Marcelo Ramos é Deputado Estadual pelo PSB e foi vereador em Manaus. Advogado formado pela Universidade Federal do Amazonas, pós-graduado em Direito Processual Civil. Professor de Direito do Trabalho e Direito Civil, tem 40 anos, é casado com Juliana Monteiro Maranhão Ramos Rodrigues e tem dois fihos: Gabriel Jucá Ramos Rodrigues (17 anos) e Marcela Maranhão Ramos Rodrigues (1 ano).
Os temas abordados foram as promessas de campanha de políticos, plano de governo, desenvolvimento regional, Zona Franca de Manaus e preservação ambiental. Confira nossa entrevista:
Amipaz - Em uma análise dos últimos pleitos ocorridos em
nossa cidade, existe um fenômeno do candidato fazer promessas, mas após eleito
não vincular sua ação de governo ao que foi prometido durante a campanha.
Pergunto: O senhor identifica esse fenômeno à impossibilidade de execução das
promessas porque tem que barganhar apoio do parlamento, ou isto é simplesmente
uma crença dos políticos que o brasileiro tem memória curta?
Marcelo Ramos - Esse é um aspecto importante das eleições. Ninguém faz campanha dizendo
que vai fazer obra superfaturada, que vai encher o governo de apadrinhados, que
vai dirigir licitações. Ninguém nunca fez campanha dizendo que ia pagar mal aos
professores, que ia deixar pacientes sem remédio ou sem cirurgias. Todos
apresentam bons planos de governo, em regra, os candidatos mais poderosos
apresentam planos muito bem elaborados por técnicos pagos a peso de ouro. A
questão é saber se a conduta do candidato é coerente com o que ele prega. No
sistema brasileiro e, em especial no Amazonas, há uma concentração enorme de
poder no Executivo, portanto, o parlamento não tem força para impedir a
execução de um programa de governo. Candidato que não honra o que prometeu na
campanha é porque nunca teve compromisso com o que falou ao povo.
Amipaz - O senhor já tem um plano de governo definido que possa apresentar a sociedade amazonense? Quais serão os principais pontos estratégicos definidos para o desenvolvimento regional, principalmente para o desenvolvimento do interior do estado do Amazonas?
Amipaz - O senhor já tem um plano de governo definido que possa apresentar a sociedade amazonense? Quais serão os principais pontos estratégicos definidos para o desenvolvimento regional, principalmente para o desenvolvimento do interior do estado do Amazonas?
Marcelo Ramos - Temos um Plano de Governo construído sobre 3 pilares: transparência,
participação popular e eficiência administrativa. Partido dessas premissas
estabelecemos 5 pactos prioritários. PACTO DA EDUCAÇÃO, com investimento
no salário e na carreira dos professores, formação continuada e programas de
assistência estudantil, objetivando melhorar os índices PISA em português e
matemática (somos o penúltimo nas duas disciplinas) e o IDH-Educação (somos o
6º pior do país, segundo o CENSO 2010). PACTO DA SAÚDE, criar Carreira Médica
de Estado com ingresso começando pelo interior, criar Centros de Média
Complexidade nas cidades pólo por calha de rio, valorizar os profissionais de
saúde e acabar com a farra das terceirizações nos serviços de saúde. PACTO DA
SEGURANÇA, criar um programa transversal de defesa da vida, visando diminuir o
alarmante índice de 36 homicídios por 100 mil habitantes (eram 16 em 2004),
resgatar a essência do Programa de Polícia Comunitária Ronda no Bairro
resgatando os laços da polícia com a comunidade, valorizar os praças da PM que
atuam diretamente no combate ao crime. PACTO DA INFRAESTRUTURA, canalizar
investimentos públicos e induzir investimentos privados para construção de
portos, hidrovias, rodovias, soluções de energia e telecomunicações, afim de
tornar a PIM competitivo mesmo num ambiente de redução dos incentivos fiscais.
PACTO DO INTERIOR, fomentar uma nova matriz econômica identificada com as
nossas vocações naturais, investindo em pesquisa, ciência e tecnologia para
desenvolver a bioindústria de produtos da floresta, com a construção de
pequenos parques industriais nas cidades do interior, estimular o setor
primário com investimento em regularização fundiária, agilização de planos de
manejo, fomento e assistência técnica, além de um programa de recuperação e
manutenção de vicinais.
Amipaz - A Câmara
dos Deputados aprovou, no dia 4 deste mês, em segundo turno,a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 103/10 que prorroga, por 50 anos, a Zona Franca de
Manaus (ZFM). A ZFM tem exatamente a minha idade (47 anos) e nesse tempo todo
não surgiu outro modelo de desenvolvimento regional que favorecesse
principalmente o interior. Como o senhor vê essa nossa dependência da ZFM e
como poderemos diminuí-la nos próximos 50 anos se a mesma for ratificada no
senado federal?
Marcelo Ramos - Não só não surgiu outra alternativa, como, apesar da riqueza gerada pela
ZFM, não foi construída a infraestrutura necessária para que o modelo fosse
competitivo mesmo num mundo globalizando e num ambiente de maior competividade
e menores incentivos fiscais. Por isso, criar infraestrutura logística para o
PIM e desenvolver a bioindústria e o setor primário será obsessão do nosso
governo.
Amipaz - Há muito se pleiteia o asfaltamento da BR 319 que ligaria Manaus a Porto Velho, trazendo uma ligação rodoviária com o Sudeste do país. No entanto, assim como ocorreu na Sul do Pará, com a BR 158 no trecho entre Redenção e Santana do Araguaia onde o desmatamento é visível por imagens de satélite ao longo da rodovia, teme-se que idêntico desmatamento aconteça com o Sul do Amazonas. Qual seria, na sua opinião, o melhor modal que pudesse conciliar a necessária ligação do Amazonas com os grandes centros de consumo?
Amipaz - Há muito se pleiteia o asfaltamento da BR 319 que ligaria Manaus a Porto Velho, trazendo uma ligação rodoviária com o Sudeste do país. No entanto, assim como ocorreu na Sul do Pará, com a BR 158 no trecho entre Redenção e Santana do Araguaia onde o desmatamento é visível por imagens de satélite ao longo da rodovia, teme-se que idêntico desmatamento aconteça com o Sul do Amazonas. Qual seria, na sua opinião, o melhor modal que pudesse conciliar a necessária ligação do Amazonas com os grandes centros de consumo?
Marcelo Ramos - Penso que do ponto de vista econômico o modal hidroviário é o mais
importante para o Amazonas. No entanto, o modal rodoviário e, em especial, a BR
319 tem papel completar do ponto de vista econômico e, acima de tudo, papel de
integração nacional. Portanto, lutaremos para que todos os condicionantes
econômicos, sociais e ambientais sejam cumpridos e a rodovia seja recuperada.
Tenho certeza que nenhum ambientalista seria contra recuperar BR garantindo
sustentabilidade econômica, social e ambiental, assim como, nenhum
desenvolvimentista sério seria a favor da recuperação sem essas garantias.
Amipaz - A grande decepção do Manauara com a Copa do Mundo foi que as melhorias
prometidas não foram cumpridas, principalmente na questão da mobilidade urbana.
Em nossa análise o grande problema para a instalação do Sistema BRT é a falta
de vias largas que possam acomodar o sistema, pois o crescimento desordenado da
cidade criou bolsões de ruas estreitas que necessariamente para implantá-lo
haveria necessidade de uma grande intervenção com desocupações e indenizações,
talvez a um mesmo custo orçamentário de um Prosamim. Na sua opinião, qual seria
a melhor alternativa para mobilidade urbana em Manaus?
Marcelo Ramos - Primeiro é importante ter
clareza que não existe solução para a mobilidade urbana insistindo no
transporte individual motorizado. É preciso investimento em transporte coletivo
e em modais não motorizados como a bicicleta, com a construção de ciclovias,
ciclofaixas e ciclorotas, e mesmo a caminhada, recuperando calçadas e
arborizando a cidade. No transporte coletivo não enxergo outra alternativa
viável do ponto de vista econômico que não seja o BRT, com a construção de
corredores exclusivos e sinalização inteligente para aumentar a velocidade
média da frota. O governo teve a sua disposição R$ 1,8 bilhão de reais para
mobilidade urbana em Manaus e, com esse valor, poderia ter estruturado um
grande anel viário de BRT, com desapropriação e alargamento de vias em pontos
críticos, mas insistiu na aventura do monotrilho e acabou não fazendo nada.
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