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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Google Street View em Manaus

Iniciado o mapeamento da cidade de Manaus pelo Google Street View.

Nesta segunda (21/5) flagramos o carro de coleta de imagens próximo ao viaduto que cruza a Av. Darcy Ribeiro pela antiga Rua Recife.

A previsão de término do mapeamento é de seis meses, sendo que ao final o Google já poderá disponibilizar o serviço das ruas de Manaus para o mundo.

O veículo é controlado pela central do Google em São Paulo, por meio de GPS, que orienta o condutor do veículo pelas ruas da cidade. Desta forma, o motorista não tem qualquer gerencia sobre quais ruas fotografar, pois tudo é feito automaticamente.

Breve, a sua casa poderá estar na Internet. Aguarde!









domingo, 13 de maio de 2012

A falta de continuidade nos projetos de governo


Estamos nos aproximando novamente de mais uma eleição, que dessa vez elegerá prefeitos e vereadores de todas as cidades brasileiras. De maneira geral, já estamos carecas de saber que não existe um projeto republicano de governo em todas as esferas do executivo, cujas duas maiores consequências são o desperdício de dinheiro público e o desserviços à população que não tem de volta os beneficios permanentes que justifiquem o tanto de impostos que pagamos.

Quando digo projetos republicanos de governo refiro-me ao menos a continuidade de programas que possam ser considerados necessários à população e que mereçam ter prosseguimento nos governos sucessórios, mesmo que sejam provenientes de um governo de oposição. No entanto, o que vemos é o abandono completo, ou até mesmo o reinício do nada, de algo que já existe, talvez com outro nome, com novas cores e novos derrames de dinheiro. Poderia até ser mais plausível de entendimento quando se trata de uma troca de poder entre situação e oposição, mas o que dizer quando isto se repete na sucessão política de um governo de mesmo partido, ou de mesmo grupo político? Não existe neste caso coerência ou qualquer justificativa válida para isto.

Minha análise sucinta sobre a origem deste atraso reside em três causas principais:

1a) Que os cargos executivos no Brasil são ocupados por políticos sem ideologia, que tratam a função pública como algo de mérito pessoal desvinculada do povo que os elegeu e geralmente ligados a partidos que parecem reunir uma confraria de amigos isentos de qualquer afinidade política/ideológica.

2a) Os eleitores não votam em projetos de governo, pois escolhem votar no indivíduo, geralmente um salvador da pátria, ou naquele que mais tiver a cara-de-pau de inventar promessas, pois depois de eleito dará um jeitinho para justificar o nariz de pinóquio na cara.

3a) Os demais poderes que deveriam fiscalizar e punir a ação de maus políticos não atuam, ou são lentos demais para agir, fazendo que a expressão “rouba, mas faz” seja eticamente justificável por meio de uma moral torta que prega que os fins justificam os meios. Como resultado, indivíduos enriquessem muito na política com o pouco de retorno que dão a população, assim quanto mais bilionária e megalomaníaca a obra, mais dificil de fiscalizar, mais fácil de desviar, ou jogar na lata do lixo o dinheiro público.

Como exemplo emblemático disto, vou citar o caso do Sistema Expresso de Manaus, que deveria ser em 2001 o melhor estilo de BRT* aos moldes de Curitba e Bogotá (Transmilenio). No entanto, como não houve a continuidade do sistema, mesmo sendo um projeto mal feito e mal conduzido na época, os governos sucessórios (todos de um mesmo grupo político) não se interessaram em aprimorá-lo, preferindo sucateá-lo. Como efeito, para resolver o caos que é o transporte público manauara, o atual governador Omar Aziz, que foi secretário de obra do então perfeito Alfredo Nascimento (responsável pelo Sistema Expresso), tenta justificar uma outra obra faraônica de um monotrilho** que potencialmente já nasce deficitário e carente de subsídio de dinheiro público para oferecer uma tarifa que seja acessível a população. Isto é um ingrediente mais do que suficiente para o sucateamento do trenzinho suspenso na primeira crise financeira, em um Estado que se endivida muito com obras bilionárias e de pouco resultado no desenvolvimento econômico e social. Refiro-me ao investimento em infraestrutura e em políticas públicas republicanas que perdurem e que possam trazer desenvolvimento, emprego e bem-estar para a população. Na mesma linha, Amazonino Mendes, o atual prefeito de Manaus, agora diz que tem condições de implantar um BRT decente, mas acredito que poucos eleitores se lembram que Alfredo Nascimento foi vice-governador de Amazonino em 1994. Amazonino ainda apoiou Alfredo (ex-cabo da aeronáutica) para a Prefeitura de Manaus em 1996, colocando a máquina de seu poder financeiro/político a serviço, pois era governador na época. Assim, fechando o ciclo, vale lembrar também que além de secretário de obra, Omar Aziz foi vice-prefeito de Alfredo Nascimento em 2000.

Outro exemplo, que considero desperdício de dinheiro público e falta de continuidade de governos de mesma matiz, cor, cheiro e forma, está na sucessão que houve no atual Governo do Estado, no qual foi eleito Omar Aziz, que era vice-governador de Eduardo Braga (hoje senador e líder do governo Dilma no Senado). Logo que eleito, Omar Aziz criou uma marca pessoal para o seu governo, que é uma folha estilizada e mandou apagar a bandeira do Amazonas que foi apropriada por Eduardo Braga como símbolo de seu governo.












Vejam, quanto se gastou de dinheiro somente com isto, considerando que deveriam ter projetos de governo comum, afinal o bom-senso leva a crer que se tiveram o apoio mútuo é porque compartilhavam de interesses comuns, mesmo que se possa questionar se eram, ou não, republicanos. Também é bom lembrar que Eduardo Braga já foi vice-prefeito de Amazonino, sendo este último responsável por introduzir Braga na esfera de poder. Hoje não se entendem, talvez porque Braga tenha crescido muito mais que o seu mentor político, assim como hoje (em cúrtissimo tempo) Eduardo Braga e Omar Aziz também parecem nutrir incompatibilidades de gênios e interesses.

Não tenho o objetivo de ficar discutindo essas picuinhas regionais, mesmo porque já existe muita gente que se diz entendedor de política Baré escrevendo a respeito. Na verdade, o meu intuito é exemplificar que não será por meio do voto em pessoas, por mais unidas que possam se agrupar no palanque que se aproxima, que encontraremos a solução de continuidade de políticas de governo republicano que tragam progresso e avanço em nosso bem-estar econômico e social, pois já demonstraram (todos eles), que tudo vai bem enquanto vai um vintém até certo ponto. Quando saciados em suas necessidades básicas de dinheiro, no melhor estilo da hierarquia de necessidades de Maslow(***), buscam saciar sua vaidade no poder imperial, mas não há lugar para todos no topo da pirâmide.

Se na tua cidade, no teu Estado é a mesma coisa, certamente não é mera coincidência, pois esta é a política brasileira que se baseia nos interesses de pessoas e não em projetos de governo. Talvez um bom início para a mudança seria acabar com o desperdício de dinheiro em marcas pessoais e em logos de governo. A população não precisa disto, haja vista que o único benefício prático e inflar a vaidade e o ego desta classe de políticos.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont

Notas: (*) BRT – Bus Rapid Transport, que é conhecido pelos ônibus articulados que trafegam em vias exclusivas, funcionando como se fossem metro de superfície; (**) Monotrilho é um trem elevado bidirecional que trafega em um único trilho, muito utilizado em parques de diversões.

É dia de lembrar das mães


Ao ler a vida de São Vicente de Paulo, impressionou-me um episódio contado por pessoas que o presenciaram. Vicente tinha enorme prestígio junto ao rei da França e às autoridades daquele país. Como consequência, era procurado por muita gente que lhe pedia interceder a fim de obter favores ou cargos. Nada de estranhar porque as coisas não mudaram muito de lá para cá. Que certa vez foi ao seu encontro uma mulher que desejava ver o filho padre nomeado bispo. Na época, os bispos eram nomeados pelo rei e tinham enormes privilégios.

Vicente conhecia o candidato e sabia que ele não tinha condições morais para assumir uma diocese. Foi sincero com a mulher e disse-lhe a verdade nua e crua, sem nada esconder. A senhora deu-lhe como resposta um sonoro e bem aplicado tapa na cara. Vicente ficou quieto e não reagiu nem com palavras. Um amigo, que estava a seu lado, ficou indignado e perguntou-lhe por que não reagira. O santo homem respondeu: "Foi amor de mãe." Pelos filhos as mães são capazes de tudo até de loucuras. Vá às portas das prisões e das penitenciárias; lá as encontrará sem cansaço em apoio aos filhos condenados. Pergunte a elas se acreditam na culpa dos presos e verá como o amor é cego. Vá aos hospitais e as achará junto ao leito de filhos enfermos. O amor de mãe supera qualquer imaginação.

A sociedade atual precisa debruçar-se sobre os exemplos das mães para superar os momentos de egoísmo em que mergulha. Vivemos crises financeiras e econômicas, mas a desgraça maior de nossos tempos é a falta de amor. Crianças abandonadas, adolescentes deixados à própria sorte, jovens sem futuro, famílias liquefeitas, idosos desamparados, todos revelam alface cruel de um mundo destinado ao nada. Como precisamos do amor materno para gritar que tudo poderá ser diferente! O verdadeiro amor de mãe educa os filhos para os valores autênticos, corrige-os quando necessário, prepara-os para caminharern com as próprias a pernas. Nas mãos maternas está o futuro da sociedade.

Cabe aqui lembrar a mãe de Jesus que amou e educou nosso Salvador. Que ela peça bênçãos divinas para todas as mães!

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Vídeo em Homenagem ao mês das mães


Vídeo em Homenagem ao mês das mães



Mãe, minha musa preferida

Quando foi que tocaste para mim uma sinfonia?
Já não te lembras, eu também não, mas a poesia ensina.
Foste por meio das batidas compassadas de teu coração
que percebi a existência da vida, não da minha, mas da tua.
Tão próxima, tão latejante e deslumbrante.

Desde então, como inicialmente ligados por um cordão,
seguiremos unidos na eternidade do amor, porque nunca tu desistirás de me querer.
E eu, por ser frágil, sempre seguirei coberto por tua sombra,
ainda mesmo que minha altura ultrapasse a tua.

Ainda que passe o tempo, eu de ti não tenha mais tanta necessidade
Ainda que encontre o amor nos braços de outra mulher.
E derramar minha semente em solo fecundo de felicidade
Como se desejasse a ela fazer conhecer o verdadeiro amor,
não aquele amor hedônico, egoísta e personalista,
mas aquele que somente tu poderás dizer-me como é.
Porque jamais saberei.

Engraçado que aquele que é amado em tão tenra idade, aprende a amar na eternidade.

Escrito por João Lago

domingo, 6 de maio de 2012

Envelhecer com qualidade



Há dias li nos jornais da terra que um idoso foi preso ao ser flagrado em roubo de não sei o que. Curioso, fui examinar a notícia para saber quantos anos tinha o ladrão idoso. Sabe quantos? Ele completou sessenta anos.

Existem pessoas que viveram um bom tempo, mas não aprenderam a viver. Na Bíblia (Dn 13*) se conta a história de dois velhos juízes que exploravam a ingenuidade do povo usando a força do cargo. Tentaram a bela Suzana e, ao serem repelidos, a caluniaram e conseguiram condená-la à morte. Deus veio ao encontro da inocente por meio do jovem profeta Daniel. Os dois velhos safados se deram mal.

A idade avançada nem sempre é sinal de sabedoria. Mas, a notícia do velho ladrão de Manaus alertou-me. Se ele é idoso em seus sessenta anos, imagine só minha situação com os setenta e cinco que completei nesta semana!

Recentemente a Universidade Aberta da Terceira Idada (UATI) lançou uma campanha que deve ser apoiada por toda a sociedade: “Envelhecer eu vou, com qualidade eu posso!” É o lema para o tema “Envelhecer em Manaus”. Na cartilha de esclarecimento, lemos que “hoje em Manaus são 152.467 idosos e em 2032 seremos mais de 600.000”. Como aconteceu em países desenvolvidos, a população envelhece devido ao avanço da medicina e da ciência, que esse limite de 80 anos foi esticado e estamos mais perto da realização da profecia de Isaías que afirma que nos tempos messiânicos “não alcançar os 100 anos será maldição” (Is 65,20).

Confesso que me sinto feliz em ter vivido 75 anos. Com o passar do tempo, as forças físicas perderam o vigor, mas aprendi a viver, a ter serenidade, a integrar minha vida a minha fé, a dar aos acontecimentos o peso devido, nem maior e nem menor. As pessoas longevas, apresentadas na Bíblia e fora dela, me ensinaram que vale a pena viver nos camimhos de Deus: Moisés, Josué, Samuel, Matatias, Ana, Simeão e tantos mostraram-me que fomos criados para realizar os projetos divinos.

A vida é bela!

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus


Nota:

*Daniel 13

III. História de Susana (13,1-64)

Inocência de Susana – 1Ha­via um homem chamado Joa­q­uim, que habitava na Babilónia. 2Ti­­nha desposado uma mulher de nome Susana, filha de Hilquias, mui­­t­­o bela e piedosa para com o Senhor,3pois tinha sido educada pelos pais, que eram justos, de har­monia com a Lei de Moisés. 4Joa­quim era muito rico. Contíguo à sua casa, tinha um pomar; e com frequência se reuniam em casa dele os judeus, pois que entre todos os seus compatriotas gozava de parti­cular consideração.
5Tinham sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo. A eles justamente se aplicava a pala­vra do Senhor: «A iniquidade veio da Babilónia, de anciãos e juízes, que passavam por dirigir o povo.» 6Estas duas personagens frequenta­vam a casa de Joaquim, onde vi­nham pro­curá-los todos os que tinham qual­quer contenda. 7À hora do meio-dia, quando toda esta gente se tinha reti­rado, Susana ia passear para o jar­dim do marido. 8Os dois anciãos viam-na todos os dias, por ocasião do passeio, de maneira que a sua paixão se acendeu por ela. 9Perde­ram a justa noção das coisas, afastaram os olhos para não olha­rem para o céu e não se lembrarem da verdadeira regra de conduta.
10Os dois consumiam-se de pai­xão por Susana, mas sem contarem um ao outro a sua própria emoção. 11Ti­nham vergonha de, reciprocamente, comu­ni­ca­rem o desejo que os domi­nava de a possuírem.12Todos os dias, inquie­tos, procuravam ocasião para a obser­var. 13Uma vez, disseram um ao outro: «Vamos para casa, pois é a hora de almoçar.» Saíram cada um por seu lado. 14Mas voltaram os dois atrás e encontraram-se num mesmo lugar. Ao interrogarem-se mutua­mente sobre o motivo do regresso, conf­essaram um ao outro o seu desejo. Combinaram, então, um mo­mento em que pudes­sem encon­trar Susana só. Eles estuda­vam a oca­sião propícia.
15Um dia, como de costume, che­gou Susana, acompanhada apenas por duas criadas, e preparava-se para tomar banho no jardim, pois fazia calor. 16Não havia aí ninguém senão os dois anciãos que, escondi­dos, a es­piavam. 17Disse às jovens: «Trazei-me óleo e unguentos e fechai as por­tas do jardim, para eu tomar banho.» 18Fizeram o que ela tinha mandado e, tendo fechado as portas do jar­dim, saíram pela porta tra­seira, para irem procurar o que lhes tinha sido pedido; não sabiam que os anciãos estavam lá escondidos.
19Logo que elas saíram, os dois homens precipitaram-se para junto de Susana 20e disseram-lhe: «As por­tas do jardim estão fechadas, nin­guém nos vê. Nós ardemos de desejo por ti. Aceita e entrega-te a nós. 21Se não quiseres, vamos denunciar-te. Di­­re­­­mos que um rapaz estava con­tigo e que foi por isso mesmo que tu man­daste embora as criadas.» 22Su­sana bradou angustiada: «Estou su­jeita a aflições de todos os lados! Se faço isso, é para mim a morte. Se não o faço, nem mesmo assim vos escapa­rei. 23Mas é preferível para mim cair em vossas mãos sem ter feito nada, do que pecar aos olhos do Se­nhor.» 24Susana, então, soltou altos gri­tos e os dois an­ciãos gritaram tam­bém com ela. 25E um deles, cor­rendo para as portas do jardim, abriu-as.
26As pessoas da casa, ao ouvirem esta gritaria, precipitaram-se pela porta traseira para ver o que tinha acontecido. 27Logo que os anciãos falaram, os criados coraram de ver­go­nha, pois jamais se tinha dito coisa semelhante de Susana. 28No dia se­guinte, os dois anciãos, dominados pelo desejo criminoso contra a vida de Susana, vieram à reunião que ti­nha lugar em casa de Joaquim, seu marido.29Disseram diante de toda a gente: «Que se vá procurar Susana, filha de Hilquias, a mulher de Joa­quim!» Foram procurá-la. 30E veio com os seus pais, os filhos e os mem­bros da sua família. 31Susana era de fi­gura delicada e bela de rosto. 32Por­que estava velada, estes ho­mens per­ver­s­­os, para ao menos se saciarem com a sua beleza, exigiram que levantasse o véu. 33Choravam todos os seus, ass­im como todos os que a conheciam.

Susana acusada pelos anciãos – 34Os dois anciãos levantaram-se diante de todo o povo e puseram a mão sobre a cabeça de Susana, 35en­quanto ela, desfeita em lágrimas, mas de coração cheio de confiança no Senhor, olhava para o céu. 36Dis­s­eram então os anciãos: «Quando pas­seávamos a sós pelo jardim, entrou ela com duas criadas; e depois de ter fechado as portas, mandou embora as criadas. 37Então, um jovem, que estava lá escondido, aproximou-se e pecou com ela. 38Encontrávamo-nos a um canto do jardim. Perante seme­lhante atrevimento, corremos para eles e surpreendemo-los em flagran­te delito. 39Não pudemos ter mão no rapaz, porque era mais forte do que nós, abriu a porta e escapou-se. 40A ela apanhámo-la; mas, quando a in­terrogámos para saber quem era esse rapaz, 41recusou responder-nos. Somos testemunhas disto.»
Dando crédito a estes homens, que eram anciãos e juízes do povo, a assembleia condenou Susana à mor­te. 42Esta, então, em altos brados dis­se: «Deus eterno, que sondas os segre­dos, que conheces os acontecimentos antes que se dêem, 43Tu sabes que proferiram um falso testemunho con­tra mim. Vou morrer sem ter feito nada daquilo que maldosamente inventaram contra mim.»

Daniel defende a casta Susana – 44Deus ouviu a sua oração. 45Quando a conduziam para a morte, o Senhor despertou a alma límpida de um rapa­zinho, chamado Daniel, 46que gritou com voz forte: «Estou inocente da morte dessa mulher!» 47Toda a gente se voltou para ele e disse: «Que é que isso quer dizer?» 48E, diri­gindo-se para o meio deles, afirmou: «Israe­l­­i­tas! Estais loucos, para con­de­nardes uma filha de Israel, sem examinar­des nem reconhecerdes a verdade? 49Reco­meçai o julgamento, porque é um falso testemunho o que estes dois homens declararam con­tra ela.»
50O povo apressou-se a voltar. Os an­­ciãos disseram a Daniel: «Vem, senta-te no meio de nós e esclarece-nos, porque Deus te deu maturi­dade!» 51Bradou Daniel: «Separai-os para longe um do outro e eu os jul­garei.»
52Separaram-nos. Daniel, então, chamou o primeiro e disse-lhe: «Ve­lho perverso! Eis que se manifestam agora os pecados que cometeste ou­trora em julgamentos injustos, 53ao condenares os inocentes, absolvendo os culpados, quando o Senhor disse: ‘Não farás com que morra o inocente ou o justo.’ 54Vamos! Se realmente os viste, diz-nos debaixo de que árvore os viste entreterem-se um com o outro.»
«Sob um lentisco.» – respondeu.
55Retorquiu Daniel: «Pois bem! Aí está a mentira, que pagarás com a tua cabeça. Eis que o anjo do Se­nhor, conforme a sentença divina, te vai rachar a meio!»
56Afastaram o homem, e Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: «Tu és um filho de Canaã e não um judeu. Foi a beleza que te seduziu e a pai­xão que te per­verteu. 57É assim que sem­pre tendes procedido com as filhas de Israel, que, por medo, entravam em relação convosco. Uma filha de Judá, porém, não consentiu na vossa perversi­dade. 58Vamos, diz-me: sob que árvore os surpreendeste em ati­tude de se uni­rem?»
«Sob um carvalho.»
59Respon­deu Daniel: «Pois bem! Também tu forjaste uma mentira que te vai cus­tar a vida. Eis que o anjo do Senhor, de espada em punho, se dispõe a cortar-te ao meio, para vos aniqui­lar.»
60Logo a multidão deu grandes bra­dos, e bendizia a Deus que salva os que põem nele a sua esperança.
61Toda a gente, então, se insurgiu contra os dois anciãos que Daniel tinha convencido de falso testemu­nho, pelas suas próprias declarações e deu-se-lhes o mesmo tratamento que eles tinham infligido ao seu pró­ximo. 62De harmonia com a Lei de Moisés, mataram-nos. Deste modo, foi poupada naquele dia uma vida ino­c­ente.
63Hilquias e sua esposa louvaram a Deus por sua filha, Susana, com Joaquim, esposo dela, e todos os pa­rentes, pois não tinham encontrado qualquer desonestidade na sua con­duta. 64Daniel, daí em diante, gozou de elevada consideração entre os com­patriotas.