Estimado Diamantino Júnior,
Fazemos referência a reportagem publicada na data de ontem nesse jornal: Rua é pública, mas acesso é limitado por moradores.
No final de abril deste ano, devido ao crescente número de assaltos ocorrido em nosso conjunto, um grupo articulado de moradores passou a realizar reuniões na comunidade visando debater e propor ações que viessem a minorar e estado de insegurança em nosso bairro (e-mail anexo).
Já em nossa primeira reunião, ocorrida no dia 1 de maio, oito famílias da Rua Atlas Catanhede compareceram a nossa convocação, todas vítimas de assaltos recentes, na esperança de uma solução de curtíssimo prazo para os seus problemas, sendo uma das possibilidades avençadas o fechamento de ruas do conjunto. Obviamente, esta sendo uma atitude extremamente drástica, era natural que emergissem reações contrárias e a favor de moradores, além do fato do fechamento de ruas, da forma que foi proposta, arranhar a legislação. Assim, essa ideia foi tirada do cronograma de nossas ações.
Todavia, a atitude dos moradores da Atlas Catanhede pode não ser legal, mas é MORAL. A moralidade nasce no princípio que cidadãos órfãos do poder público, no desespero, buscam uma reação natural de proteção para sua família (princípio básico da segurança). Desta forma, antes de asseveramos críticas a atitude dos moradores, devemos primeiramente questionar quais garantias nossas famílias tem para se sentirem seguras. Esta reflexão torna-se mais contundente quando ouvimos das autoridades de segurança sugestões que também ferem de morte a legalidade.
No dia 20 de julho, em reunião ocorrida na sede da Associação dos moradores do Conjunto Santos Dumont, um dos representantes da segurança em nosso Estado sugeriu como medida justamente o que fizeram os moradores da rua Atlas Catanhede. De outro lado, observamos emergir um comércio de serviço de venda de segurança no seio dos próprios órgãos de segurança pública por meio de indicações. A própria empresa de vigilância contratada pelos moradores da Rua Atlas Catanhede é fruto dessas indicações, segundo conversa informal que tive com um dos moradores, o qual não tenho autorização para revelar o seu nome.
O que percebemos é que ao não prestar um bom serviço a comunidade, que clama por segurança, abre-se um imensa janela de oportunidades para que indivíduos possam lucrar com a venda de serviços. As milícias nascem deste princípio e sinceramente eu acredito que a continuar o estado de falência em nossa segurança muito brevemente teremos aqui em Manaus também o surgimento deste câncer que assola outras cidades.
Finalizando, ideologicamente acreditamos que toda ação civil sempre deva possuir as vertentes da moralidade e da legalidade, visando o interesse da sociedade, não por isso ferindo o direito constitucional e individual do cidadão. Desta forma, vamos continuar nossa luta organizada e em comunidade para que a segurança de nosso bairro, de nossa cidade, seja tratada com responsabilidade e inteligência. E isto só se faz com políticas concretas que envolvam educação, respeito as leis, inserção social, geração de emprego e renda e, principalmente, lições de cidadania.
Sinceramente,
João Lago
AMIPAZ - Grupo de Amigos do Bairro da Paz
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