sábado, 3 de março de 2012
Opinião: A relativização da cultura da morte
No cerne da bandeira do "livre arbítrio", encampada pelos favoráveis a legalização do aborto no Brasil, está a saúde feminina, que é contextualizada dentro da cultura da morte, ou melhor dizendo, relativiza o sacrifício de inocentes como sendo uma medida de não morte de gestantes em abortos não assistidos e (até mesmo), ou como medida profilática para o controle da natalidade, ou como alternativa para diminuição dos índices de criminalidade, considerando que um filho gestado em condições paupérrimas geraria um candidato a marginal.
No que diz respeito ao controle de natalidade, o que na verdade se prega é a ausência de responsabilidade nos relacionamentos interpessoais, não os classificando como afetivos, haja vista que se envolvessem sentimentos seriam conduzidos dentro do respeito à saúde da mulher, assim como dentro de uma conduta responsável que requer o ato sexual, principalmente no que tange ao amor próprio, não entregando, tanto o homem quanto a mulher, a sua intimidade sem um mínimo de envolvimento afetivo e conhecimento profundo de seu parceiro. Se os relacionamentos sexuais fossem permeados por esses princípios, certamente não teríamos tantos filhos sem pai, ou com pai ausente do convívio dos filhos. Aqueles que pregam o amor livre, também pregam a ausência de compromisso no ato sexual e a permissividade do aborto, haja vista que é muito mais fácil assumir uma conduta irresponsável em relação ao sexo, do que buscar tratá-lo como uma expressão de amor entre um homem e uma mulher. Tratar o sexo com uma necessidade básica, na ausência da razão e do amor humano é nos colocar como cães no cio, expostos e cruzando em praça pública. Este mesmo raciocínio também pode ser utilizado como argumento para refutar o aborto como alternativa de controle de natalidade, levando ainda em consideração que o ato sexual tem como consequência um filho, portanto deveria ser consensual a assunção do risco da gravidez na união íntima de um casal e jamais a permissividade do aborto poderia ser aventada em uma crise de arrependimento. O fizeram com a plena certeza de suas consequências.
Quando o assunto se encaminha para o controle da natalidade, no intuito de diminuição da violência, dizem que mulheres são abandonadas pelos seus parceiros e que os filhos nascem sem pai e, desta maneira, são empurradas para a pobreza e os filhos para marginalidade. Engraçado que este tipo de argumento recorda-me um filme de ficção científica chamado Minority Report, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Steven Spielberg, no qual antes do crime acontecer os propensos criminosos são presos, julgados e condenados por atos que farão em futuro próximo. No caso do pensamento abortista, a sanção para o nascituro, tratado como “futuro criminoso”, é a pena de morte, eliminando assim da sociedade o problema de mais pobres marginais no futuro.
Veja que não faltam argumentos que buscam justificar o assassinato de crianças no ventre das mães e de pessoas engajadas em tornar isto uma realidade, ou uma facilidade. Portanto, nesta ampla discussão se é moral uma mulher dispor da vida de uma outra pessoa, ainda mais sendo seu filho, não vejo emergir o reforço de atitudes que poderiam evitar uma gravidez indesejada. A educação é uma delas, pois em um mundo que transpira informação, não se trata meramente de informar sobre as consequências do sexo irresponsável. É necessário que tanto homens quanto mulheres sejam educados ao respeito mútuo. Da parte masculina, não desejar uma mulher como mero objeto de prazer sexual, que saiba compreendê-la e amá-la, fazendo o amor parte importante da relação sexual, pois um homem não deveria ir para a cama com uma mulher somente pelo seu corpo, mas com o todo o seu afeto, carinho e respeito pela história de sua companheira. Quanto a mulher, que saiba compreender as diferenças entre os gêneros, não desejando prescindir o homem de sua vida familiar, ou acreditando que seja supérfluo a existência do homem (pai) nas famílias. De maneira geral os homens orbitam em torno das mulheres e a mulher deve acreditar na força que possui para conduzir a história de um homem, cabendo a sociedade proteger esta união que chamamos núcleo familiar básico.
Em uma sociedade que prioriza os direitos individuais frente aos direitos coletivos, vemos surgir uma cultura erotizada, alicerçada no prazer individual que não enxerga o outro com o respeito necessário, criando relacionamentos de conveniência e de condescendência sexual. Assim, falar de amor de um homem para com uma mulher, no desejo de constituir família, é tratado como discurso anacrônico, careta, medieval, fora-de-moda e, nada mais óbvio, que hajam o aumento de gravidez indesejada e os gritos a favor da legalização do aborto. Eu sou a favor da vida, da família, pois se estou hoje aqui escrevendo é porque um dia, no começo de minha história, fui gestado como gente e acolhido e amado por uma família que se formou com um homem e uma mulher que assumiram suas responsabilidades. O que eu defendo é que todos possam ter a mesma experiência de família que eu tive e tenho, não mais que isto. Por isto, eu sou incondicionalmente a favor da vida, da família e contra o aborto.
João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont
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