Powered By Blogger

domingo, 21 de novembro de 2010

Abandono da Escola Olga Falcone

A professora Olga Falcone da Silva não mereceu muitas menções no Google, site de pesquisas mais popular da web, no qual os internautas buscam sanar suas dúvidas, em uma forma moderna de Oráculo de Delfos que na Grécia Antiga os gregos vinham para colocar suas questões e obter a respostas dos deuses. A diferença entre o oráculo antigo e o moderno, é que na Grécia os cidadãos buscavam a previsão do futuro, já no oráculo moderno, os internautas buscam sanar dúvidas de fatos ocorridos no presente e passado para quem sabe produzir fatos de efeito no futuro. Justamente com esta visão moderna é que escrevo esta resenha.

Hoje, na saída da missa das 7h da Igreja de São Marcos, fui chamado por um amigo para ver o muro que caiu na divisa entre a igreja e a Escola Estadual Olga Falcone. É bem verdade que para mim não foi uma surpresa, pois há três meses, sem precisar consultar nenhum oráculo, eu previa que o muro iria cair por dois fatores: Primeiro pelo abandono da escola Olga Falcone, interditada há mais de um ano pela Defesa Civil por conta de um formigueiro que vem ruindo a estrutura de sustentação de uma coluna. Segundo, pelo muro de arrimo mal feito, incapaz de segurar o acúmulo de terra molhada e pela própria gravidade, sendo óbvio que tudo era uma questão de tempo (de muita chuva principalmente). O verão amazônico chegou, com muita chuva e o muro ruiu, acompanhando a própria ruína da educação no Amazonas, cuja média em 2009 no IDBE (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) foi de 3,9 em uma escala que vai até 10 e abaixo da meta nacional fixada em 4,2.

No contexto do discurso que a educação básica no Brasil é de péssima qualidade, imagine ser reprovado em uma escala que acompanha um ensino medíocre, ou seja, não se precisa de nenhum exercício de clarividência para prever que esta geração está perdida e que este quadro de abandono refletirá no aumento do desemprego, em um mercado cada vez mais competitivo, que não tem vagas para indivíduos de baixa qualificação, no aumento da informalidade, pela horda de empreendedores por necessidade e, por conseguinte, no aumento dos índices de violência pela falta de perspectiva dos jovens.

Em 2005 o IDEB do Amazonas era de 3,1 o que corresponde que houve uma melhoria de desempenho, mas neste passo somente em 2015 é que chegaremos a uma média 5, que na verdade não será conseguido se escolas como a Olga Falcone continuarem fechadas, já que a consequencia óbvia é a diminuição de bancos escolares que inevitavelmente leva a superlotação em outras escolas, maior custo da população em gastos com transporte, colocando no péssimo transporte público alunos, professores, funcionários que poderiam prescindir deste serviço. Tudo é abandono, inclusive do pequeno bosque nas cercanias da escola, que poderia ser utilizado como um campo experimental de contato dos alunos com o meio ambiente, funciona como depósito de lixo, dormitório de ratos, local de consumo de drogas, ponto de encontro sexuais e local no qual andarilhos se abrigam, fazendo suas necessidades fisiológicas, degradando ainda mais o que poderia ser um local agradável também para famílias.

No cenário produzido por um simples formigueiro, no qual uma pequenina formiga, irmanada a tantas outras, é capaz de destruir uma escola, fico pensando como podemos ser mais reles que uma formiga quando nos calamos frente a um descalabro. No entanto, basta nos unirmos em comunidade e um primeiro passo contra a ignorância pode ser dado pela simples demonstração de uma indignação coletiva que resulte no agir.

João Lago
Administrador, Prof. Msc Administração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário