As pirâmides do Egito são os mausoléus mais conhecidos no
mundo e colocaram na história três faraós egípcios: Quéops, Quéfren e
Miqueirinos. Foram várias dinastias egípcias e foram inúmeros os faraós, mas
somente esses três são constantemente lembrados pela humanidade.
Outro mausoléu famoso
é Taj Mahal, construído na Índia pelo imperador mongol Shah Jahan para abrigar
o corpo de sua amada Aryumand, que dentre todas as esposas do monarca era a
favorita, tanto que a chamava de Mumtaz
Mahal, ou seja, “a eleita do palácio”.
Existiram outros mausoléus no mundo, mas em suntuosidade e
tamanho o Taj Mahal e as três pirâmides do Egito são os maiores já erguidos
pelo homem. Porém, no Século XXI em São Paulo, no bairro do Brás, poderá ter sido
erguido um mausoléu que faria inveja aos faraós e ao imperador mongol. Trata-se
do denominado “templo de Salomão” que talvez tenha sido construído para abrigar
a múmia de Edir Macedo.
Posso estar enganado, mas se ainda estiver vivo aqui nesta
terra, não vejo o fundador da Igreja Universal ser sepultado no Cemitério São
João Batista no Rio de Janeiro, sua terra natal, ou mesmo no Cemitério Parque
Morumbi em São Paulo. O primeiro cemitério é improvável porque leva o título
honorífico de “São”, que designa um santo católico. Já o segundo, traz o
inconveniente da simplicidade das lápides, pois mesmo personalidades como
Airton Sena da Silva estão sepultadas debaixo de uma simples pedra onde está
gravado o epitáfio do falecido. Coloque-se na mente de Edir Macedo e chegarás à
conclusão que seria necessário a construção de um imenso e suntuoso mausoléu
para abrigá-lo no post mortem, a
menos que seja cremado, abduzido por extraterrestres ou elevado aos céus em uma
carruagem de fogo, como foi o profeta Elias. Não, Edir Macedo terá que ser
sepultado em algum lugar.
Não tenho o dom de prever o futuro, mas as mentes
megalomaníacas do passado nos dão algumas pistas do que poderá acontecer com o
cadáver de Edir Macedo. Por exemplo, logo depois da morte de Vladimir Lênin, Josef
Stálin encarregou-se das exéquias do chefe da revolução russa de 1917, mandando
mumificar o corpo do líder comunista e construiu um mausoléu na praça vermelha para
expô-lo ao povo. Depois que a URSS acabou, a maioria da população russa foi a favor
do sepultamento de Lênin em um cemitério, mas o governo russo ainda o mantém exposto
como uma melancólica e sinistra atração turística.
A construção do “templo de Salomão” veio para trazer
polêmica e até uma gravação antiga que supostamente é atribuída ao Edir Macedo,
diz revelar que ele próprio afirmou que o templo seria reconstruído para nele
abrigar o demônio. Sinceramente não acredito que o Edir Macedo deva ser elevado
ao papel do anticristo, previsto em II Tessalonicenses 2,4 que diz: ”o adversário,
aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar
lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus”. É certo que a
igreja de Edir Macedo apoia o aborto que nas outras correntes cristãs esse tema
não é bem vindo. Assim como, dessas correntes neopentecostais, foi o bispo
Macedo o único a ter a audácia de criticar e reprovar Cristo em seus atos,
quando disse não entender e não aceitar o primeiro milagre de Jesus (a
transformação da água em vinho e uma festa de casamento), criticando-o
severamente.
Enfim, não acredito em tudo isso porque primeiro deveria
aceitar que o prédio de Edir Macedo seria um templo, para que a profecia
pudesse ser cumprida. Em segundo lugar, porque a finalidade que aqui atribuo ao
“templo de Salomão” é que seja simplesmente o grande mausoléu de Edir Macedo,
nada mais. Obviamente, uma denominação neopentecostal como essa cresce no seio
de uma sociedade carente de educação e discernimento, na qual qualquer palavra
“profética” de prosperidade (porque é isso que elas vendem) serve como alento
em meio à pobreza de suas mazelas sociais. Portanto, nada mais coerente que na
inauguração do suntuoso mausoléu várias personalidades da política estivessem
ali juntas e irmanadas com Edir Macedo, porque muitas coisas eles tem em comum,
dentre elas: A cara-de-pau, o desejo de enriquecer a custa da ignorância do
povo e a obtenção do poder.
Não são todas as igrejas cristãs que agem desta forma, mas são
tantas portinhas nas periferias que se abrem a todo o momento (tão distintas,
mas tão semelhantes entre si) que cada vez mais se torna difícil separar o joio
do trigo.
João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.
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