Um amigo que é
sacerdote retornou de Assis (Itália) com uma cruz de madeira em um
cordão com três nós, cada um representando: castidade, pobreza e
obediência, cuja missão franciscana seria praticar e pregar
simplicidade, amor a Deus e a caridade cristã. Imediatamente
coloquei o cordão em meu pescoço.
Faz um bom tempo que
não uso qualquer adorno no pescoço, pois o último que tinha foi-me
levado em um assalto à mão armada em Belo Horizonte em 2005,
juntamente com um carro que eu tinha e que jamais foi recuperado.
Materialmente o veículo tinha maior valor, mas sentimentalmente o
cordão tinha grande significado, pois carregava a metade de uma
medalha que compartilhava com Nazaré, assim simbolizando um amor
único divido em dois. Não somente isto, mas durante o tempo que
morei na capital mineira tive minha casa assaltada algumas vezes,
perdendo bens materiais usados no conforto do dia a dia. Isto causou
muito desânimo momentâneo, mas reforçou minha convicção que o
bem maior é a vida e a esperança, pois ambas é que nos permite
sempre recomeçar.
Esta minha experiência
em perdas materiais há algum tempo levou-me a valorizar aquilo que é
desprezado pela maioria dos homens, principalmente buscando não unir
valor material com valor sentimental. Talvez, aquela medalha
arrancada de meu pescoço levou consigo todo o apego material que
possa ter por qualquer objeto que tenha um valor intrínseco. Isto
permite que se tenha um outro olhar para a vida, favorecendo muito
mais as relações pessoais e a amizade que reciprocamente são
equilibradas e divididas.
Assim, este cordão que
tenho comigo sintetiza tudo que hoje considero importante:
- Pobreza, simbolizada pelo desapego a qualquer coisa que se possa atribuir valor monetário;
- Castidade, simbolizada pela fidelidade que tenho a quem amo, levando-me a cultivar um coração solidário e fraterno;
- Obediência, que pode ser descrita pelo profundo amor que tenho a Deus.
O mais prazeroso é
saber que ninguém se sentirá motivado a arrancá-lo de meu pescoço.
João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont
(*) A foto é do autor do texto quando criança, em homenagem a esta semana da criança que se inicia.
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