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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Confissão de uma caboquice

O termo “caboquice” aqui em Manaus é usado para descrever pavulagem de “caboco”. O termo não tem o mesmo significado de “cabloco”, que está no dicionário como mestiço de branco com índio, mas é uma derivação pejorativa que pode descrever no substantivo o indivíduo nativo manauara de pouca educação e instrução. Já o adjetivo traduz-se desde a falta de compostura até o mal gosto.
O “caboco” é cheio de “leseira”, ou, como queiram, repleto de “caboquice”, mas em uma análise não semântica sobre o que é considerado “caboquice”, vejo que será chamado de “caboco” aquele indivíduo que viola o padrão estético de aceitação de uma minoria, que se utiliza da criação de rótulos para destilar seu preconceito.

Vamos a um exemplo prático e imaginar um “caboco” com um telefone pendurado no pescoço em plena rua Marechal Deodoro (rua central de Manaus), conhecida como “bate-palma” devido ao grande número de vendedores que ficam do lado de fora das lojas a bater palmas chamando os fregueses a entrar. Será o telefone pendurado no pescoço um exemplo de “caboquice”?

Antes de responder, veja a imagem abaixo e diga sinceramente se é, ou não é, coisa de “caboco”. Trata-se de um fone para celular que imita um telefone antigo. No entanto, antes que concorde em chamar o acessório de “caboquice” e pense que tirei esta foto na rua do bate palmas aqui em Manaus, o sujeito em questão é o cantor Lenny Kravitz que atende ao seu celular em uma rua de Manhattan em Nova Iorque. Se não sabes quem é Lenny Kravitz, provavelmente já deves ter ouvido falar de uma das inúmeras beldades que já namoraram o rapaz, dentre elas: Nicole Kidman, Madonna e Penélope Cruz.












Porém, não foi somente Lenny Kravitz que foi visto com este fone retrô pelas ruas da cidade. Também carregam o seu por aí Jamie Lee Courtis, Sarah Jessica Parker (de Sex and City), Daniel Craig (James Bond), incluindo os tupiniquins Carol Castro, Narcisa Tamborindeguy e por aí vai.
É, talvez após tantas referências a respeito da beleza e da utilidade do produto alguns novos adeptos da moda se arvorem a sair correndo encomendar o seu.

Eu mesmo às vezes me dou a certas “caboquices”. Por exemplo, quem me conhece um pouquinho mais sabe que gosto muito de correr e que isto é um hábito que carrego há alguns anos. Certa vez, querendo aproveitar o sol de verão na capital mineira, coloquei um par de tênis e uma sunga e fui correr ao redor da lagoa da Pampulha. Para mim uma combinação perfeita: Um grande espelho d'água, o mormaço, correr com o vento no rosto e no corpo. No entanto, minha ousadia foi saudada com várias palavras de incentivo gritadas pela janelas dos carros que passavam por mim, as quais minha educação não permite aqui colocá-las. Segui em frente, não dando ouvidos as críticas, completando o meu percurso.

Pavulagem e “caboquices” a parte, tudo depende muito de quem as comete.

Eita povinho besta!

João Lago
Administrador, professor e ativista social

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