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domingo, 3 de junho de 2012

Uma questão de amor



Inegavelmente hoje vivo os assuntos de minha religião com mais intensidade do que tratava no passado recente. No entanto, não somente agora, mas sempre senti necessidade do recolhimento espiritual que encontrava no silêncio de uma igreja, como uma busca de respostas as minhas angústias por meio de um diálogo introspectivo e solitário. Talvez por essa minha característica de viver assim minha espiritualidade sempre preferi celebrações tradicionais, sóbrias e sem tantas manifestações de alegrias e alegorias.

Aproximar-me das coisas da religião não me faz diferente de antes, apenas me fez mais atuante na igreja, com o viés de tirar-em do anomimato, pois fico mais aparente, mais disponível, mais cobrado, menos invisível. Se o ofício de professor já aumentava minha surpeficie de contato com o tecido social, participar ativamente de movimentos sociais, incluindo-se a participação na Igreja, tem o condão de criar muitas simpatias, mas também algumas inimizades.

Em 2006, quando trabalhava em Brasília, conheci um colega de trabalho muito culto, politizado, que possuía algumas afinidades comigo, principalmente em relação a literatura e música. Eu, nas terça-feiras, frequentador assíduo dos concertos de música no teatro Cláudio Santoro, ele um apreciador de Jazz, com frequência marcada em um barzinho em uma das quadras do Sudoeste bem próximo de onde eu morava. Trocávamos experiências musicais, literárias e faziamos algumas reflexões sobre nossa maneira de encarar a política e o trabalho comum. Aos domingos, algumas vezes pedalávamos do Cruzeiro até o aeroporto JK, em um percurso cansativo, perigoso, mas estimulante.

Depois de um certo tempo, talvez com a confiança inerente da frequência da convivência, esse meu colega fez-me a seguinte pergunta: - “João, somos amigos, compartilhamos de gostos comuns, considero você um cara inteligente, culto, mas tem algo que me incomoda em você”. Eu sem compreender muito bem a finalidade dessa observação, mas curioso no que poderia ser, perguntei o que em mim o desagradava tanto, recebendo como resposta: - “Não sei como alguém como você pode se apegar a supertição”. A “supertição”, na concepção deste colega, era minha necessidade de lembrar-me de Deus e o hábito de ir a igreja aos domingos. Interessante, que jamais tive em nossas conversas a imposição de minha fé, sendo que ele sabia de minha crença em Deus por eu pedalar aos domingos somente depois da missa, ou em minhas despedidas nas quais acrescentava ao final: “se Deus quiser”, mas nunca pude supor que isto o incomodava, assim como nunca me senti incomodado com o fato dele declarar-se ateu.

Sinceramente eu poderia ensaiar um longo discurso para tentar justificar o propósito de minha crença em Deus, mas sabia de antemão que nesses casos nenhum discurso seria suficientemente convincente para quem não deseja ser convencido de absolutamente nada, tão pouco eu sentia-me motivado a convencê-lo de qualquer coisa, apesar que eu precisava responder aquela provocação. Então, respondi assim:

  • Olha, eu me sinto suficientemente confortável em acreditar em Deus, em ser cristão e pautar-me nos ensinamentos morais e éticos de uma ideologia cristã. Tenho três filhos e mais confortavelmente me sinto em educá-los nesses princípios e isto poderia ser um motivo mais que suficiente, mesmo que eu fosse agnóstico, de seguir a mensagem de amor e solidariedade de Cristo pela força de seu conteúdo pedagógico. Não preciso criar absolutamente nada, pois tudo já está dito e escrito, mas para aqueles que tem filhos e que não tem a filosofia cristã como pano de fundo educacional, apenas posso dizer: Boa sorte, pois tudo tem que ser recriado.

Esse colega tem filhos e demonstrava ser um bom pai, assim nada mais natural que lançar um outro olhar de reflexão sobre o quanto é importante a presença de Deus em nossa vida. O sentido do amor, para quem é um pai dedicado e quer o bem de seus filhos, não poderia ignorar que a religião (com conteúdo de amor e solidariedade) é necessária por orientar valores morais universais.

Quando o homem se esvazia de Deus, abre necessidade de preencher este vazio com outras coisas, assim escolher o que compor essa nova conduta nem sempre é um caminho fácil e feliz.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conj. Santos Dumont

Um comentário:

  1. JOÃO, lindo depoimento,vc esta no caminho certo.tem uma frase q eu costumo dizer aos meus dois filhos,''pode acabar tudo,mas a unica coisa q jamais pode deixar de existir em nossas vidas,é a fé eo amor q temos por DEUS.pois se temos fé e acreditamos nele,nem tudo esta perdido.o amor supera qualquer dificuldade,a fé nus fortalece,e a crença em DEUS faz acreditarmos em algo bem melhor.

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