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sábado, 23 de maio de 2015

Coxinha e Moralista


Um colega de profissão e amigo de facebook compartilhou uma postagem em alusão ao dia da assistente social (15/5), de autoria da deputada Erika Kokay (PT-DF), na qual publiquei que a referida autora responde no STF ao inquérito 3129 (corrupção ativa/quadrilha ou bando/lavagem de dinheiro), relativo à acusação que teria feito caixa dois na campanha eleitoral de 2006. Logo em seguida, um sujeito que nunca vi mais gordo pôs a chamar-me de “bandido” moralista, além de resolver, a minha revelia e por sua conta, filiar-me automaticamente ao PSDB, chamando-me inclusive de “coxinha”. De todos os impropérios, que em nada me abalou, um adjetivo chamou minha atenção, o de “moralista”.

É interessante notar que o significado de moralista, segundo o dicionário Aurélio, é aquele “que ou quem escreve sobre moral, ou preconiza preceitos morais”. No entanto, muito longe de considerar-me possuidor de elevadas virtudes morais que me possam colocar em lugar de destaque e superioridade, mesmo porque sou humano e falível, não tenho receio e nem me abstenho de deitar, como diz a própria definição do vernáculo, os valores que acredito serem essenciais para transformar a sociedade em mais justa e fraterna. Assim, causa-me espécie que o relativismo de oportunistas somente preconize a necessidade de moral e valores as práticas alheias, mas que não impeça ações escusas ou desvios éticos de si próprios e de seus apaniguados. Daí a imensa revolta que causei ao expor os desvios éticos de quem tem mandato parlamentar, pois acredito que os representantes do povo devam manter uma conduta exemplar na qual é inaceitável qualquer relativismo da moral.

Importante dizer que depois da redemocratização do Brasil foi o PT - Partido dos Trabalhadores - que mais cobrou moral e criticou os valores vigentes de fazer a política na época. Em 1997, Lula deu entrevista ao jornalista ao Augusto Nunes para um documentário patrocinado pelo BankBoston e produzido pela TV1, na qual criticou a maneira de fazer política com as seguintes afirmações: - “o Jânio Quadros, ele faz parte de um tipo de político de que o povo gosta que na minha opinião, enquanto o povo gostar de políticos como ele, nós não saímos do atraso. Sabe, o populista barato, o autoritário, o que acha que as pessoas tem que ter um chefe que mande e que dê ordem e que use a chibata, sabe, que não tem respeito pelas pessoas, que grita com jornalista (sic), que ofende os adversários, quer dizer, eu por minha formação política jamais me prestaria a ser um político desse tipo”(...) “Eu acho que o parlamento brasileiro funciona como uma espécie bolsa de valores. A verdade é que as pessoas de boa índole, as pessoas sérias, as pessoas comprometidas com as suas concepções ideológicas, são minoritárias no congresso, lamentavelmente aquilo é um balcão de negócios, cada eleição importante você vê como é que acontece, o presidente da república é obrigado a chamar o Judas para poder ver quantas moedas as pessoas precisam para votar. É essa, lamentavelmente, a atuação do Congresso Nacional e respeitando que tem gente da maior seriedade”.

Saliento que a mudança da ética do PT, a partir do momento que se tornou governo, espelha a antítese do discurso de seu líder máximo nas décadas de 80 e 90. Hoje o PT considera “heróis” os condenados pelo mensalão e passaram a denegrir a imagem de Joaquim Barbosa porque ousou liderar o Supremo Tribunal Federal e fazer justiça face às evidências e provas da rede de corrupção que havia para apoio político ao PT no Congresso Nacional. Inclusive, negam até hoje que tenha existido mensalão, da mesma forma que negam a participação de seu tesoureiro Vaccari no assalto a Petrobras e que Dilma e Lula nada sabiam, mesmo sendo esse o segundo guarda cofre do PT a ser preso. O PT chama a imprensa que noticia as falcatruas de “golpista” e revolta-se contra o juiz Sérgio Moro porque este está cumprindo o seu dever constitucional de promover a justiça e move campanhas de ataques a sua honra na internet.

O que eu posso dizer aqueles que dizem que sou “moralista” é que mantenho os mesmos valores que tinha nos anos 90, pois não fui eu que relativizei minha moral. Definitivamente continuo o mesmo em minhas convicções éticas e jamais acreditei que os fins justificam os meios. Não fui eu que mudei de lado e sei muito bem identificar um populista barato e autoritário.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont

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