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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Opinião: Vamos enfrentar o dragão com a união de todos nós


Devo confessar que foi uma conversa muito proveitosa. O secretário estadual de segurança pública, coronel Paulo Roberto Vital, o comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas, coronel Almir David, e o delegado-geral da Polícia Civil, dr. Mário César Nunes, vieram até minha casa e trocamos ideias sobre os problemas de segurança enfrentados por nosso povo.

Asseguraram-me que irão ao encontro de outras lideranças do Estado para expor o trabalho realizado ou a ser realizado bem como para buscar parcerias. Está aí uma louvável iniciativa de quem é responsável pela paz pública.

As polícias não conseguirão fulminar o dragão da violência sem o apoio dos poderes constituídos e da sociedade civil. Elas atacam os efeitos do fenômeno e não suas causas. Têm papel importante mas não decisivo. A violência é enorme porque a sociedade se tornou violenta. Quando pensamos no que acontece dentro de muitas casas, entre membros da mesma família, ficamos assustados.

Há pouco tempo, a Pastoral da Criança lançou uma campanha contra a violência física e sexual que pais, padrastos, tios, irmãos, avós e outros parentes exercem em cima das crianças. O nome da campanha era “A paz começa em casa”. Brigas entre marido ou companheiro e esposa ou companheira têm causado ferimentos e mortes anunciadas diariamente em jornais.

A perda dos valores provocou promiscuidade que causou o número assombroso de gravidez de meninas de idade inferior a 14 anos. Que se pode esperar de crianças vindas ao mundo em tais circunstâncias? A família tornou-se frágil e os casais, ao separarem-se, pensam cada um em si e esquecem-se dos filhos. As consequências estão aí para todo mundo ver: jovens problemáticos.

Violência provoca violência. A maneira como nossa gente é tratada quando adoece humilha qualquer ser humano. As leis garantem ao cidadão o direito ao bom atendimento e os meios para recuperar-se de enfermidades.

Às vezes são meses que o paciente deve esperar para certos exames. E as filas, então? E o transporte coletivo? Ônibus superlotados sem o mínimo conforto indicam a maneira como são violentados os que deles necessitam. A miséria, em que está mergulhada parte da população, expõe condições subumanas. Violência gera violência.

E as drogas e as bebidas alcoólicas? Que tristeza ver nossos jovens serem dizimados pelo narcotráfico. Os dependentes químicos se converteram em armas voltadas contra famílias e pessoas que vivem do trabalho. O mundo começa a ser refém dos narcotraficantes. A corrupção de homens públicos e sua impunidade incentivam a criminalidade.

O Legislativo deve assumir a tarefa de rever leis e criar outras mais eficazes. O judiciário não pode ser condescendente com os criminosos. As polícias necessitam recuperar a credibilidade. Jesus chama felizes os que constroem a paz porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). O dragão da violência está aí todo assanhado.

Vamos vencê-lo com a união de todos nós.

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus

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