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domingo, 21 de novembro de 2010

Trinta anos do Conjunto Santos Dumont

O conjunto Santos Dumont, um dos mais tradicionais de Manaus, neste ano completou 30 anos e com muita história para contar, algumas saudosistas, outras que desejaríamos esquecer. O nosso conjunto nasceu chamado Conjunto Parque das Seringueiras, em alusão a algumas existentes na rodovia Torquato Tapajós, conforme podemos constatar no primeiro Estatuto da Associação, datado de 23 de junho de 1980.

As seringueiras se foram e nesses trinta anos o Conjunto Santos Dumont sofreu por várias transformações, algumas devido ao crescimento desordenado de nossa cidade sob a complacência de várias administrações públicas (Municipal e Estadual), que suprimiram as áreas verdes por invasões ilegais, ou mesmo supostamente griladas por alguns mais espertos e sem escrúpulos. São várias as histórias contatadas pelos moradores mais antigos e algumas que podemos encontrar na literatura. O antropólogo e Jesuíta Roberto Bernal(1) descreve o conflito ocorrido na ocupação por índios da etnia Sateré-Mawé de área verde degradada, localizada atualmente entre o Bairro da Paz, Hiléia e Conj. Santos Dumont, no qual relata que alguns moradores reagiram lançando pedras e insultos, havendo revide dos índios que atiravam flechas, sendo necessário a intervenção da prefeitura, Funai e Polícia Federal para resolver o conflito. Segundo Roberto Bernal(2009) a área ocupada pelos índios naquela época era um depósito de lixo que demarcava o limite entre o bairro pobre e o conjunto de classe média. Ainda hoje, em conversa com alguns moradores que viveram esses dias de animosidades, o assunto todavia não se esgotou e ainda esperam a remoção da aldeia indígena para um outro local.

Em outro momento, do qual muitos se orgulham, foi quando a área que hoje abriga a praça de caminhada foi loteada para ser vendida, gerando revolta e a reação das famílias que moravam defronte ao local. Conta-se que se não fosse a destituição pelo voto da diretoria da Associação a época, hoje não teríamos a praça, o campo de futebol, em uma área comum tão extensa que hoje é uma raridade em Conjuntos Habitacionais modernos em nossa cidade. No entanto, infelizmente, nem sempre as ameaças ao patrimônio comunitário foram defendidas com tanto rigor, talvez porque foram feitas a revelia da opinião pública, ficando a informação restrita a uns poucos moradores engajados na preservação das áreas comuns e ecológicas de nosso conjunto. Conta-se da suposta invasão irregular de parte de nossa área verde por um atacadista, cuja lembrança ainda é amargada por alguns moradores. Não se sabe como a negociação foi feita, mas reside a dúvida, supostamente não esclarecida, de grilagem de uma extensa área pertencente ao sítio de proteção ambiental que cerca o Conjunto Santos Dumont.

No entanto, as ameaças ao patrimônio comunitário ainda não estão completamente estabelecidas no passado. Ainda hoje reside uma constante ameaça a área verde de nosso conjunto, porque não existe uma delimitação física de seus arredores, sendo dever de todos nós e, principalmente da diretoria da Associação dos Moradores do Santos Dumont, zelar pela proteção implacável de nosso patrimônio ambiental, para que esteja sempre livre do lixo e do abandono, que gera oportunidade para que exista a grilagem silenciosa do que pouco ainda restou do que antes compunha a área do Conjunto Parque das Seringueiras.

Neste momento em que o Conjunto Santos Dumont faz 30 anos, temos muitos motivos para comemorar, pois ainda hoje o nosso Conjunto Santos Dumont é um oásis, com suas ruas largas, com trânsito tranquilo, gente hospitaleira, educada e consciente. Um Conjunto que ainda guarda uma característica residencial, no qual todos se conhecem e que acolhem novos amigos. Sou feliz em pertencer ao Conjunto Santos Dumont, sendo esta resenha uma declaração de amor de um manauara que viveu em outras cidades, mas que não encontrou em nenhuma delas um sonho singular de felicidade que encontrou aqui.

João Lago.
Administrador, Prof. Msc em Administração.
Morador da Rua Comandante Rangel, Cj. Santos Dumont – Manaus/AM

PS.: Para os saudosistas, seguem abaixo cópia: da primeira página do estatuto, da capa do manual do proprietário, do edital de entrega das casas e do primeiro carnê de contribuição do moradores da Associação no qual a moeda ainda era o cruzeiro.

Referência: 1. Bernal, Roberto Jaramillo. Índios Urbanos: Processo de reconformação das identidades étnicas indígenas de Manaus, pag. 103-105. Manaus: Editora UFAM / Faculdade Salesiana Dom Bosco, 2009.



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