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terça-feira, 3 de julho de 2012

Minhas roupas usadas

Há pouco estive em um casamento, que no início relutei um pouco em ir, pelo fato de ter que sair de casa em um final de domingo e, por um motivo mais prosaíco, de ter que vestir-me para uma cerimônia que se pede certa pompa.

Ao procurar o que vestir, notei que sou muito o que reflete minhas roupas penduradas no cabide e dentro de minhas gavetas. Primeiro, percebi que tenho peças que visto há bastante tempo, assim como algumas ideias que me acompanham há longos anos. Ainda que não as use com frequência, sei que ali estão sempre prontas para me vestir quando necessário.

Ao remexer mais um pouco as gavetas, encontro peças já puídas, bem desgastadas, mas que são muito confortáveis de usar, assim como algumas concepções de vida que se sustentam apesar de ouvir que estão fora de moda, ou em desuso. Não ligo porque as visto para mim, não para agradar os outros.

Por final, em lugar de destaque, tem aquelas que são do dia-a-dia, com as quais sou visto com certa assiduidade e que refletem muito o meu jeito de ser, ou como prefere alguns, revelam meu estilo de vida característico. Um detalhe pode ser percebido logo de cara, elas não possuem identificação de propriedade de nenhuma grife, ou qualquer emblema, ou sinal que identifique que valem mais do que a pessoa que a usa. Não que isto seja um sinal de arrogância de minha parte, apenas refletem que, assim como minhas ideias, minhas roupas não foram concebidas por outros para que eu as utilize como peças de um troféu. Isto indica que valorizo o que visto pela forma que se moldam em meu corpo, não porque ostentam um valor artificial que só tem sentido para aqueles que identificam como peça de grife.

Acabei escolhendo vestir-me para esse casamento com minhas ideias de longo anos. Os noivos, em detalhe especial, casaram na igreja, como direito a ave Maria na entrada da noiva e tinham mais de sessenta anos. Ela viúva há mais de dez anos, reencontra o primeiro namorado, também viúvo, e ambos decidem reatar o que perderam revelando que o amor é capaz de esperar e reviver mesmo quando o senso comum diz que deveria ser esquecido.

O amor, sempre o amor.

João Lago
Administrador, ativista social e professor


AS CINCO PÉTALAS DO AMOR.........................................

Uma vez no horizonte abriu-se em cinco pétalas
e cada uma representava um sentido da vida

A primeira era verde como a cor da esperança
pois há muito tempo os olhares se perdiam no vazio

A segunda era vermelha como a cor da paixão
pois não havia mais no coração do homem o ardor

A terceira era branca como o puro mármore
pois representava a paz perdida em meio a multidão

A quarta era amarela como ouro bruto e inculto
pois aquele homem não merecia se cobrir de riquezas

A quinta era negra como a escuridão da noite
pois de olhos fechados é que podemos refletir

Não há horizonte que não se cubra de luz e de escuridão.

Não existe amor que não se mostre insensato e passional.

Não se explica com palavras aquilo se sente no íntimo.

Ouça apenas o coração

Veja o brilho que tenho nos meus olhos

Apenas deixe-me amar em silêncio.

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