Pelo motivo de minha proximidade com a Igreja,
tendo como amigos vários sacerdotes, algumas pessoas, apóstatas ou
não, já me inquiriram sobre o porque da existência de padres
afeminados, ou melhor dizendo, porque que a Igreja Católica permite
a ordenação de sacerdotes nitidamente “afetados”. Alguns chegam
inclusive a afirmar que o sacerdócio, por causa do celibato, não é
atrativo para padres “machos”. A minha resposta sempre é: na
concepção plena do sacerdócio não existe padres gays, tão pouco
padres machos, existem tão somente padres. Quero dizer que um homem
ao escolher seguir a Cristo como sacerdote da Igreja Católica, não
é importante sua tendência de comportamento sexual, haja vista que
esta questão deverá ser sublimada pela própria abstinência ao
sexo que o ofício exige. Isto posto, seguindo o cumprimento desta
norma, pouco importa a aparência, mas a essência que esse homem
possui. Devemos levar também em consideração que a Igreja Católica
é firme em seus princípios e dogmas, tanto que sabemos que alguns
grupos apóstatas a contestam, mas em tese a igreja não discrimina
quem quer que seja. Pertencer à igreja como religioso, ou como
leigo, é feito por adesão voluntária, sendo atribuída a
responsabilidade aos sacerdotes em orientar os fieis no caminho da
santidade. Portanto, nada mais natural que se exija do clero um
comportamento inspirador, como modelo de virtudes digno de
serem representantes de Cristo nas comunidades católicas.
Quando falamos de santidade, que é um termo que
pode parecer pretensioso para alguns, apenas se deseja que o fiel
siga os ensinamentos de Cristo, livrando-se do pecado, embora sabemos
que se fosse fácil ser santo, não haveria altares suficientes para
colocá-los todos, considerando que a igreja é feita de gente, não
simplesmente de pedra. Assim, em alguns países nos quais a religião
foi proscrita, e os templos se transformaram em heranças
arquitetônicas, a identidade cristã subsistiu com forma de
resistência, e o povo manteve-se coeso na orientação dogmática,
como foi o caso da igreja no Leste Europeu, da qual saiu João
Paulo II, o papa mais carismático da história recente. Isto não
teria acontecido se não houvessem religiosos inspiradores.
No entanto, retornando as afirmações de padre
Robledo, o problema maior é quando o clero finge não perceber, ou
acoberta os desvios de comportamento de seus membros. Dentre os
exemplos citados pelo padre colombiano está o caso de um sacerdote
pedir dinheiro para os pobres, mas que na verdade o gasta na
contratação de garotos de programa. Neste mesmo patamar, seria
igualmente reprovável um religioso buscar o serviço de prostitutas,
ou levar um vida dupla com mulher e filhos, como foi o caso de
Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai e ex-bispo católico. Talvez
para o caso de Fernando Lugo possa haver certa condescendência, mas
na essência são idênticas transgressões. Ainda hoje ser sacerdote
é uma oportunidade de acessão social, considerando que todos os
longos anos de estudos que formam um padre são custeados pela
igreja. Do mesmo modo, quando ordenados, ganham papel de destaque em
uma comunidade católica, sendo atualmente raro o caso de um
sacerdote ser expulso da igreja por conduta indevida.
Desta forma, considerando as características:
facilidade de adesão, status, estabilidade, ausência de
discriminação e impunidade, não somente na igreja católica, mas
em qualquer outra instituição, a corrupção dos princípios pode
ocorrer com maior frequência. Não por acaso citei o caso do
ex-presidente Paraguaio que caiu não pela corrupção na política,
mas pela corrupção aos princípios que o fizeram um homem
respeitável e dígno da admiração e dos votos dos paraguaios.
O celibato está longe de ser a única razão para
a tendência de adesão de “homens afeminados” ao sacerdócio.
Talvez o que haja hoje em dia é uma crise de identidade do ideal
humano aos princípios cristãos, pois viver em santidade é
humanamente utópico, mas dever ser perseguido como princípio de
vida para uma igreja santa e pecadora.
João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont
Para ler a entrevista do Pe. Robledo, acesse o link: http://www.semana.com/nacion/problemas-sociales/articulo/la-iglesia-catolica-closet-gays/106100-3
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont
Para ler a entrevista do Pe. Robledo, acesse o link: http://www.semana.com/nacion/problemas-sociales/articulo/la-iglesia-catolica-closet-gays/106100-3