Apareceram,
ultimamente, em jornais escritos, falados e televisionados, notícias
que alardeiam avanços científicos tão grandes que não precisamos
de Deus para compreender o universo, nosso planeta, a natureza e tudo
mais.
Muitas pessoas ficaram
impressionadas ou mesmo abaladas em sua fé. A arrogância de certos
comentaristas arvorados em grandes cientistas transmitiu uma certeza
espantosa. Sirva como exemplo a descoberta do bóson de Higgs que foi
anunciada como a morte de Deus. Passados os primeiros momentos, todos
eles cheios de euforia, os cientistas mais sérios colocaram as
coisas em seus devidos lugares. Salvador Nogueira escreveu para a
revista Superinteressante de agosto de 2012 um artigo sobre o assunto
com o título “O bóson de Higgs não deu para o começo”. Nele,
o autor expõe o avanço da descoberta feita pelos cientistas do
Centro Europeu de Física de Partículas (CERN) e os benefícios que
daí decorrerão para as ciências. Realmente foi uma grande façanha.
Mas, a sinceridade dos cientistas os faz confessar que a teoria da
função do bóson explica exatamente 4,6% de todo o conteúdo do
universo. Falta explicar a matéria escura e a energia escura. Agora
falando só entre nós, por que alardearam tanto a morte de Deus?
4,6% é muito pouco. Mesmo quando explicarem os restantes 95,4% do
universo, não terão dito de onde proveio tudo que está por aí.
A revista Ultimato de
setembro-outubro 2012 publicou artigo do professor de física da
Universidade Federal do Rio de Janeiro que trabalha no CERN, Cláudio
Lenz César. O título do artigo é “Não conhecemos 90% do que
compõe o universo”. Lemos nele que “finalmente, cabe ressaltar
que a física sabe muito pouco sobre a natureza”. Se o conhecimento
atual convida os cientistas à humildade, causa nojo a atitude de
pretensos entendidos que se julgam donos do saber.
Que as ciências
progridam é o desejo de todos porque os segredos da natureza não
estão aí para serem escondidos, mas para serem descobertos em
benefício da humanidade. Paulo escreveu que “a ciência incha; é
o amor que edifica. Se alguém julgar saber alguma coisa, ainda não
sabe o que deveria saber” (1 Cor 8, 1-2).
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
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