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sábado, 2 de março de 2013

O APOCALIPSE SOLAR E A AMAZÔNIA



Para maio deste ano, está prevista pela Nasa (agência espacial estadunidense) uma forte tempestade solar que, se dirigida em direção a terra, poderá colocar a humanidade sem energia elétrica, telefonia, televisão e comunicação por satélite durante dias, meses ou anos.

Uma das visões apocalíticas que fala da extinção da vida humana na terra descreve uma grande tempestade solar, que são feixes de partículas impulsionados a velocidades altíssimas, que podem danificar por completo todas as redes de transmissão de energia elétrica e de telecomunicações, colocando a humanidade na escuridão e sem o conforto proporcionado pela tecnologia moderna. Não teríamos a refrigeração nos dias de calor e o aquecimento tão necessário no inverno rigoroso, tão pouco funcionariam os equipamentos hospitalares e de produção industrial, que estariam parados, estabelecendo o caos na vida urbana. O simples fato de sair de casa seria prejudicado, quando hoje nos encastelamos em altos condomínios residenciais, haja vista nossa dependência por elevadores. Para não nos alongarmos em tantos exemplos, basta imaginar que tudo aquilo que depende da energia elétrica e da telecomunicação estaria seriamente prejudicado.

O ciclo de tempestades solares acontece a cada onze anos e é bastante conhecido pelos astrofísicos, sendo uma loteria a probabilidade de uma imensa rajada de matéria ser lançada diretamente em direção ao nosso planeta, dada a dimensão do Sol em relação a Terra. Nossa estrela maior tem um diâmetro de 1.390.600 quilômetros, enquanto que a Terra 12.756 quilômetros, ou seja, quando matematicamente calculamos a área do sol (1.390.6002   x π), a Terra representa 0,008% da superfície solar. Objetivamente para que a Terra seja atingida por uma grande massa de energia proveniente do Sol, a tempestade solar deverá acontecer quando essa explosão ocorrer na face do Sol que estiver apontada e alinhada com nosso planeta, conforme demonstra a ilustração 1. Estatisticamente é bastante improvável, mas não impossível, tanto que há relatos que 1859 uma grande tempestade solar danificou os telégrafos da época, pois esta era a única infraestrutura de comunicação da época, na qual equipamentos telegráficos e papeis foram incendiados.

Esses relatos e previsões são bastante interessantes por colocarem em xeque nossa dependência pela tecnologia moderna e, principalmente, pelas previsões exageradas de extinção da raça humana a partir do colapso das fontes de energia e comunicação. Eu mesmo acredito que muita gente já se consideraria extinta em suas faculdades sem o Facebook, que dirá sem a internet. No entanto, imaginando um longo período sem energia e sem comunicação, as populações urbanas são as  que mais sofrerão com tudo isto, inclusive colocando em colapso o sistema monetário, pois é este que abastece o modo de viver nas grandes cidades. Hoje na vida urbana não se vive sem dinheiro, na qual tudo é comprado: alimentos, vestuário, transporte etc. Assim, quando ocorre ameaças no modo de viver em grandes cidades, como por exemplo durante as guerras, ou no pós-guerras, o primeiro risco iminente é a inflação, quando a moeda perde o seu valor de compra, pois tudo se torna exageradamente escasso, inclusive alimentos.

Agora convido a raciocinar que tudo isto realmente venha a acontecer. Imaginemos uma grande tempestade solar justamente alinhada como o nosso planeta e uma grande massa de energia acertando em cheio a Terra, destruindo por completo todas as linhas de transmissão de energia e comunicação no mundo inteiro por pelo menos cinco anos. Sinceramente, qual o melhor local para se estar vivendo no momento dessa catástrofe? No alto de uma imensa cobertura do 58o. andar de uma torre em uma grande cidade, ou em uma palafita em uma comunidade isolada na beira de um rio amazônico? Em termos de sobrevivência, as populações que se localizam em locais remotos, e que vivem da subsistência, não terão alteradas o seu modo de vida, passando desapercebido tal fenômeno solar. Nessas localidades isoladas as tecnologias não exercem influência, tão pouco se tem a dependência de dinheiro. Isto é tão verdade que lembro de uma declaração de uma jovem a caminho do interior do Amazonas dizendo que não levava quase nenhum dinheiro, pois não teria com o quê gastar no rincão isolado em que vivia sua família.

Caso realmente ocorra uma imensa tempestade solar, os amazonidas urbanos, que vivem na linha do equador, estão mais protegidos devido ao cinturão magnético da Terra, pois as partículas de energia vindas do Sol penetram em nossa atmosfera a partir dos polos terrestre, ou seja, países localizados em latitudes acima do Trópico de Câncer e abaixo do Trópico de Capricórnio, como Estados Unidos da América, Canadá, Japão, Argentina, Uruguai, Africa do Sul e o todo o continente Europeu, são aqueles que mais serão afetados. Outro fator alentador é que a cidade de Manaus não está interligada com o Sudeste em linhas de transmissão de energia  (ilustração 2), que teoricamente nos confere imunidade à reação em cadeia que pode ocorrer por uma sobrecarga no Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, pois segundo esse operador “apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do Sistema Integrado Nacional - SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica”.

Para aqueles que reclamam de nossa região, maldizendo ser ela um local inóspito para se viver, pelo menos agora sabemos que em Maio deste ano talvez muita gente venha para cá para esperar passar uma tempestade. 

Sejam todos bem vindos!

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont

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