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domingo, 6 de maio de 2012

Envelhecer com qualidade



Há dias li nos jornais da terra que um idoso foi preso ao ser flagrado em roubo de não sei o que. Curioso, fui examinar a notícia para saber quantos anos tinha o ladrão idoso. Sabe quantos? Ele completou sessenta anos.

Existem pessoas que viveram um bom tempo, mas não aprenderam a viver. Na Bíblia (Dn 13*) se conta a história de dois velhos juízes que exploravam a ingenuidade do povo usando a força do cargo. Tentaram a bela Suzana e, ao serem repelidos, a caluniaram e conseguiram condená-la à morte. Deus veio ao encontro da inocente por meio do jovem profeta Daniel. Os dois velhos safados se deram mal.

A idade avançada nem sempre é sinal de sabedoria. Mas, a notícia do velho ladrão de Manaus alertou-me. Se ele é idoso em seus sessenta anos, imagine só minha situação com os setenta e cinco que completei nesta semana!

Recentemente a Universidade Aberta da Terceira Idada (UATI) lançou uma campanha que deve ser apoiada por toda a sociedade: “Envelhecer eu vou, com qualidade eu posso!” É o lema para o tema “Envelhecer em Manaus”. Na cartilha de esclarecimento, lemos que “hoje em Manaus são 152.467 idosos e em 2032 seremos mais de 600.000”. Como aconteceu em países desenvolvidos, a população envelhece devido ao avanço da medicina e da ciência, que esse limite de 80 anos foi esticado e estamos mais perto da realização da profecia de Isaías que afirma que nos tempos messiânicos “não alcançar os 100 anos será maldição” (Is 65,20).

Confesso que me sinto feliz em ter vivido 75 anos. Com o passar do tempo, as forças físicas perderam o vigor, mas aprendi a viver, a ter serenidade, a integrar minha vida a minha fé, a dar aos acontecimentos o peso devido, nem maior e nem menor. As pessoas longevas, apresentadas na Bíblia e fora dela, me ensinaram que vale a pena viver nos camimhos de Deus: Moisés, Josué, Samuel, Matatias, Ana, Simeão e tantos mostraram-me que fomos criados para realizar os projetos divinos.

A vida é bela!

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus


Nota:

*Daniel 13

III. História de Susana (13,1-64)

Inocência de Susana – 1Ha­via um homem chamado Joa­q­uim, que habitava na Babilónia. 2Ti­­nha desposado uma mulher de nome Susana, filha de Hilquias, mui­­t­­o bela e piedosa para com o Senhor,3pois tinha sido educada pelos pais, que eram justos, de har­monia com a Lei de Moisés. 4Joa­quim era muito rico. Contíguo à sua casa, tinha um pomar; e com frequência se reuniam em casa dele os judeus, pois que entre todos os seus compatriotas gozava de parti­cular consideração.
5Tinham sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo. A eles justamente se aplicava a pala­vra do Senhor: «A iniquidade veio da Babilónia, de anciãos e juízes, que passavam por dirigir o povo.» 6Estas duas personagens frequenta­vam a casa de Joaquim, onde vi­nham pro­curá-los todos os que tinham qual­quer contenda. 7À hora do meio-dia, quando toda esta gente se tinha reti­rado, Susana ia passear para o jar­dim do marido. 8Os dois anciãos viam-na todos os dias, por ocasião do passeio, de maneira que a sua paixão se acendeu por ela. 9Perde­ram a justa noção das coisas, afastaram os olhos para não olha­rem para o céu e não se lembrarem da verdadeira regra de conduta.
10Os dois consumiam-se de pai­xão por Susana, mas sem contarem um ao outro a sua própria emoção. 11Ti­nham vergonha de, reciprocamente, comu­ni­ca­rem o desejo que os domi­nava de a possuírem.12Todos os dias, inquie­tos, procuravam ocasião para a obser­var. 13Uma vez, disseram um ao outro: «Vamos para casa, pois é a hora de almoçar.» Saíram cada um por seu lado. 14Mas voltaram os dois atrás e encontraram-se num mesmo lugar. Ao interrogarem-se mutua­mente sobre o motivo do regresso, conf­essaram um ao outro o seu desejo. Combinaram, então, um mo­mento em que pudes­sem encon­trar Susana só. Eles estuda­vam a oca­sião propícia.
15Um dia, como de costume, che­gou Susana, acompanhada apenas por duas criadas, e preparava-se para tomar banho no jardim, pois fazia calor. 16Não havia aí ninguém senão os dois anciãos que, escondi­dos, a es­piavam. 17Disse às jovens: «Trazei-me óleo e unguentos e fechai as por­tas do jardim, para eu tomar banho.» 18Fizeram o que ela tinha mandado e, tendo fechado as portas do jar­dim, saíram pela porta tra­seira, para irem procurar o que lhes tinha sido pedido; não sabiam que os anciãos estavam lá escondidos.
19Logo que elas saíram, os dois homens precipitaram-se para junto de Susana 20e disseram-lhe: «As por­tas do jardim estão fechadas, nin­guém nos vê. Nós ardemos de desejo por ti. Aceita e entrega-te a nós. 21Se não quiseres, vamos denunciar-te. Di­­re­­­mos que um rapaz estava con­tigo e que foi por isso mesmo que tu man­daste embora as criadas.» 22Su­sana bradou angustiada: «Estou su­jeita a aflições de todos os lados! Se faço isso, é para mim a morte. Se não o faço, nem mesmo assim vos escapa­rei. 23Mas é preferível para mim cair em vossas mãos sem ter feito nada, do que pecar aos olhos do Se­nhor.» 24Susana, então, soltou altos gri­tos e os dois an­ciãos gritaram tam­bém com ela. 25E um deles, cor­rendo para as portas do jardim, abriu-as.
26As pessoas da casa, ao ouvirem esta gritaria, precipitaram-se pela porta traseira para ver o que tinha acontecido. 27Logo que os anciãos falaram, os criados coraram de ver­go­nha, pois jamais se tinha dito coisa semelhante de Susana. 28No dia se­guinte, os dois anciãos, dominados pelo desejo criminoso contra a vida de Susana, vieram à reunião que ti­nha lugar em casa de Joaquim, seu marido.29Disseram diante de toda a gente: «Que se vá procurar Susana, filha de Hilquias, a mulher de Joa­quim!» Foram procurá-la. 30E veio com os seus pais, os filhos e os mem­bros da sua família. 31Susana era de fi­gura delicada e bela de rosto. 32Por­que estava velada, estes ho­mens per­ver­s­­os, para ao menos se saciarem com a sua beleza, exigiram que levantasse o véu. 33Choravam todos os seus, ass­im como todos os que a conheciam.

Susana acusada pelos anciãos – 34Os dois anciãos levantaram-se diante de todo o povo e puseram a mão sobre a cabeça de Susana, 35en­quanto ela, desfeita em lágrimas, mas de coração cheio de confiança no Senhor, olhava para o céu. 36Dis­s­eram então os anciãos: «Quando pas­seávamos a sós pelo jardim, entrou ela com duas criadas; e depois de ter fechado as portas, mandou embora as criadas. 37Então, um jovem, que estava lá escondido, aproximou-se e pecou com ela. 38Encontrávamo-nos a um canto do jardim. Perante seme­lhante atrevimento, corremos para eles e surpreendemo-los em flagran­te delito. 39Não pudemos ter mão no rapaz, porque era mais forte do que nós, abriu a porta e escapou-se. 40A ela apanhámo-la; mas, quando a in­terrogámos para saber quem era esse rapaz, 41recusou responder-nos. Somos testemunhas disto.»
Dando crédito a estes homens, que eram anciãos e juízes do povo, a assembleia condenou Susana à mor­te. 42Esta, então, em altos brados dis­se: «Deus eterno, que sondas os segre­dos, que conheces os acontecimentos antes que se dêem, 43Tu sabes que proferiram um falso testemunho con­tra mim. Vou morrer sem ter feito nada daquilo que maldosamente inventaram contra mim.»

Daniel defende a casta Susana – 44Deus ouviu a sua oração. 45Quando a conduziam para a morte, o Senhor despertou a alma límpida de um rapa­zinho, chamado Daniel, 46que gritou com voz forte: «Estou inocente da morte dessa mulher!» 47Toda a gente se voltou para ele e disse: «Que é que isso quer dizer?» 48E, diri­gindo-se para o meio deles, afirmou: «Israe­l­­i­tas! Estais loucos, para con­de­nardes uma filha de Israel, sem examinar­des nem reconhecerdes a verdade? 49Reco­meçai o julgamento, porque é um falso testemunho o que estes dois homens declararam con­tra ela.»
50O povo apressou-se a voltar. Os an­­ciãos disseram a Daniel: «Vem, senta-te no meio de nós e esclarece-nos, porque Deus te deu maturi­dade!» 51Bradou Daniel: «Separai-os para longe um do outro e eu os jul­garei.»
52Separaram-nos. Daniel, então, chamou o primeiro e disse-lhe: «Ve­lho perverso! Eis que se manifestam agora os pecados que cometeste ou­trora em julgamentos injustos, 53ao condenares os inocentes, absolvendo os culpados, quando o Senhor disse: ‘Não farás com que morra o inocente ou o justo.’ 54Vamos! Se realmente os viste, diz-nos debaixo de que árvore os viste entreterem-se um com o outro.»
«Sob um lentisco.» – respondeu.
55Retorquiu Daniel: «Pois bem! Aí está a mentira, que pagarás com a tua cabeça. Eis que o anjo do Se­nhor, conforme a sentença divina, te vai rachar a meio!»
56Afastaram o homem, e Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: «Tu és um filho de Canaã e não um judeu. Foi a beleza que te seduziu e a pai­xão que te per­verteu. 57É assim que sem­pre tendes procedido com as filhas de Israel, que, por medo, entravam em relação convosco. Uma filha de Judá, porém, não consentiu na vossa perversi­dade. 58Vamos, diz-me: sob que árvore os surpreendeste em ati­tude de se uni­rem?»
«Sob um carvalho.»
59Respon­deu Daniel: «Pois bem! Também tu forjaste uma mentira que te vai cus­tar a vida. Eis que o anjo do Senhor, de espada em punho, se dispõe a cortar-te ao meio, para vos aniqui­lar.»
60Logo a multidão deu grandes bra­dos, e bendizia a Deus que salva os que põem nele a sua esperança.
61Toda a gente, então, se insurgiu contra os dois anciãos que Daniel tinha convencido de falso testemu­nho, pelas suas próprias declarações e deu-se-lhes o mesmo tratamento que eles tinham infligido ao seu pró­ximo. 62De harmonia com a Lei de Moisés, mataram-nos. Deste modo, foi poupada naquele dia uma vida ino­c­ente.
63Hilquias e sua esposa louvaram a Deus por sua filha, Susana, com Joaquim, esposo dela, e todos os pa­rentes, pois não tinham encontrado qualquer desonestidade na sua con­duta. 64Daniel, daí em diante, gozou de elevada consideração entre os com­patriotas.

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