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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Estado diz que pode abortar monotrilho

O Jornal Diário do Amazonas de ontem (3/5), traz a notícia que o governo admite que poderá desistir do projeto do monotrilho se o mesmo não for adequado à mobilidade urbana com um valor acessível à população. Podemos dizer que esta notícia nos deixa mais confortáveis, mas não diminui nossa preocupação, haja vista que existem vários interesses (e interessados) que o projeto siga em frente, mesmo sendo, pelo parecer do Ministério Público Federal – MPF e Controladoria Geral da União – CGU, completamente inviável sob o ponto de vista financeiro.

Clique na imagem e baixe a notícia no seu computador.




Ao mesmo tempo, retorna-se a discussão de qual seria o melhor sistema de transporte de massa que poderia atender a população manauara, entre as opções plausíveis destacamos:

- BRT (Bus Rapid Transit) – Que é algo que se tentou em Manaus com Alfredo Nascimento (quando Prefeito) e Omar Aziz (como vice-prefeito e secretário de obras de Nascimento), cujo resultado foi o Expresso. Não vou dizer que o BRT é ruim a partir da experiência que temos, mas os resultados dizem, comparados aos casos de sucesso em outras cidades no mundo e no Brasil, que o projeto foi mal elaborado e por isso fracassou. Cito como exemplo de sucesso o Transmilenio de Bogotá, que inclusive fiz uma apresentação do sistema e discuto com meus alunos as diferenças abismais que existem entre o Expresso e o Transmilenio. O que realmente fez a diferença é que se tirou dos empresários de ônibus a gestão do sistema e da arrecadação. Ao dono do ônibus não coube mais a decisão de quantos veículos colocar no sistema e deixou de receber o valor da passagem das mãos da população, pois nesta dinâmica é melhor para o dono do ônibus (economicamente falando) colocar menos veículos e lotá-los. Em Bogotá o empresário, no sistema Transmilenio, passou a receber por km/rodado, ou seja, um ônibus quebrado, ou parado, é prejuízo porque deixa de receber, então ele tem interesse que o ônibus tenha manutenção e rode. Logicamente todo um sistema de monitoramento via rádio (tipo GPS) foi implantado dando ao gestor do sistema, em tempo real, a localização de cada ônibus de forma a saber o quanto ele roda, podendo inclusive direcioná-lo para atender eventuais aumentos de demanda (mais passageiros) em dada rota e horário. A distribuição de cartões inteligentes também foi essencial para que o sistema funcionasse e atendesse 2 milhões de passageiros/dia (toda a população de Manaus dentro de ônibus todos os dias) em uma cidade cuja população é de 7 milhões de pessoas. Em várias oportunidade estive em Bogotá e comprovei a eficácia do sistema que está programado para que não haja espera superiores a 10 minutos em média nas estações. Ou seja, não se passa mais de 10 minutos a espera de um ônibus e tem locais que a espera mínima é de 3 minutos.

- VLT (Veículo Leve sobre Trilho) – É uma opção que pode ser utilizada também em Manaus, principalmente porque ocupa menos área em sua implantação que o BRT, que exige pelo menos a disponibilidade de duas pistas para que o sistema funcione. O VLT para que entre em centros urbanos, tem que ter poucos vagões, para não comprometer a segurança, funcionando como existia os antigos bondes de Manaus (do mesmo jeito). Meu filho que esteve em Amsterdã este ano chamou atenção que o sistema de VLT convive com o meio de transporte mais comum na cidade: As bicicletas (foto abaixo).



No entanto, se é para utilizarmos exemplos de caso de sucesso de países desenvolvidos, tomemos o exemplo de Estocolmo, na Suécia, que tem metrô, VLT e até a “catraia” (que aqui em Manaus foi proposta por um candidato para ligar a Zona Leste ao Centro). Logo abaixo pode ver um vídeo que foi exibido no Jornal Nacional que mostra como o transporte de massa é feito em Estocolmo, além de outras formas de transporte alternativo.

Não podemos sonhar transformar Manaus em Estocolmo em passe de mágica, quando nem ônibus temos direito, mas podemos planejar o que realmente queremos, partindo de uma mudança de mentalidade que nossas ruas não comportam a quantidade de veículos que temos hoje e cada vez mais é tendência mundial (nos países ricos e desenvolvidos) que deixemos o carro em casa e que passemos a utilizar o transporte público.



Enquanto não temos o transporte dos sonhos, pelos menos vamos afastando, com a conscientização de todos que realmente desejam o melhor para esta cidade, o fantasma do monotrilho de nossas ruas.

João Lago
Administrador, professor e morador do Cj. Santos Dumont

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