Caro Arthur Virgílio Neto
Primeiramente
gostaríamos de parabenizá-lo por tua decisão de enfrentar o grupo
político de Eduardo Braga, sendo tua vitória o entendimento do
manauara em escolher, dentre todos aqueles que se identificam como
oposição, o mais capaz para conduzir uma forma de governar
diferente para a nossa cidade. Desejamos uma administração que seja
transparente em seus gastos públicos, em suas licitações, em suas
obras, todas voltadas ao interesse público e não para favorecer
interesses de grupos financeiros, ou mesmo dirigida ao populismo do
voto fácil.
Aguardamos que as
primeiras declarações de teu governo sejam dirigidas a reafirmação
de valores como: Honestidade, honradez, equidade, impessoalidade e,
principalmente, intolerância a qualquer tipo de desvio a esses
princípios fundamentais. Além disto tudo, o manauara possui
majoritariamente uma ideologia cristã, que por si só traz consigo
outros valores fundamentais como solidariedade, fraternidade e a
defesa da vida em toda a sua complexidade. Não só por isso, ou por
causa disto, que o amor a Deus e a rejeição ao aborto tenham sido
utilizados como critério de peso na escolha de um político que se
identifique com a fé manauara. Muitas vezes, o político eleito
esquece de todos esses princípios e se deixa seduzir pelas vozes
que aliciam e pregam justamento o contrário.
Recentemente o prefeito
Amazonino Mendes deu declaração que Manaus é uma cidade difícil
de governar, porque são muitos os desejos de grupos que conflitam
com o interesse público, sendo estes que tornam Manaus ingovernável.
Realmente Amazonino tem razão dentro de sua ótica de governar,
porque muitos dos desmandos e das tragédias urbanas que vemos em
nossa cidade são justamente derivadas da leniência do poder público à
pressão de determinados grupos nesses trinta anos de governos
desastrosos. Neste aspecto ele tem muita experiência nisto, além de
outras defecções que o fizeram um homem rico.
Agora, como organizar o
transporte público, se os donos (ou o dono) dos ônibus têm
interesses contrários e trabalham contra qualquer tentativa de
melhoria?
Como organizar o
trânsito, se mesmo o manauara médio que diz desejar mudanças não
abdica de sair de casa sem o carro? Estaria esse manauara disposto a
migrar para o transporte público de massa?
Como organizar o centro
da cidade, se os “informais”, que não pagam impostos e vendem
produtos piratas ou contrabandeados, acham-se no direito a continuar
na ilegalidade, concorrendo de maneira desleal com aqueles que montam
o seu negócio de formar regular e dentro da lei?
Como cuidar da saúde
em uma cidade que não há coleta de esgoto, quando sabemos que uma das
maiores causas de mortalidade infantil é a diarreia pelas péssimas
condições sanitárias de comunidades periféricas?
Como agir com
vereadores viciados pelos governos anteriores, afeitos a jogar para a
plateia, mesmo que seja em detrimento do interesse público, como por
exemplo: aprovar serviço de mototáxi colocando risco a vida de
pessoas que buscam solução de locomoção em um trânsito caótico
e com péssima alternativa no transporte público, sendo o que mais
vemos todos os dias nas ruas são motos e gente estatelada no chão?
Como prover educação
de qualidade na periferia, quando a carreira de professor não é
valorizada, nem respeitada como essencial no fator mudança da
sociedade, com tantas escolas sem infraestrutura adequada, ou com
falta da merenda escolar, ou mesmo de materiais para a condução de
uma trabalho de docência de qualidade?
São muitas as
perguntas que merecem uma resposta, mas neste pleito não foram
discutidas em profundidade propostas que possam dar solução a todas
essas inquietações, que são urgentes e legítimas do povo
manauara. Portanto, não esperamos um prefeito que não venha a
agradar a todos, tão pouco um que seja campeão de popularidade,
principalmente quando iniciar chocando-se com interesses
particulares. Todavia, paradoxalmente o apoio popular virá quando
for entregue uma parte do que foi prometido em campanha: Um
transporte descente e de qualidade, as creches para nossos filhos, a
água nas torneiras de quem não tem e um centro limpo, organizado, não só para o turista, mas para os manauaras. Os demais compromissos assumidos queremos
que sejam cumpridos, também como forma de resgatar a credibilidade
das promessas de campanha, para que não pareça que novamente fomos
enganados em mais um estelionato eleitoral, no qual o atual prefeito
poderia ser considerado filho de Gepeto, com um enorme nariz e cara
de pau.
Por último prefeito,
não elegemos o político do PSDB paulista, alinhado com o pensamento
hegemônico do sudeste, mas elegemos um político manauara que esteja
atento aos interesses desta terra, que lhe presentou com 603.483
votos de confiança.
Desejamos-lhe Arthur
Neto todo sucesso como prefeito de nossa cidade, ao mesmo tempo que
nós manauaras ficaremos atentos para cobrar que esses próximos
quatro anos sejam o início de uma verdadeira mudança, na forma
tratar a coisa pública, na maneira de pensar o bem comum.
João Lago
Administrador e
professor.