domingo, 2 de outubro de 2011
Opinião: É só uma questão de oferta e procura?
Na semana que passou entrevistamos a Sra. Fátima Paiva, moradora da Rua Cel. Silvino Cavalcante, que declarou que desejava colocar sua casa a venda, além de indicar que outras residências estavam na mesma situação.
A partir dessa entrevista, resolvemos percorrer as doze ruas que compõem o Conjunto Santos Dumont a fim de registrar quantas casas possuíam anúncios de venda em sua fachada. O resultado desta pesquisa apontou sete casas a venda, ou seja, a oferta de imóveis a venda é generosa, mas resta saber se há procura e se há pessoas interessadas em adquirir um imóvel em nosso conjunto. No entanto, não basta somente haver compradores interessados, mas saber se a proposta de valor de venda agrada o comprador e se não há, não somente no Conjunto Santos Dumont, outras opções de igual valor em imóveis similares e em locais também aprazíveis.
Faz dois anos eu encontrava-me na posição de comprador e desejava comprar uma casa depois de anos morando em apartamento e, após uma longa procura, já estava decepcionado com o valor de imóveis em Manaus, pois quando o local era bom a casa era péssima, ou quando a residência era bonitinha a localização era horrível. Isto considerando a faixa de preço que tinha como meta, haja vista que é possível encontrar boa localização e uma bela casa, mas com um preço incompatível com o meu bolso.
Acabei encontrando aqui no Santos Dumont um imóvel com ótima localização, precisando de reformas, mas habitável e com um valor que cabia nas minha possibilidades. Na perspectiva do comprador a oferta estava mais que boa, mas levando em consideração a perspectiva do vendedor, fiquei sabendo que a casa foi-me vendida com deságio de 40%, ou seja, a casa ficou muito tempo a venda e sem um comprador em potencial o preço foi caindo, caindo até ser adquirido por minha família.
Não pensamos em vender nossa casa, mas nos preocupamos com a quantidade de imóveis a venda e o que isto pode representar em desvalorização dos imóveis em nosso conjunto e, mais ainda, se tudo isto não está relacionado com a violência, com o abandono de nossas áreas públicas e tudo mais que pode ser visto como depreciativo e ruim para a imagem do Conjunto Santos Dumont.
Quando me motivo a ser mais um a lutar pela segurança em nosso conjunto, buscando apoio em outros moradores que igualmente preocupam-se com este tema, não é uma luta baseada somente na valorização dos imóveis, apesar de ser um fator que deve ser sempre levado em consideração em nossa análise. Acreditamos na valorização da vida, na justiça, na relação harmônica de interesses que realmente sejam comunitários, isentos da sobreposição de interesses pessoais acima do interesse comum. Aliás, abdicar de interesses particulares em prol dos interesses coletivos não é um exercício usual, pois sempre será muito mais confortável tentar encaixar as necessidades comunitárias ao próprio interesse particular. No entanto, quem pensa desta forma está fadado a ficar isolado, pois o relacionar-se em comunidade é buscar o consenso como ferramenta de bem-viver. Ninguém pode pretender ter a solução de tudo, ou achar que é totalmente suficiente em qualquer assunto, pois é justamente nesta armadilha que se fecham os ditadores, que se colocam ao lado de bajuladores e de costas para as necessidades reais de quem deveriam servir.
Nesta luta contra a violência ajuda muito nossa união, ou em último caso, vender nossas casas a preço de banana e buscar um outro local para viver sem a garantia que o problema tenha sido resolvido, afinal não é somente aqui que a violência existe, mas pode ser aqui que saia o exemplo de como uma comunidade unida pode vencer o aumento da bandidagem.
João Lago
Administrador, professor e morador do Cj. Santos Dumont
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