Obstruir a justiça é interpor-se a ela com a finalidade
clara de eliminar a busca da verdade. O senador
Delcídio do Amaral (ex-PT,
agora sem partido) tentou obstruir a justiça quando tentou calar Nestor Cerveró,
ex-diretor da Petrobras, prometendo fuga e auxílio financeiro para a família,
desde que o mesmo não aderisse à delação premiada, artifício legal no qual o
acusado troca importantes informações por redução de pena. Porém, Delcídio acabou
preso, pego em uma gravação quando negociava com um interlocutor de Cerveró.
Pouco depois foi a vez de Aloizio Mercadante ministro da
educação de Dilma, ser gravado tentando agora calar Delcídio, pois o mesmo já
teria aderido à delação premiada, e o governo temia sua boca maldita, haja
vista que não se tratava de um qualquer, mas um senador do PT líder do governo
e cortesão do Planalto. Aloizio Mercadante prometia auxílio no senado e no
Supremo Tribunal Federal – STF, pois temia que o Delcídio fosse “o agente que desestabilize
tudo” e realmente o foi. Aloizio Mercadante só não teve o mesmo destino de
Delcídio porque a delação do senador já tinha sido assinada e seus apelos às
sombras já não poderiam interferir o andamento da justiça.
Quando duas importantes figuras da república cleptocrata do
PT são pegas tentando obstruir a justiça e as revelações da Lava Jato se
aproximam cada vez mais do palácio do Planalto e de Lula, o desespero começa a
subir à cabeça e agora vemos claramente a estratégia tresloucada do “tudo ou
nada”. Lula teme ser preso e a saída para parar o processo que o levaria a uma prisão
célere é transferir a competência do julgamento para o STF, mas Lula não tem
foro privilegiado. Assim, em uma manobra procrastinatória, Dilma nomeia Lula
seu ministro da Casa Civil sob a falácia que Lula seria o artífice da
estabilidade política e econômica.
As gravações tornadas públicas pelo juiz Sérgio Moro, nas
quais Lula trama sua fuga para a Casa Civil e a rebote escancaram todo o seu
desprezo pelas instituições democráticas deste país, principalmente o poder
judiciário, em minha análise apenas demonstra que o governo do PT cansou de
colocar em campo os seus subalternos e agora coloca o chefe para obstruir a
verdade. Lula é a última instância do PT e muito mais do que Dilma (sua
criatura) é quem comanda todos. Para constatar isso, basta escutar nas
gravações a deferência que o ministro da Casa Civil e a própria Dilma o trata. Jaques Wagner o chama de “minha excelência” e
Dilma o chama reiteradas vezes de “senhor”. Neste caso, estamos falando das
duas maiores autoridades do poder executivo. Dilma a presidente da república e
Jaques Wagner o articulador político do governo com a função de coordenar o
trabalho dos demais ministérios.
Há quem defenda que Lula é um sujeito inculto, ignorante e
por não saber de nada foi usado por pessoas de má fé. No entanto, Lula em um
dos grampos revela que conhece a Teoria do Domínio do Fato, que apesar
desenvolvida na Alemanha no final da década de 30, foi usada pela primeira vez no
Brasil no julgamento do mensalão (talvez pela formação germânica do ex-juiz
Joaquim Barbosa). Por meio dessa teoria entende-se que é possível existir o autor
de um crime por detrás de outro que se constata plenamente responsável. O caso
de Marcelo Odebrecht é exemplar para qualificá-lo como culpado por essa teoria,
pois mesmo não tendo participado diretamente do desvio do dinheiro da
Petrobras, fato de responsabilidade dos diretores envolvidos no esquema, a
justiça creditou improvável que o mesmo não soubesse de nada pela amplitude dos
valores envolvidos e o grau de decisão atribuída em cada ato ilícito. O mesmo
funcionará para o Lula que sabe a extensão de sua culpa na justiça e que não
caberá dizer que “não sabia”. Lula é o capo
di tutti capi, termo que os bandidos da máfia italiana chamavam o seu líder
máximo.
Enquanto Lula tenta fugir da justiça, o Brasil segue como uma
nau a deriva sem soluções para a grave crise econômica e política que se abateu
sobre nós. Piorando a situação, participamos como testemunhas de um povo que
vai às ruas com repúdio a classe política e dela não deseja aproximação e do
outro lado um povo em menor número, mas plenamente financiando e patrocinado pelo
governo do PT e aliados. Ou seja, as vozes das ruas são muito mais numerosas
que as vozes patrocinadas, mas o outro lado vermelho da força está mobilizado politicamente,
o que não ocorre com a maioria do povo brasileiro que saiu de verde e amarelo.
Não existe uma solução política baseada somente no poder
judiciário. Portanto, é necessário que as forças políticas de movimentos
sociais honestos se unam para lutar juntas contra o mal maior que a permanência
do PT no poder. Assim, é necessário que haja aproximação de políticos que
possam atuar transitoriamente até as próximas eleições, quando certamente
parcela da população votará amadurecida devido a todos esses episódios de
mentira, farsa e corrupção. É um erro repudiar políticos simpatizantes ao
impedimento de Dilma quando do lado contrário eles marcham unidos.
Finalizando, é necessário que novas e competentes lideranças
surjam em meio aos que lutam por ética na política. A frase é batida, mas
Platão no berço da democracia ensinava que “o castigo dos bons que não fazem
política é ser governado pelos maus”. Se não nos engajarmos para concorrer em
cargos eletivos (que seja para começar em uma associação de bairro ou de
classe), nada de novo ocorrerá na política.
João Lago.
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