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domingo, 28 de setembro de 2014

Paróquia de Santo Afonso e Uninorte em parceria em projeto de ação social

Alunos e professores dos cursos de Engenharia de Produção e Tecnologia em Gestão da Produção Industrial do Uninorte/Laureate, firmaram parceira com a Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório para desenvolvimento de um projeto de geração de renda com forte apelo ambiental.

O projeto consiste em conscientizar sobre o perigo de descartar no meio ambiente o óleo de cozinha usado em frituras diretamente no ralo da cozinha, devido ao grande potencial de contaminação que tem o óleo quanto encontra reservatórios de água potável. Este óleo mal descartado acaba chegando aos rios e até mesmo ao oceano, por meio das tubulações. Segundo dados da Secretaria de Saneamento e Energia de São Paulo – SABESP, um litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água, ou seja: 1 gota tem 0,05 ml (50 vezes mais), segundo a frase, se dividirmos uma gota em 50 partes e jogarmos uma delas em um litro de água, este litro estaria poluído. Ainda segundo relatórios do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, o óleo exposto no solo, antes de atingir os lençóis freáticos, transforma-se em gases nocivos ao meio ambiente e prejudica a camada de ozônio.



Desta forma, a proposta do projeto é que as famílias de três comunidades localizadas no Bairro da Paz (Comunidade de São Marcos - Conjunto Santos Dumont, Comunidade de Nossa Senhora da Paz e Comunidade Nossa Senhora de Nazaré), além de realizar a coleta seletiva do óleo usado, possa transformá-lo em matéria-prima para fabricação de sabão e sabonetes como alternativa de renda e promoção da educação ambiental. A execução deste projeto terá a participação de alunos e professores de Engenharia de Produção e Tecnologia em Gestão da Produção Industrial, em uma união de conhecimentos de administração, economia e engenharia para racionalizar o trabalho, aperfeiçoar técnicas de produção e ordenar as atividades financeiras, logísticas e comerciais da micro organização implantada na comunidade. Assim, pretende-se que esse projeto possa contribuir para o desenvolvimento social, econômico e conscientização ambiental naquela e em outras comunidades.

Para participar entregando óleo servido, ou mesmo nas oficinas de produção que serão realizadas nas comunidades, o interessado deverá procurar a Igreja Católica sediada nas respectivas comunidades, nos horários de celebrações, fazer sua inscrição nos seguintes endereços:

Igreja Nossa Senhora da Paz, Rua Boa Esperança - s/n - Bairro da Paz
Igreja de São Marcos Apóstolo, Alameda Santos Dumont - s/n - Conjunto Santos Dumont
Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, Travessa Henoch Reis - s/n - Bairro da Paz

Maiores informações também podem ser conseguidas por meio do e-mail: amipaz.manaus@gmail.com, ou mesmo deixando um comentário neste blog.

As inscrições das oficinas de produção vão até o dia 10 de outubro e depois que as turmas estiverem formadas haverá o agendamento dos dias em que ocorrerão o curso.

Participe, pois é totalmente GRATUÍTO.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O Custo de Troca

Um amigo aqui em minha comunidade, por mais que eu usasse de todo o vernáculo possível para explicar-me, não conseguiu compreender porque advogo a necessidade do povo brasileiro provocar a alternância de poder. Então me veio a lembrança do que se chama “custo de troca”.

O termo “custo de troca” é um conceito mercadológico que explica a defecção de um consumidor por um serviço (ou produto). Ou melhor dizendo, quando a relação, que existe entre aquele que fornece e aquele recebe, deteriora-se a tal ponto que simplesmente qualquer outra coisa pode ser melhor que aquilo que é oferecido atualmente. Quando isto ocorre, diz-se que o cliente alcançou o patamar de “custo de troca”.  

Alguns jargões populares podem tentar justificar manter um governo por mais de uma década. Pode-se dizer: “em time que está ganhando não se mexe”. No entanto, acredito que estamos perdendo de goleada para falta de ética, para falência da moral e para a corrupção, vinda de um partido que historicamente prometeu que faria diferente. Alguns até podem se perguntar: Mas seria possível fazer política, garantir governabilidade sem o jogo do “toma-lá-dá-cá”, no qual o governo é loteado como se fosse a partilha de um butim? Seria a motivação de quem entra na vida partidária a mesma que no passado inspiraram piratas a singrarem os mares para roubar as riquezas do mundo? Hoje, fraudar licitações, desviar recursos de estatais, operar descaradamente caixa dois, fazer tráfico de influência, tudo isto como se fosse do jogo normal da política, cabendo a nós aceitar e continuar votando nessa gente de tão baixa estirpe e princípios?

Eu acredito que a grande maioria do povo brasileiro alcançou o limiar do “custo troca” desse governo que está há doze anos no poder. Aliás, tem uma frase atribuída a Eça de Queiroz que diz: “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”.

Embora esteja claro que esse governo não mereça mais o nosso voto, infelizmente há quem, levado pela desesperança, possa acreditar que será melhor continuar com eles, porque a política é feita assim e eles promoveram avanços sociais. Assim, poderíamos até perdoar, mas fui ensinado que só se perdoa a quem pede perdão e isto jamais passou pela cabeça deles. Pelo contrário, o que existe é a negação de que tenham feito alguma coisa errada. Não houve mensalão e o que está acontecendo na Petobras é simplesmente um ardil montado pela imprensa golpista que é dominada pelas elites. Nesse sentido, Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, teria dito: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. E então acompanhamos um jogo de mentiras de uma propaganda oficial enganosa que tem por objetivo fazer crer que “os fins justificam os meios”.

O que iremos fazer no dia 5 de outubro é muito mais que trocar um xampu anticaspa por outro mais eficiente, ou mesmo trocar um fabricante de amaciante por outro. O que está verdadeiramente em jogo é se o próximo governo terá condições de tirar o Brasil do atoleiro dos espasmos de crescimento pífio, conter a inflação e manter a estabilidade econômica cujo descontrole tanto maltratou gerações. Assim, não acredito que tão grande empreitada possa ser feita por gente de tão baixa moral e de princípios éticos rasteiros. Aliás, tem uma frase de Millôr Fernandes que define muito bem essa gente: “Acabar com a corrupção é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder”. Por puro cinismo, essa citação profética foi escrita por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras preso em março, em sua agenda pessoal na qual foram anotadas as propinas distribuídas a políticos e laranjas. Alguém que adotou o comportamento tão torto e escreve um pensamento deste em uma agenda de registro de corrupção, ou é sinal de psicopatia, ou tem a crença que tudo isso vai passar e que a impunidade será a sua glória.

Promover a estabilidade econômica e manter os programas de distribuição de renda é o mínimo que se deseja e não há quem diga que fará o contrário. Já promover a ética na política não pode vir de quem diz que “não sabia”,  que “não tinha menor ideia”, alheia a toda a sujeira debaixo de seu nariz.

O recado é claro: O brasileiro consciente e minimamente informado atingiu o seu “custo de troca”.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O Petróleo é nosso, e a corrupção também.



Nessa semana que passou, aqui próximo ao conjunto habitacional que resido, eu acompanhei uma caminhada de um candidato ao governo do Amazonas. Em uma rua apertada repleta de comércios que mal passava um carro de cada vez, como são todas as ruas de bairros manauaras que surgiram de invasões (nas quais faltou planejamento urbano), viam-se nas sacadas das casas faixas, cartazes e banners de outros dois adversários.

A primeira vista, parecia que a população do local já havia feito as suas escolhas e que seria inoportuna aquela caminhada. No entanto, em um dado momento uma senhora de uma dessas sacadas acena e pede para o candidato subir, no que é prontamente atendida. Para minha surpresa, ela o abraça e declara-se eleitora dele, apesar da imensa faixa de outro candidato mais bem pontuado nas pesquisas. Absolutamente não se trata de uma paradoxal indecisão de uma eleitora, mas a coerência que sucumbe à necessidade quando R$ 100,00 são oferecidos. Isso mesmo, o espaço de uma faixa é alugado por certa quantia em dinheiro, a depender do tamanho.

O Tribunal Superior Eleitoral – TSE divulgou que nesses dois primeiros meses de campanha os candidatos a governador gastaram R$ 362 milhões, quase ao mesmo tempo em que Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que está preso desde junho, confessou que o dinheiro recebido de contratos superfaturados da Petrobras faziam caixa para campanha de políticos ligados a base aliada do governo Dilma. Com a ajuda do doleiro Alberto Youssef, conforme investigação da força-tarefa da Operação Lava Jato da Polícia Federal, estima-se que R$ 10 bilhões foram movimentados no esquema. A pergunta é: A condenação de políticos no mensalão não teve efeito didático sobre aqueles que fazem caixa dois? Parece que a resposta é não.

Está mais que evidente que a soma dos gastos de campanha são maiores que aqueles registrados oficialmente pelo TSE, pois é muito provável que esses aluguéis de consciências que vemos espalhados em muros e sacadas não vão para a contabilidade oficial do partido/coligação, ou seja, quem passa na rua imagina que a colocação de uma faixa em uma residência não tem relação pecuniária, mas sim ideológica. Ledo engano, pois a partir desse episódio que me despertou interesse, fiquei sabendo de outros casos em que correligionários de candidatos ofereceram dinheiro para fixar propaganda política em residências. São para custear esse tipo de despesa que existe o caixa dois.

Não existe inocência alguma nos métodos contábeis que protagonizou Delúbio Soares, condenado no julgamento do mensalão do PT, quando afirmou que o seu partido não fazia “caixa dois”, apenas não contabilizava excedentes de dinheiro. Porém, o dinheiro desviado pela corrupção faz falta em algum lugar, como é o caso da Petrobras quando é comparada aos outros gigantes do petróleo. Por exemplo, no ano passado a Petrobras (1) tinha valor de mercado avaliado em US$ 86,8 bilhões, bem atrás da Exxon Mobil (US$ 422,3 bilhões), PetroChina (US$ 202 bilhões), Chevron (US$ 227,2 bilhões), Royal Dutch Shell (US$ 234,1 bilhões). A Petrobras só consegue ser um pouco melhor que a “bolivariana” Ecopetrol da Venezuela (US$ 83,6 bilhões).

A descoberta do pré-sal não foi suficiente para colocar a empresa brasileira em situação de igualdade com as demais congêneres em valor de mercado, mesmo sinalizando a grande possibilidade de lucros em um futuro próximo. O valor da empresa tem relação direta com a gestão da empresa que, por sua vez, confere a credibilidade. Assim, a desconfiança do mercado faz o preço das ações despencarem como é o que vem acontecendo com a Petrobras nos últimos 10 anos.

Em 2000, o governo permitiu que os trabalhadores que tivessem depósitos no FGTS pudessem trocar por ações da Petrobras, considerando a remuneração vexatória que têm a correção do FGTS que sequer consegue repor a inflação. Portanto, quem trocou R$ 1,00 de depósito do FGTS por valor correspondente em ações da Petrobras e reinvestiu os dividendos, hoje teria aproximadamente R$ 5,28. No entanto, se na mesma época o investidor pudesse ter aplicado em títulos atrelados a taxa Selic, como Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e CDBs, hoje teria R$ 6,58. Porém, antes de achar que é pouca a diferença e festejar, do valor das ações da Petrobras retire 141,90%, que foi a taxa de inflação registrada no período (considerando o IPCA Geral). No final, o valor correto da atualização pelo poder de compra do dinheiro seria R$ 3,86, ou seja, um rendimento ridículo de 0,92% ao mês em um país que os juros do cheque especial são de pornográficos 11% ao mês.

Este texto pode ser enfadonho, como é certo que o brasileiro comum não faz esse tipo de análise tão necessária para entender no que se transformou a Petrobras, por mais que o governo venha com números de 538% de valorização das ações, porque isto é conversa para boi dormir, como dizia minha avó. Na verdade, em se tratando de finanças, ensino para o meus alunos que a análise de um bom negócio não é relativo a sua própria produção de valor, mas sempre comparando o desempenho geral do mercado, pois a grama do vizinho sempre será mais verde e é este o conceito básico do que se chama “custo de oportunidade”.

Finalizando, hoje a Petrobras é um péssimo negócio para os brasileiros, mas um ótimo negócio para quem dela sangra dinheiro que vai abastecendo caixa dois de campanhas, que no final vemos estampadas em largas faixas e cartazes pelo meio das ruas. Não se engane, pois isto é apenas a ponta do iceberg.


João Lago.
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.

Notas:  (1) Forbes Global 2000 Leading Companies
 

RECEITAS E LUCROS DE COMPANHIAS DE PETRÓLEO NO MUNDO
Petrobras – Receita: US$ 141,2 bilhões - Lucro de US$ 10,9 bilhões
Ecopetrol – Receita: US$ 37,7 bilhões – Lucro de US$ 7 bilhões
Exxon Mobil – Receita: US$ 394 bilhões - Lucro de US$ 32,6  bilhões
PetroChina – Receita: US$ 328,5 bilhões - Lucro de US$ 21,10 bilhões
Chevron – Receita: US$ 211,8 bilhões - Lucro de US$ 21,42 bilhões
Royal Dutch Shell – Receita: US$ 451,4 bilhões - Lucro de US$ 16,4 bilhões
Petrobras – Receita: US$ 141,46 bilhões - Lucro de US$ 11,09 bilhões.
Fonte: Forbes Global 2000 Leading Companies