Nesse semana que passou eu consegui assistir parte de uma comédia na televisão que sequer sei o nome direito. No entanto, lembro que dormi antes de conseguir ver o final, então deve ter sido depois de um dia cansativo de trabalho, no qual ao final do dia as forças se esvaem. Se não me falha a memória o título do filme é “a verdade nua e crua”.
A comédia se desenrola com um indivíduo tentando ensinar uma mulher de como agir para conquistar e prender a atenção de um rapaz. Veja, não sei se pela perspectiva feminina a conduta da atriz possa ter alguma semelhança com a realidade, mas no que toca o modo de agir masculino, posso dizer que deve abranger uma boa quantidade de homens. Porém, o que me motivou a escrever sobre este filme foi a elucubração que fiz ao tentar relacionar este tema com a teoria de marketing que aborda a construção de valor. Logicamente como a construção de valor acontece sob um prisma comportamental, então a comparação fica mais fácil de fazer, pois abordamos atitudes humanas.
Quando as dicas de como prender a atenção se iniciam, o homem ensina a mulher que ela deve mostrar, sem muito exagero, certa dose de indiferença. Assim, quando a mulher é percebida como não estando assim tão interessada, pode despertar no outro o desejo de participar do jogo da conquista, ou se houver resistência do homem em entrar na peleja é porque o relacionamento per si não valhe a pena. Logo, a mulher não deve criar expectativas e desistir. Esta perspectiva poderia ser relacionada com o preço pelo qual alguém poderia estar disposto a pagar por algo que seja de sua necessidade (material ou psicológica) quando aquilo que é escasso pode significar um preço maior. Dar uma de difícil, como metáfora, pode passar a impressão de produto exclusivo, feito para poucos.
Na segunda lição o homem ensina a mulher como vestir-se, que logicamente pode estar intimamente relacionado com o seu estilo de vida. No caso da personagem da comédia, a mulher vestia-se com pouca feminilidade, tendo recebido como conselho: “Por fora abrassadora, mas pelas atitudes ser percebida como pudica”. No entanto, ao meu juízo aqui reside um erro de posicionamento, pelo fato que na procura o simples fato de parecer abrassadora pode rechaçar aqueles que buscam mulheres com comportamento comedido. No mundo dos negócios acontece a mesma coisa: Um erro de posicionamento pode causar confusão na mente do consumidor e este não identificar o valor que procura em um produto ou serviço. Assim, por analogia, ao gerar confusão na mensagem que deseja fazer perceber, a empresa perde clientes e, no caso de relacionamentos, a mulher pode não alcançar o homem idealizado que deseja para si.
Erros de posicionamento são como mentiras, pois passam uma imagem que não condiz com a proposta real, havendo como consequência a frustação e a decepção. Neste sentido, um documentário que assisti sobre o jogo da sedução (vídeo abaixo), aponta como as mulheres iniciam seu jogo de conquista procurando passar uma imagem de solidariedade e autruísmo, pois é essa uma forma de passar valor. Nada mais natural, já que no inicio de relacionamentos o que se busca mostrar é o melhor de si, seja por meio de aspectos ou atributos físicos e, ou, por demonstrações de intelectualidade, cultura, atitudes, boa situação financeira etc. Cada um usa o que acredita ser melhor em si para oferecer e conquistar.
Atributos físicos podem até ser importantes para promover a aproximação, mas logo se esgotam o que parece sinalizar que a intensa rotatividade na procura de alguém baseado somente na aparência possa não criar valor algum. Assim, a aposta reside justamente em fazer a maior quantidade de experimentações possíveis. Interessante que em um passado não muito distante, o que se apontava era justamente atributos não físicos como importantes tais como: rapaz responsável, de boa família, trabalhador, ou moça prendada, boa filha e assim por diante.
Para não me alongar muito nesta reflexão, os noticiários estão abordando intensamente o assassinato do executivo da Yoki que foi esquartejado por sua esposa, uma ex-garota de programa. Não desejo ser preconceituoso, mas apenas tentar entender o porque das humilhações e ameaças que a esposa dizia passar. Talvez simplesmente pelos aspectos físicos que aquele homem se uniu aquela mulher, mas por falta de outros atributos que não somente de prazer sexual, o tempo desgastou a única coisa que era capaz de gerar valor.
Pode parecer lugar comum, mas quando o homem se apaixona tendo o físico como principal atributo, não valorizando a história de vida da mulher e o que ela representa, a sobrevida do relacionamento não ultrapassa a banalização da entrega dos corpos. A monotonia chega rápido e assim como o desejo vem, ele vai em nova direção, o que justifica o final (às vezes trágicos) dos relacionamentos.
João Lago
Administrador, professor, ativista social e morador do Conjunto Santos Dumont
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