Dom Murilo Krieger, durante sua homilia,“é Cristo que passa”. Ainda completou: “Salvador tem o privilégio de ter sido a primeira cidade do Brasil a celebrar a solenidade de Corpus Christi”.

A celebração de Corpus Christi aconteceu pela primeira fez na Diocese de Liège (Belgica) em 1246 e ratificada dentro do calendário católico litúrgico pelo Papa Urbano IV em 1264. Na verdade, a celebração de Corpus Christi adveio de uma visão de uma jovem religiosa agostiana chamada Juliana que descreveu uma lua atravessada por uma faixa escura. Juliana interpretou esta visão como sendo a liturgia incompleta, pois faltava uma festa em honra ao Corpo Sagrado de Cristo, inicialmente chamada de Corpus Domini.

De acordo com a página da Editora Paulinas na internet (www.paulinas.org.br), um dos religiosos que haviam apoiado Juliana em sua iniciativa foi Jacinto Pantaleão, arquidiácono de Trois, na França, que eleito papa em 1261, adotando o nome de Urbano IV, em 1264 instituiu as festividades do Corpus Domini para toda a Igreja Católica.

Em Salvador, assim como acontece em cidades que tem diocese, o bispo levou o Santíssimo Sacramento em procissão pelas ruas do centro histórico da capital baiana. A frente do Santíssimo posicionaram-se as irmandades religiosas de Salvador, sendo algumas centenárias, como a Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo, fundada em 1685 e a Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos de 1832.

Acompanhamos e fizemos o registro fotográfico da toda a procissão que tem tradição histórica, tanto que a Arquidiocese de Salvador solicitou o tombamento da procissão de Corpus Christi como patrimônio cultural imaterial (intangível).



Dom Murilo Krieger



Missa solene
Missa Solene
Santíssimo Sacramento pelas ruas do Pelourinho








segunda-feira, 27 de maio de 2013

O anjo bom dos pobres: Irmã Dulce

As igrejas históricas brasileiras, em qualquer cidade que se encontrem, atraem turistas pela beleza arquitetônica, pelas obras de arte sacra que contém, pelos belos afrescos que encantam com suas cores e delicadeza. Eu, como qualquer outro turista, também paro para admirar todos esses atributos, mas me sinto verdadeiramente satisfeito quando consigo participar da celebração litúrgica nesses templos santos. Assim, neste domingo (26/5), acabo de acrescentar em meu currículo a Basílica de Nosso Senhor do Bonfim de Salvador.

Anteriormente, a mais significativa experiência foi ter participado da celebração litúrgica na Igreja de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto-MG. Em 2004, no início do inverno em Minas Gerais, fui passar o final de semana na antiga Vila Rica, de onde a Coroa Portuguesa retirou toneladas de ouro. O único horário de missa que havia na Igreja do Pilar, como popularmente conhecida, era às 6h da manhã. Acordar cedo, ainda mais no inverno, seria o primeiro obstáculo. O segundo, seria a neblina que caia na cidade, transformando o amanhecer ainda mais frio. Como naquela época os meus filhos ainda eram muito pequenos, somente eu aventurei-me a sair tão cedo para participar da missa. Hoje em Salvador foi diferente, pois estávamos juntos.







Não estava nos planos assistir a missa, mesmo porque eu já havia pesquisados os horários de missa no Bonfim e não havia nenhuma pela parte da tarde. No entanto, ao chegar na igreja vimos uma grande movimentação, com senhoras idosas chegando com camisas padronizadas. Vimos um andor posicionado na entrada da igreja com imagem de Nossa Senhora, ou seja, tudo indicando que testemunharíamos um acontecimento especial. A comunidade estava celebrando os 99 anos de nascimento de irmã Dulce, ou da Beata Dulce, que já pode ser chamada assim, pois foi beatificada pelo Papa Bento XVI.

Nascida em 26 de Maio de 1914, Irmã Dulce faleceu em 13 de Maio de 1992 deixando um legado de obras sociais voltadas para os mais pobres que as fizeram ser reconhecida como "o anjo bom da Bahia".
Para comemorar a data, foi programa uma procissão que saíra da colina da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim até o Largo de Roma, local onde fica a sede das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID).

Ter participado disto foi um presente recebido de irmã Dulce.

João Lago.

sábado, 25 de maio de 2013

GOL e os assentos fantasmas

Em abril do ano passado, aqui mesmo eu publiquei uma resenha sobre sobre o desconforto que é viajar nas companhias aéreas, em especial a GOL. No entanto, depois da "inovação" de venda de lanches nas aeronaves, eu havia pensado que nada mais me surpreenderia. Ledo engano.

Vim passar com minha família essa semana que tem o feriado de Corpus Christi em Salvador. Ao todo somos seis viajantes: Eu, minha esposa, nossos três filhos e a namorada de meu primogênito. Bem, viajar em grupo já é uma dificuldade, principalmente no que se refere a marcação de assentos no avião, no que possa acomodar todos juntos, ou próximos, considerando que dois são menores de idade e um não prescinde da companhia da namorada.

Embarcamos em Manaus, mas os assentos marcados eram na fileira que tem as portas de emergência que ficam no meio da aeronave. Por causa disto, pelo regulamento, os dois menores não poderiam ser acomodados naqueles lugares, resultando que no percurso de Manaus à Brasília o jovem casal de namorados foram separados (tristeza!).

Quando chegamos em Brasília, pelo cartão de embarque emitido em Manaus, deveríamos embarcar pelo portão 5, mas como há muito tempo deixei de confiar neste tipo de marcação, ao desembarcar no aeroporto de Brasília, logo busquei auxílio nos painéis de informação portuária e o nosso voo estava confirmado no portão F, que fica no piso inferior e que não tem acesso pelas pontes de embarque (aquelas que ligam o saguão do aeroporto diretamente à porta da aeronave). Até aqui perdoa-se a GOL, pois não é problema somente das companhias aéreas a remarcação do local de embarque, haja vista que também se trata da disposição logística da Infraero. Essas minhas experiências já faço questão de passar aos meus filhos menores, de como se portar em aeroportos, para que eventualmente sozinhos não sejam surpreendidos com essa bagunça que são nossos terminais aeroportuários.

Chegamos ao portão F, cujo saguão estava superlotado, passando por obras e com fila no banheiro feminino. Nos posicionamos para aguardar a chamada do voo, mas, minha filha, que estava muito atenta, me chama atenção para uma mensagem que passava como legenda indicando que o embarque havia sido novamente remanejado, agora para o portão 4. Isto tudo acontecendo em silêncio, pois nenhum aviso sonoro foi dado pela GOL, isto tudo com menos de dez minutos para a chamada de embarque. Parece até que fazem de propósito, ou seja, deixam somente para avisar na última hora para se divertirem com a correria e os acotovelamentos nas escadas. Um desrespeito com quem viaja com crianças, ou mesmo com os idosos e portadores de necessidades especiais. Ninguém é obrigado a ficar olhando subtítulos que passam em uma tela de televisão.
Fila no banheiro feminino

Obras no local

Enfim embarcamos para o último trecho da viagem, com os nossos seis assentos marcado na fileira 13 (treze), porém, para nossa surpresa, simplesmente a fileira não existia. No corredor a indicação numérica pulava do 12 para o 14 (veja a foto abaixo).

Onde foi parar a fileira 13?

Cartão de embarque marcado na fileira 13
Ficamos em pé aguardando se aproximar o comissário, que disse que para aquele equipamento, um Boieng 737-800, isto era muito comum e que esse tipo de inconveniente acontecia sempre. Logicamente, eu sugeri que bastaria alterar o painel de reserva conforme a configuração daquele avião e tudo estaria resolvido, mesmo que algum supersticioso tenha resolvido não colocar uma fileira 13 na aeronave. A resposta do comissário foi desalentadora. Disse-me que já havia proposto isto também, mas que não adiantava mais reclamar e que ficaria calado, pois se falasse mais poderia ser prejudicado porque é funcionário.

Não consigo compreender como a ANAC segue à margem de todos esses acontecimentos, não tomando nenhuma providência efetiva que possa melhorar a prestação dos serviços aéreos.

Nesses momentos, quando tenho que embarcar na GOL e relembro de como eram bons os serviços de bordo de empresas aéreas no passado, digo aquele velho bordão: Eu era feliz e não sabia.

João Lago
Professor, administrador e morador do Conjunto Santos Dumont.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A Vingança do Socialismo


Conheci Chris Lowney em Setembro de 2008 no Rio de Janeiro em um encontro latino-americano promovido pela Província dos Jesuítas do Brasil. Novamente tornei a reencontrá-lo um ano depois na Colômbia, agora participando de um curso de fundraising(1) na Universidade Javeriana de Bogotá. Chris Lowney trabalhou como diretor na J.P. Morgan & Co em Nova Iorque, Londres, Tóquio e Singapura e como financista acumulou certa fortuna, ao ponto de abandonar a carreira promissora como executivo financeiro e seguir fazendo palestras pelo mundo sobre formas de obtenção de financiamentos para ONGs(2). No entanto, o motivo de citá-lo aqui foi eu ter tido a oportunidade de ter lido o seu livro Heroic Leadership: Best Practices from a 450-Year-Old Company That Changed the World (3) que conta a trajetória de 450 anos da ordem católica dos jesuítas, mas com os olhos de um homem de negócios que vê inspiração para as empresas em geral nesta história de superação de uma ordem católica que conseguiu sobreviver a perseguição interna da própria igreja a qual pertencia.

Os jesuítas foram banidos da Europa pelo Papa Clemente XIV em 21 de julho de 1773, e somente retornaram quarenta anos depois no pontificado do Papa Pio VII por meio da Bula Papal “Sollicitudo onminim ecclesiarum”(4). Em seu livro, Chris Lowney conta que os jesuítas expulsos da Europa refugiaram-se nas treze colônias inglesas na América (hoje EUA), a partir de sua proclamação de independência em 1776. Outros jesuítas foram para a Rússia, recebendo o asilo da Czarina (rainha) Catarina que, simpatizante dos jesuítas, em 17 de junho de 1773 tornou público seu Edito da Tolerância, que instituiu a liberdade religiosa em seus domínios. Assim, no Século XVIII o iluminismo francês, muito antes da revolução francesa, inspirou tanto a monarquia russa, como o surgimento da primeira democracia no mundo. Dois séculos depois, esses dois atores, Rússia (então URSS) e EUA, protagonizaram o mundo dividido em dois blocos antagônicos: Capitalista e Socialista.

Robert Putnam, criador do conceito de “Capital Social”(5), em seu livro Making Democracy Work: Civic Traditions in Modern Italy(6) descreveu a democracia americana do Século XIX por meio da visão de Alexis de Tocqueville, na qual o pensador francês relata sua admiração por uma nação de efervescência social, onde os cidadãos se reúnem em grupos que agem em conjunto lutando por interesses comuns, com a participação de classes de menor renda da sociedade, seio que emerge a força política que mantém o governo democrático. No entanto, a democracia americana somente subsistiu pelo respeito a sua constituição federal que protege, desde a fundação do país, a livre expressão de opinião das ideias, assim como a liberdade religiosa, daí porque os jesuítas terem sido aceitos nos EUA, mesmo sendo uma nação de predominância calvinista/luterana. Poderiam não gostar dos jesuítas, mas os toleravam em respeito a sua constituição e as garantias democráticas que tornava livre e coesa aquela jovem nação. Desta forma, por mais que eu seja crítico ao modelo da sociedade estadunidense atual, não posso negar sua importância histórica como promotora da democracia moderna.

No Século XX, os historiadores apontam a Igreja Católica, no pontificado de João Paulo II, como responsável pela aceleração da queda do socialismo soviético, ou comunismo como o conhecemos. Um papa polonês, que apoiou o sindicato Solidariedade de Lech Walesa em seu país natal, um modelo de associativismo não desejado em governos totalitários e antidemocráticos. A história completa todos nos que temos mais de 35 anos e que somos minimamente politizados acompanhamos. Assim, nos países antes velados pelas “cortinas de ferro”, nos quais os Estados Socialistas condenavam a religião, há um avanço no crescimento do cristianismo e, principalmente, da fé católica. João Paulo II em seu derradeiro suspiro talvez tenha pensado que havia deixado o mundo mais afeito a aceitar a religião, ou pelo menos os dogmas que constroem o cristianismo.

No Século XXI, um fenômeno tenho observado, que qualquer um que seja fã das “teorias conspiratórias”(7) ficaria de orelha em pé, é que governos socialistas eleitos em alguns países democráticos revisam, ou aprovam, leis que vão de encontro aos dogmas do cristianismo. No Uruguai o ex-guerrilheiro José Mujica, que lutou na extrema-esquerda pela implantação de um governo socialista, sanciona o aborto e o casamento gay. Na França o governo socialista de François Hollande autoriza o casamento gay e a adoção de crianças por esses casais, mesmo havendo gigantescas manifestações de franceses contrários a medida. Na Argentina dos Kirchner, na qual o Nestór, o falecido marido peronista de Cristina, foi preso duas vezes pela ditadura de seu país e era considerado membro da esquerda portenha, mas não foi morto pela ditadura porque, formado em direito, manteve-se longe da política nos anos da ditadura, exercendo a profissão de advogado. Cristina, sua esposa e herdeira política, como presidente promove e sanciona o casamento gay na Argentina.

No Brasil, a ex-guerrilheira socialista Dilma Roussef, eleita presidente, com a nomeação de Eleonora Menicucci, uma abortista militante para a ministra Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, demonstra (apesar de negado em campanha) sua simpatia pela descriminalização do aborto no Brasil. Além disto, é justamente no governo Dilma que a “casamento gay” é referendado no STF – Supremo Tribunal Federal, mesmo indo de encontro a maioria contrária a questão no Congresso Nacional. Como escrevi, tudo isto pode ser grande coincidência, mas daria uma boa história conspiratória como o socialismo vem em algumas partes do mundo minando a resistência dogmática das igrejas cristãs.
No entanto, retornando as duas nações citadas no início desta reflexão, ou seja Rússia e EUA, é justamente delas que vem as principais derrotas de grupos que buscam vencer um dos pilares dos valores cristãos: A família composta pela união de um homem com uma mulher.

Na Rússia é de onde chegam as notícias de maior acirramento das tensões contra a militância gay, justamente em um país que na sua história recente colocou a religião como proscrita, ou mesmo clandestina e sem direitos. Em Junho de 2012, o Tribunal Municipal de Moscou proibiu as paradas gays por cem anos. Já nos EUA a Suprema Corte daquele país não demonstra ser tão liberal quanto o nosso STF, e desde março a imprensa brasileira silenciou quanto o julgamento de recursos que visam efetivar nos seus 50 Estados a ampliação de direitos para a união de pessoas do mesmo sexo. O DOMA - Defense of Marriage Act(8), uma lei federal de 1996, que proíbe benefícios federais a casais do mesmo sexo, é contestada a partir de 2008 na Suprema Corte Americana. É preciso explicar que a constituição estadunidense permite que os Estados tenham legislações próprias, tanto que em doze Estados (número menor que as colônias iniciais que formaram aquela nação) o casamento gay foi aprovado, mas na federação não é reconhecido, no que se refere aos benefícios fiscais e previdenciários. A militância e simpatizantes do casamento gay não conseguem obter apoio a sua causa entre a maioria da população estadunidense, justamente em um país que sempre foi considerado exemplo de liberdade e democracia, mas que somente em 1967 aprovou o casamento entre brancos e negros. Nos EUA é preciso que sejamos claros, jamais aprovariam a criminalização da “homofobia” da forma que está descrita na PL 122 (9), assim como não há lei como a brasileira que criminaliza o racismo. A razão é simples: “todos tem a livre expressão de pensamento, mesmo que seja de origem antissemita (nazista), ou que seja recheada de preconceitos contra os negros”. Como escrevi, mantenho minha crítica quanto aos aspectos de formação da sociedade dos EUA como modelo, assim como reafirmo minha condenação a qualquer espécie de preconceito, pelo simples fato de ser cristão.

Em Julho o Papa Francisco, jesuíta de formação virá ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude. Aqui chegando encontrará um país no qual boa parte da mídia apoia a militância gay e busca criar entre os mais jovens uma visão relativista no que se refere ao conceito de família. Também encontrará um governo federal pró-aborto, que começou a distribuir pílulas abortivas (chamadas do dia seguinte) por meio do SUS e tenta descriminalizar o aborto via reformulação do Código Penal. Assim, caberá ao Papa Francisco a missão trazer para essa juventude a reafirmação de valores considerados anacrônicos por correntes neossocialistas. Tentará resgatar o carisma de João Paulo II que conquistou a admiração dos jovens de seu tempo (fui um deles).

Quando iniciei esta resenha, como todas essas ideias na cabeça, o que verdadeiramente motivou-me a escrevê-la foi refletir que os católicos devem a democracia dos EUA do Século XVIII a existência de uma Papa Francisco, assim como devem também a Czarina da Rússia em igual período.

Como católico, desejo ao sumo pontífice nesse Pentecostes, que o Espírito Santo de Deus possa inspirá-lo a conduzir sua Igreja neste Século, porque serão imensos os seus desafios, talvez tão mais poderosos e gigantescos do que aqueles enfrentados por João Paulo II. Assim, nada mais estratégico do que um papa que venha de uma ordem católica que soube resistir ao seu tempo.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont

NOTAS:
  1. Fundraising, termo em inglês que significa “captação de fundos”.
  2. ONG - Organizações Não Governamentais, entidades privadas que atuam em atividades que deveriam ser do governo.
  3. Em tradução livre: Liderança heroica: As melhores práticas de uma empresa de 450 anos que mudou o mundo.
  4. Em livre tradução: Cuidados com as Igrejas
  5. Conceituo o termo como a influência do associativismo como fator de transformação econômica e social de uma nação.
  6. Em livre tradução: Fazendo a democracia funcionar: tradições cívicas na moderna Itália.
  7. Teorias que supõem que um grupo organizado de conspiradores está envolvido em um plano e que trabalha na clandestinidade.
  8. Em livre tradução: Lei de Defesa do Casamento
  9. Projeto de Lei que transforma em crime qualquer manifestação que seja entendida como preconceito contra homossexuais.

domingo, 19 de maio de 2013

Deputado Marcelo Ramos solicita obras de limpeza em área verde do Conjunto Santos Dumont

O deputado Marcelo Ramos, atendendo a várias reivindicações de moradores do Conjunto Santos Dumont, encaminhou recomendação a SEMULPS - Secretaria Municipal de Limpeza Urbana, pedido de limpeza de área verde ao lado da Escola Olga Falcone que há pelo menos três anos está esquecida, como se a mesma não fizesse parte do conjunto arquitetônico do Santos Dumont.

Aliás, essa recomendação é muito bem vinda, pois demonstra que no completo abandono de nossas áreas verdes, ainda podemos contar com o empenho de amigos e de moradores com verdadeiro espírito comunitário que bem sabem separar suas ambições pessoais e políticas dos reais interesses de nossa comunidade e dos moradores do Conjunto Santos Dumont.

Esses moradores engajados em causas sociais e comunitárias não vão para as páginas de jornais, pois aqui de propósito vou plagear alguém que certa vez acusou-me de fazer propaganda pessoal, utilizando-se de uma "teologia de conveniência", duvidando de meu real interesse, e de nossos amigos, no bem-estar de nossa comunidade. Não fazemos propaganda pessoal, tão pouco partidária e não fazemos nada para ir para os jornais, pousando sozinho na foto, pelo contrário, sabemos agradecer quem juntamente conosco caminha para o bem comum. Estamos aqui para defender o interesse dos MORADORES DO CONJUNTO SANTOS DUMONT. Neste sentido, vamos voltar também nossas atenções para fechar o dano ambiental que um imenso buraco cavado causou
em área verde que está prestes a completar um ano de existência. Lembro que tal buraco foi aberto com o propósito de se construir uma quadra de areia, em um local não apropriado, pelo prório relevo do local e porque decretou a morte de duas árvores frondosas. Já escrevi aqui a respeito disto, mas tal atentado a uma de nossas áreas verdes não passou por qualquer conselho, ou consulta dos moradores do conjunto. Esta onipotência, de quem se acha SUPREMO e com extrema vaidade age como se tivesse carta branca para tudo fazer. Não é assim que se trabalha em comunidade.

Agradecemos ao deputado Marcelo Ramos, que aproveitando a sua boa relação com a Prefeitura de Manaus, veio a solicitar essa recomendação. É bom que fique registrado, pois depois do serviço feito, como aconteceu em outras obras de limpeza que registramos aqui, aparecem indivíduos piratas, que sem nenhum escrúplulo, reivindicação para si.



João Lago
Coordenador Amipaz

sábado, 11 de maio de 2013

Nossa homenagem às mães - Maio / 2013

O Amor de Mãe

Absolvo todas as mães!
A elas dou o meu irrestrito perdão
Mas não faço isto por ofício diletante de filho
Que age em causa própria pela mãe que tenho
Tão pouco de todas suas falhas me abstenho

Mãe quando erra, se o faz em prol de um filho
Qual seria a pena que a ela atribuiria?
Não agiria certo com atitudes tortas?
O que enfim realmente importa?

O amor de mãe nasce abnegado
O amor de mãe é puro instinto
Um animal acuado em um labirinto
Decidido a encontrar uma saída

O amor de mãe não é racional
Nem segue as convenções sociais
Age em êxtase irascível
Acertando no que seja possível

Não há o que dizer do amor de mãe
Rio-me de seus extremos
Do mesmo jeito que riste para mim
[quando criança] de minhas bobagens

Por que haveria então de condenar-te?
Por isso te perdoo
Por isso absolvo todas as mães.

João Lago
Maio/2013
 

domingo, 5 de maio de 2013

Ainda Beto, o ex-padre e ex-católico – Ianomâmis praticam infanticídio, e isso parece aceitável para os politicamente corretos, mas eles acham um absurdo que a Igreja tenha seus valores. Ou: Onde estão mesmo os intolerantes?


Qual é a relação que existe entre o ex-católico e ex-padre Beto e as práticas cruéis de tribos indígenas? Já chego lá. Mas, primeiro, vamos passear um pouco.

Beto, aquele ex-padre de Bauru, também ex-católico, já que excomungado, está exercendo a sua verdadeira vocação, que como já identifiquei aqui: “Nasceu para brilhar. Nasceu para o palco, o picadeiro, o palanque, sei lá eu”. Ao comentar nesta terça a excomunhão, exagerando a própria importância, como parece ser o hábito do mau hábito, afirmou: “Eu me sinto honrado em pertencer à lista de muitas pessoas humanas que foram assassinadas e queimadas vivas por pensarem e buscarem o conhecimento. Agradeço à Diocese de Bauru”.
Ulalá! Beto é o Giordano Bruno do casamento aberto! Tempos inglórios aqueles, estes, em que um tipo como esse rapaz ganha destaque e é tratado como um pensador. Mas notem: está feliz. Já pode escrever livros, fazer programa de televisão, virar consultor sentimental, viver, na prática, a vida que acha justa em teoria. Se não estiver no Fantástico no domingo, corto os dois mindinhos e começo a falar com a língua mais presa do que o Lula. A Igreja também se livra, quando menos, de alguém, fica claro agora, que a detesta. Os que admiram as ideias de Beto continuarão a receber o pão espiritual, já que ele é assíduo das redes sociais e, segundo li na Folha, das cervejarias. O único que está apanhando mesmo é o jornalismo — na pena de alguns jornalistas e na editorialização do noticiário.
Este senhor não está sendo chamado pelo nome ou apelido. Virou “o padre que defende os homossexuais”. É uma batatada! É uma bobagem! É uma mentira! Se ele, até agora, efetivamente, fez alguma coisa em favor de homossexuais, se desconhece. A Igreja não o está excomungando porque, sei lá, ele declarou que todos são filhos de Deus, independentemente de sua sexualidade. Padres mundo afora declaram isso todos os dias. Nada disso! Foi excomungado porque recusa a concepção de família da instituição a que ele pertence e porque declarou o seu direito de questionar, mesmo pertencendo à hierarquia católica, qualquer dos dogmas em que se fundamenta a religião. Como já deixei claro aqui, até grupos de amigos têm códigos de conduta; até aquela turminha que se reúne para tomar chope nos botecos eventualmente frequentados por Beto quando era padre e católico estabelece limites. Os que destoam muito do aceitável são excluídos.
Escrevi num dos posts que a Igreja “não é um clube de livres-pensadores”, e alguns idiotas estrilaram. Ora, não é mesmo! A rigor, não existem clubes de livres-pensadores porque, se livres, já não podem formar um clube. A Igreja é uma reunião de pessoas em torno de uma doutrina. Por isso está aí há dois mil anos. Um jornal é uma reunião de pessoas em torno de uma linha editorial. Lá no jornal da CUT, por exemplo, não é permitido falar mal da CUT. Nos blogs sujos financiados por estatais, não é permitido falar bem da imprensa independente, que se financia no mercado. Na imprensa independente, que se financia no mercado, não é permitido defender a censura — ainda bem, né?, embora, convenhamos, não é raro aparecer alguém com ideias exóticas. NOTA À MARGEM — “Ah, então toda essa gente se iguala na defesa de pontos de vista particularistas, e a universalidade não está em nenhum lugar?” Nada disso! A imprensa que repudia a censura é moralmente superior à escumalha que a defende (com financiamento estatal) porque, num caso, busca-se vencer o adversário pela argumentação; no outro, pelo silêncio. À imprensa livre só é lícito interditar o pensamento que defende o fim da própria liberdade, e seu horizonte é a pluralidade. Já os que estão a serviço de um partido ou de um projeto de poder sabem que seu inimigo principal é a liberdade. Mas me desviei um tantinho. Volto ao ponto.
O tal Beto chega a ser folclórico, e é espantoso que mobilize a imprensa e atraia, é evidente, a simpatia de jornalistas. É um sintoma de rebaixamento intelectual. Que diabo andam ensinando nas faculdades por aí? Ora, o que conferia legitimidade e peso ao discurso de Beto? O fato de ele ser padre. O “ser padre” supõe a adesão a) a uma doutrina; b) a um conjunto de valores; c) a uma disciplina; d) a um comando; e) a textos de referência. Observem que é perfeitamente possível ser feliz e pensar sem ter de se subordinar a nada disso. Supõe-se que aquele que escolheu essas subordinações o fez em razão do “item f”: A FÉ.
Aí, então, se procede à pergunta óbvia: como é possível que alguém, cujo discurso é legitimado por essa cadeia de submissões ancoradas num princípio de fé, busque uma outra legitimidade que nasceria da denegação do que lhe confere identidade? De sorte que, no caso em espécie, Beto era, então, o “padre” que não aceita as regras da Igreja, o padre que não aceita a hierarquia, o padre que não aceita os dogmas? É como se um jornalista buscasse legitimar o seu trabalho por intermédio da negação de alguns dos fundamentos que definem a própria profissão. E olhem que a ética profissional lida com conceitos um pouco mais fluidos e elásticos do que a doutrina de uma religião.
Agora Beto e os índios
Não faz muito tempo, houve no Brasil um enfrentamento entre antropólogos e religiosos (se não me engano, batistas, a conferir) por causa de uma tribo ianomâmi. Esses índios telúricos, que tanto encantam o rei da Noruega, matam as crianças deficientes. Uma das práticas é enterrá-las vivas. Missionários batistas, diante do horror, houveram por bem salvar uma criança. Estabeleceu-se, então, um confronto de valores. E aí? Certa antropologia argumenta que, ora vejam, aquilo que nos parece cruel corresponde aos valores daquela cultura. Assim, a preservação daquela forma particular de civilização supõe a existência do infanticídio. Não, não é o que eu penso, mas não vou abrir aqui uma polêmica nova. Fica para outra hora.
Da mesma sorte, o pensamento politicamente correto já produziu milhares de textos sobre o suposto preconceito dos cristãos contra os islâmicos, que seriam vistos com olhos negativos no Ocidente porque, no fundo, insistiríamos em ver a sua fé segundo a nossa própria ótica. Isso revelaria uma incapacidade de ver o outro… Sempre que me deparo com coisas assim, a minha primeira resposta é esta: “Acho bom esse choque de valores; só é uma pena que não possamos levar os nossos para os países islâmicos porque, não raro, resultaria em pena de morte…”. Mas esse também é outro debate, para outra hora.
Lembro esses dois casos porque acho notável a facilidade com que o pensamento politicamente correto pode defender até o infanticídio ou a eliminação de deficientes físicos, quando é o caso de falar em nome da “preservação de uma cultura”, ou nos convida a olhar sem preconceitos o islamismo — e, por exemplo, a evidente discriminação da mulher (dos homossexuais, então…) —, mas acha inconcebível que a Igreja Católica defenda seus próprios valores não por meio da eliminação física (é evidente!) do elemento indesejado, não por meio da imposição de valores e costumes a quem, se pudesse, escolheria outro caminho. Nada disso! A Igreja Católica defende o seu credo falando àqueles que a ele aderiram por livre e espontânea vontade, no exercício da plena liberdade, na expressão mais pura do livre-arbítrio.
À diferença do que parece, os que estão atacando a Igreja Católica em razão desse episódio é que não suportam a diferença — ao menos esta diferença em particular: a dos valores católicos. Podem achar justificável o assassinato de criancinhas; podem achar justificável a imposição do véu; podem achar justificável qualquer “orientalismo” (como diria Fernando Pessoa) em nome da afirmação da identidade. Só não podem aceitar que católicos, em suma, se afirmem como… católicos, ou, não é menos verdadeiro, evangélicos como evangélicos.
A verdade está no oposto. Intolerante é Beto, que havia dado um ultimato (!?) à Igreja: ou ela mudava, ou ele não voltaria!!! Intolerantes são aqueles que acham absurdo que a Igreja Católica tenha os seus valores num mundo em que se é católico por opção. Noto, para encerrar, que nascer deficiente numa tribo ianomâmi não é uma escolha. Não ignoro que a valorização do poder de escolha também é expressão de uma cultura. É a minha. E eu a considero superior a todas as outras.
Reinaldo Azevedo
Jornalista

Cotas para quê? Para quem?




Minha filha que é estudant(A) e meu filho estudant(O) do ensino privado, pela lógica desinteligente de Dilma do PT, não devem competir em condições de igualdade com os egressos da escola pública. Ora, meus filhos foram para a escola particular não porque eu os queria segregados em castas de "ricos", ou afastá-los "de pobres". Muito pelo contrário, pois na minha maneira de ser, os mantenho em contato com o desigual para que aprendam que vale a pena lutar por um mundo mais justo. Assim, como princípio básico de vida celebro com eles o valor do amor a Deus e ao próximo, do amor a família, da luta pela justiça, da valorização do trabalho e, principalmente, do estudo árduo para que o conjunto dessas coisas possam lhes fazer cidadãos plenos para a sociedade e para Deus.

Já escrevi isto diretamente para você, que acredito que a maior chaga brasileira é a corrupção, que é a responsável pela escola pública que não ensina, da saúde pública que não cura, da polícia que não detém a violência, da justiça que favorece a impunidade. Portanto, se a escola pública é ruim, e se dentro dela temos o tráfico de drogas, a violência e insegurança entre alunos e professores, e certos juízes e promotores se preocupam de tirar dela a presença de DEUS, alegando que o Estado deve ser laico, porque então sinceramente vou colocar meus filhos em um lugar que tenha este perfil? Um lugar com estas características poderia me dar segurança e tranquilidade para que eu possa trabalhar para pagar os impostos que pago?

Se a escola pública é ruim, tudo poderia começar a melhorar se os recursos que deveriam abastecê-la chegassem ao destino, e é aí que entra a corrupção que o governo do PT tenta fazer crer que combate. Nossa memória política é curta, mas Dilma antes de ser eleita president(A), quando ministra chef(A) da Casa Civil de Lula, tinha como sua secretária de confiança Eurenice Guerra, que teve o seu nome envolvido como suposta responsável pela elaboração de um dossiê que vinha sendo utilizado para intimidar o PSDB, justamente para impedir a criação de uma CPI que investigasse os gastos dos cartões corporativos do governo Lula. Recordando este caso, os cartões corporativos foram usados para pagar despesas pessoais em vários escalões do governo, de forma indiscriminada e sem controle. Quando a oposição propôs em criar uma CPI para investigar esses gastos, veio a tona esse dossiê sobre os gastos pessoais de FHC que teria como maternidade a Casa Civil da ministra Dilma. Se tudo isto foi verdade não saberemos, pois é fato que a CPI não deu em nada, e é certo que não se pode confiar que Dilma seja um poço de probidade, pois fica a dúvida se sabia que Eurenice Guerra, que acabou sendo demitida, estava agindo isoladamente. Até bailarinas foram pagas por um servidor da Casa Civil com cartão corporativo, sem que Dilma soubesse. Nada sabia?

No mês que passou eu fiz a minha declaração do imposto de renda e vou ter que pagar mais imposto (além daquele que me foi descontado na fonte). Fico revoltado em saber que todo esse dinheiro que pagamos em impostos é usado para isto, para sustentar sim essa casta que se forma em governos sucessivos e ir para os bolsos de corruptos. Agora, para manter-se no poder, ao invés de realmente combater a corrupção e fazer o dinheiro chegar para a educação, saúde e segurança, é mais fácil distribuir vagas na universidade pública, deixando a educação capenga, ganhando votos e empurrando a deficiência do ensino para a universidade federal. Sou professor universitário e recebo em cada semestre alunos com essas deficiências causadas pelo ensino público. De nossa parte tentamos fazê-los superar essas deficiências. No que compete a Instituição de Ensino Superior (IES) privado, assegurar também aulas de nivelamento, mas faz isto porque no final os alunos serão avaliados pelo ENADE - Exame Nacional de Avaliação  Desempenho do Estudante, no qual um péssimo resultado traduz-se na própria extinção do curso, inviabilizando a continuidade da IES. Isto acontece porque o vestibular da IES privada não tem a competição e a procura de uma IES pública, portanto não tem o condão de fazer uma seleção de melhores. Melhor dizendo, se fossem tão rigorosas na seleção não haveriam de formar turmas para iniciar o semestre. A IES pública tem sua sobrevivência garantida por mesada do governo, ao passo que a IES privada pela quantidade de alunos que consegue matricular em cada ano.

A universidade pública deve estar fora das políticas assistencialistas do governo, no que se refere a distribuição de vagas. Não posso considerar que os meus filhos sejam classificados como cidadãos de segunda classe porque os quis amparados em uma escola na qual os professores não faltem, que tenham diretores, coordenadores que recebam os pais e que sintam o peso de nossa preocupação com a qualidade do ensino. Escolhemos escolas que possam transmitir valores que sejam preciosos para nós, tanto que fiz a opção em colocá-los em uma escola confessional, para que os valores cristãos transmitidos em casa possam ecoar também na formação acadêmica. Se não for assim, como poderei me sentir tranquilo em colocar meu filho em uma escola que não permite um simples crucifixo na parede, porque o Estado é laico. Quais serão os valores que essa escola vai pregoar se não tem o apoio de valores cristãos? Será que caminhamos para formar uma "juventude" lulista, dilmista, no melhor estilo da "juventude ariana", que olhará para as minhas crianças como se fossem de uma raça inferior? Não será a política de cotas tão racista, quanto o racismo que diz que deve combater?

Combatam a corrupção e devolvam para a educação os investimentos necessários para fazer deste país um lugar melhor para todos os brasileiros.

João Lago.
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Consumismo Versus Consumerismo

O termo consumerismo foi criado para ser o oposto do consumismo (consumo desenfreado), portanto seria um modelo de consumo responsável, racional e com respeito ao meio ambiente em uma sociedade capitalista.

Quando eu era adolescente, nos meados da década de 80, lembro-me que minha mãe mandava-me comprar pão e manteiga na mercearia perto de casa, naquele tempo apelidada de “taberna”, em uma época que a concentração do varejo pelas grandes redes ainda não existia. Para ir às compras, levava uma sacola em tecido de algodão cru (reaproveitado de sacos de açúcar), costurada e bordada pela minha mãe, que fazia o acabamento das alças com argolas fixadas no tecido por pontos de crochê. Não havia sacolas plásticas, sendo que as famílias ou levavam sua sacola, ou tinham o pão embrulhado em folhas de papel e o pacote amarrado com barbante. Já a manteiga, vendida à granel, era embrulhada em folha de papel vegetal (ou papel manteiga). Quanto às demais mercadorias eram vendidas ou embrulhadas também em folha de papel ou em jornal, igualmente amarradas em barbante.

O lixo das residências era acomodado em latões e, no horário certo, era colocado na porta das casas para a coleta de lixo, pois, se posto antes, muito provavelmente seria “virado” pelos cães de rua (daí o porquê do sentido literal de “cachorro vira-lata”). Lembro-me que meu avô mandava colocar alças em tambores de óleo diesel para facilitar o serviço dos lixeiros, além de providenciar também uma tampa, criando mais essa demanda para os serralheiros.

O refrigerante, a cerveja, tudo era vendido em vasilhames retornáveis de vidro, ou seja, as famílias tinham sua reserva de garrafas para serem trocadas na compra da bebida, sendo a coleta dos vasilhames vazios realizada no momento da venda do produto pelo fabricante. Modernamente este conceito é definido como Logística Reversa.

Na escola, os livros didáticos, assim como o uniforme escolar (ou farda), eram herdados dos irmãos mais velhos. Eu mesmo cheguei a usar uma grossa camisa de algodão do Colégio Dom Bosco, de colarinho azul e emblema bordado, vinda de meu irmão, que por sinal era confeccionada para durar mais de um ano letivo. Não somente o uniforme, mas também era comum peças de roupa passarem por mais de uma geração.

Nos dias de hoje, cidades como Belo Horizonte (Lei Municipal 9.529/2008), Rio de Janeiro ( Lei Municipal nº 5.502/2009) e São Paulo (Lei paulistana 15.374/2001) criam leis abolindo as sacolas plásticas e o comércio varejista coteja embalagens vazias de papelão por sacolas plásticas, ou estimula os clientes a trazerem de casa suas sacolas, haja vista que a maioria das famílias usa a sacola descartável para acomodar o lixo doméstico, que vai parar nos aterros sanitários e lixões, levando de 50 a 500 anos para desaparecerem. Essas leis são contestadas na justiça, principalmente pelos fabricantes de plástico e com apoio popular, ainda mais porque alguns supermercados passaram a cobrar pela sacola plástica, desagradando o consumidor. Até mesmo os ambientalistas brasileiros desconfiam da eficácia dessa proibição, considerando que outras embalagens plásticas (principalmente as dos produtos industrializados) continuam no mercado e a indústria ainda não está preparada para substituir a forma de acondicionar seus produtos. Vale salientar que na Alemanha há muito tempo que os consumidores pagam pelas sacolas de supermercado como forma de estimular os clientes a usarem uma solução assemelhada de minha mãe em áureos tempos. Tudo seria resolvido se, a exemplo da garrafa de refrigerante dos anos 80, a embalagem retornasse para a indústria para reaproveitamento, gerando a preocupação de fato com a logística reversa na cadeia produtiva. No entanto, isso implicaria em aumento nos custos das empresas e certamente essa conta seria paga pelo consumidor, embutida no preço dos produtos.

A bem da verdade, o consumismo é alimentado pelo obsoletismo acelerado ou, melhor dizendo, a vida útil dos bens é reduzida para que a indústria possa vender mais e mais e, paradoxalmente, isto seria bom para a economia e, por conseguinte, para toda a sociedade. Isto é que faz que os livros didáticos sejam substituídos a cada ano por uma nova edição, sepultando a antiga, ou mesmo justifica a troca de celulares, computadores, automóveis etc., por novos modelos que se tornam ícones de desejo. A moda parece que passa mais depressa e os produtos são feitos para não durar tanto tempo assim. Por outro lado, nessa vida frenética, existe a corrente ambientalista clamando pela preservação do planeta, defendendo o retorno de um modo de vida que não considere tudo como descartável, pois está claro que não há como manter um padrão de consumo idêntico ao do norte-americano médio para todas as 7 bilhões de almas deste mundo. Não há recursos naturais suficientes para isto!

Assim, a sociedade cozinha em banho-maria, tal qual a síndrome do sapo na panela, na qual o pobre batráquio é colocado em água fria e lentamente a água é aquecida. Incapaz de perceber a mudança de temperatura, o animal morre escaldado. No entanto, se jogarmos o sapo diretamente na água quente, este pula para fora da panela, pois a mudança abrupta da temperatura desperta-lhe os sentidos. A lógica apenas reforça que a humanidade, para os próximos 100 anos, continuará dividida entre os poucos muito ricos e os demais pobres, ou miseráveis.

O capitalismo não resolveu o problema da distribuição de renda no mundo, assim como o consumismo não é a via de desenvolvimento econômico e paz social. É evidente, pelo menos para mim, que a violência urbana tem um dos seus fatores críticos no alijamento dos jovens pobres dos bens de consumo que são valorizados na sociedade consumista. Os demais fatores são: a destruição da família; o sepultamento dos valores judaicos-cristãos pela judicialização dos comportamentos; e a falência do governo em promover serviços públicos de qualidade para todos (saúde, educação, segurança etc.).

Nos anos 80, época de minha lembranças de infância, a população brasileira era de 120 milhões, e éramos mais comedidos na maneira de consumir e agir com a natureza. Hoje, perto dos 200 milhões de habitantes, agimos como perdulários, ávidos pela última gota de satisfação, como se a próxima geração tivesse a obrigação de resolver todos estes problemas.

No entanto, colocamos nossa juventude em banho-maria, ao melhor estilo do sapo na panela e não a ensinamos como perceber a quentura. Talvez ainda haja tempo para evoluirmos para o consumerismo, mas temos que tirar a juventude de dentro dessa panela.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.