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domingo, 17 de agosto de 2014

O Mausoléu de Edir Macedo



As pirâmides do Egito são os mausoléus mais conhecidos no mundo e colocaram na história três faraós egípcios: Quéops, Quéfren e Miqueirinos. Foram várias dinastias egípcias e foram inúmeros os faraós, mas somente esses três são constantemente lembrados pela humanidade.

 Outro mausoléu famoso é Taj Mahal, construído na Índia pelo imperador mongol Shah Jahan para abrigar o corpo de sua amada Aryumand, que dentre todas as esposas do monarca era a favorita, tanto que a chamava de Mumtaz Mahal, ou seja, “a eleita do palácio”.

Existiram outros mausoléus no mundo, mas em suntuosidade e tamanho o Taj Mahal e as três pirâmides do Egito são os maiores já erguidos pelo homem. Porém, no Século XXI em São Paulo, no bairro do Brás, poderá ter sido erguido um mausoléu que faria inveja aos faraós e ao imperador mongol. Trata-se do denominado “templo de Salomão” que talvez tenha sido construído para abrigar a múmia de Edir Macedo.

Posso estar enganado, mas se ainda estiver vivo aqui nesta terra, não vejo o fundador da Igreja Universal ser sepultado no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro, sua terra natal, ou mesmo no Cemitério Parque Morumbi em São Paulo. O primeiro cemitério é improvável porque leva o título honorífico de “São”, que designa um santo católico. Já o segundo, traz o inconveniente da simplicidade das lápides, pois mesmo personalidades como Airton Sena da Silva estão sepultadas debaixo de uma simples pedra onde está gravado o epitáfio do falecido. Coloque-se na mente de Edir Macedo e chegarás à conclusão que seria necessário a construção de um imenso e suntuoso mausoléu para abrigá-lo no post mortem, a menos que seja cremado, abduzido por extraterrestres ou elevado aos céus em uma carruagem de fogo, como foi o profeta Elias. Não, Edir Macedo terá que ser sepultado em algum lugar.

Não tenho o dom de prever o futuro, mas as mentes megalomaníacas do passado nos dão algumas pistas do que poderá acontecer com o cadáver de Edir Macedo. Por exemplo, logo depois da morte de Vladimir Lênin, Josef Stálin encarregou-se das exéquias do chefe da revolução russa de 1917, mandando mumificar o corpo do líder comunista e construiu um mausoléu na praça vermelha para expô-lo ao povo. Depois que a URSS acabou, a maioria da população russa foi a favor do sepultamento de Lênin em um cemitério, mas o governo russo ainda o mantém exposto como uma melancólica e sinistra atração turística.

A construção do “templo de Salomão” veio para trazer polêmica e até uma gravação antiga que supostamente é atribuída ao Edir Macedo, diz revelar que ele próprio afirmou que o templo seria reconstruído para nele abrigar o demônio. Sinceramente não acredito que o Edir Macedo deva ser elevado ao papel do anticristo, previsto em II Tessalonicenses 2,4 que diz: ”o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus”. É certo que a igreja de Edir Macedo apoia o aborto que nas outras correntes cristãs esse tema não é bem vindo. Assim como, dessas correntes neopentecostais, foi o bispo Macedo o único a ter a audácia de criticar e reprovar Cristo em seus atos, quando disse não entender e não aceitar o primeiro milagre de Jesus (a transformação da água em vinho e uma festa de casamento), criticando-o severamente.

Enfim, não acredito em tudo isso porque primeiro deveria aceitar que o prédio de Edir Macedo seria um templo, para que a profecia pudesse ser cumprida. Em segundo lugar, porque a finalidade que aqui atribuo ao “templo de Salomão” é que seja simplesmente o grande mausoléu de Edir Macedo, nada mais. Obviamente, uma denominação neopentecostal como essa cresce no seio de uma sociedade carente de educação e discernimento, na qual qualquer palavra “profética” de prosperidade (porque é isso que elas vendem) serve como alento em meio à pobreza de suas mazelas sociais. Portanto, nada mais coerente que na inauguração do suntuoso mausoléu várias personalidades da política estivessem ali juntas e irmanadas com Edir Macedo, porque muitas coisas eles tem em comum, dentre elas: A cara-de-pau, o desejo de enriquecer a custa da ignorância do povo e a obtenção do poder.

Não são todas as igrejas cristãs que agem desta forma, mas são tantas portinhas nas periferias que se abrem a todo o momento (tão distintas, mas tão semelhantes entre si) que cada vez mais se torna difícil separar o joio do trigo.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.

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