O ano termina e é inevitável, pelo menos
para quem se preocupa com o dia de amanhã, que se faça um balanço das
conquistas e das perdas ocorridas em 2013.
Há pouco soube que um amigo de longa data, que já se aproxima dos 50 anos, passará a virada do ano desempregado. No entanto, o simples fato de anunciar nas redes sociais e encarar o acontecido como “coisas da vida”, reflete o otimismo e a esperança que se renova para momentos melhores em 2014.
Perder o emprego pode ser trágico para quem não se preparou adequadamente para o mercado de trabalho, ou mesmo para quem tenha receio em retroceder, ainda que momentaneamente, para um padrão de vida mais modesto. Eu já vivi tanto essa situação de recomeço em minha vida e aprendi que melhor é viver sem apego aos bens materiais. É preferível valorizar pessoas, mas de forma desinteressada, não esperando retribuição, pois a amizade que espera um retorno (afetivo, pecuniário etc.) também é um caminho para a desilusão.
A virada do ano também poderá ser um momento de profunda saudade, pela ausência irremediável de alguém que se ama e que tenha partido. Neste ano de 2013 acompanhei de perto o drama de algumas famílias que foram surpreendidas pela dor da ausência. Nessas ocasiões nosso vocabulário fica pobre em palavras de conforto, piorando quanto mais íntimo sejamos da família enlutada. Assim, invariavelmente, me calo diante de um abraço terno e consolador.
Outros motivos também podem ocasionar um momento de introspecção pessoal do realizado em 2013. Um amor perdido, uma doença inesperada, o insucesso na vida acadêmica, a promoção no trabalho que não veio, a viagem de férias adiada, a mesmice de uma rotina que não acrescenta e sufoca. Entre todos não há mal menor, pois cada momento vivido é único e o consolo não virá pelas milhares de pessoas que passam fome na África ou mesmo daquelas que não têm o que comer no bairro ao lado.
Os sentimentos não são “trade-off” e não nos comprazemos de nossas angústias a partir da visão da miséria do outro. Na verdade, observo que a disponibilidade em sentir as dores dos outros necessariamente passa pela superação das nossas próprias necessidades. Isso é humano, assim como a cultura também pode aumentar o grau de ser empático, ou não, com o próximo. Talvez este seja o ponto central desta minha mensagem.
Vivemos em um País no qual não se tem a tradição de se retribuir com bondade as graças recebidas, pelo contrário, a desconfiança vem como um ingrediente para justificar a nossa ausência em mazelas pontuais e próximas, talvez por estarem próximas demais. Há pouco liguei para um amigo de infância que tenho por tradição ligar (quando estava fora de Manaus), ou visitar, sempre no dia 31 de dezembro. Foi em uma dessas ocasiões que socorri sua esposa em trabalho de parto, em uma visita inesperada, mas providencial. Esse amigo me disse: “Não podemos resolver todas as mazelas do mundo, mas uma fração, por mais ínfima que seja, fará a diferença”.
Ele tem razão, pois este pouco, esta ínfima fração, quando somado a todas as demais que se avolumam em vários cantos deste país nos faz sermos agentes de esperança. Quanto mais pessoas puderem agradecer um ano bom com gentileza e bondade, mais nos engrandeceremos como nação.
João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.
Há pouco soube que um amigo de longa data, que já se aproxima dos 50 anos, passará a virada do ano desempregado. No entanto, o simples fato de anunciar nas redes sociais e encarar o acontecido como “coisas da vida”, reflete o otimismo e a esperança que se renova para momentos melhores em 2014.
Perder o emprego pode ser trágico para quem não se preparou adequadamente para o mercado de trabalho, ou mesmo para quem tenha receio em retroceder, ainda que momentaneamente, para um padrão de vida mais modesto. Eu já vivi tanto essa situação de recomeço em minha vida e aprendi que melhor é viver sem apego aos bens materiais. É preferível valorizar pessoas, mas de forma desinteressada, não esperando retribuição, pois a amizade que espera um retorno (afetivo, pecuniário etc.) também é um caminho para a desilusão.
A virada do ano também poderá ser um momento de profunda saudade, pela ausência irremediável de alguém que se ama e que tenha partido. Neste ano de 2013 acompanhei de perto o drama de algumas famílias que foram surpreendidas pela dor da ausência. Nessas ocasiões nosso vocabulário fica pobre em palavras de conforto, piorando quanto mais íntimo sejamos da família enlutada. Assim, invariavelmente, me calo diante de um abraço terno e consolador.
Outros motivos também podem ocasionar um momento de introspecção pessoal do realizado em 2013. Um amor perdido, uma doença inesperada, o insucesso na vida acadêmica, a promoção no trabalho que não veio, a viagem de férias adiada, a mesmice de uma rotina que não acrescenta e sufoca. Entre todos não há mal menor, pois cada momento vivido é único e o consolo não virá pelas milhares de pessoas que passam fome na África ou mesmo daquelas que não têm o que comer no bairro ao lado.
Os sentimentos não são “trade-off” e não nos comprazemos de nossas angústias a partir da visão da miséria do outro. Na verdade, observo que a disponibilidade em sentir as dores dos outros necessariamente passa pela superação das nossas próprias necessidades. Isso é humano, assim como a cultura também pode aumentar o grau de ser empático, ou não, com o próximo. Talvez este seja o ponto central desta minha mensagem.
Vivemos em um País no qual não se tem a tradição de se retribuir com bondade as graças recebidas, pelo contrário, a desconfiança vem como um ingrediente para justificar a nossa ausência em mazelas pontuais e próximas, talvez por estarem próximas demais. Há pouco liguei para um amigo de infância que tenho por tradição ligar (quando estava fora de Manaus), ou visitar, sempre no dia 31 de dezembro. Foi em uma dessas ocasiões que socorri sua esposa em trabalho de parto, em uma visita inesperada, mas providencial. Esse amigo me disse: “Não podemos resolver todas as mazelas do mundo, mas uma fração, por mais ínfima que seja, fará a diferença”.
Ele tem razão, pois este pouco, esta ínfima fração, quando somado a todas as demais que se avolumam em vários cantos deste país nos faz sermos agentes de esperança. Quanto mais pessoas puderem agradecer um ano bom com gentileza e bondade, mais nos engrandeceremos como nação.
João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.
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