domingo, 25 de março de 2012
Fé sadia para um povo sadio
Com frequência se ouve que a enfermidade é castigo de Deus contra o pecado e o pecador. Nem é preciso dizer com essa afirmação traz angústias e sofrimentos. Mas, será verdade mesmo que sofremos porque pecamos ou porque alguém próximo de nós o fez?
Na Bíblia encontramos o livro de Jó que contesta essa tese e apresenta tudo o que aconteceu de desgraça na vida do personagem não como um castigo, mas como provação.
Ao tratar da morte de pessoas justas, o livro da Sabedoria diz que “Deus provou-nos como se prova o ouro na fornalha” (Sb 3,6).
Nesta Campanha da Fraternidade sobre saúde pública vem-nos proposta a cura de um cego de nascença (Jo 9, 1-41) como luz para resolver a questão. Ao verem o cego, os discípulos perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou para que ele nascesse cego, ele ou seus pais?” A resposta do Senhor foi: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas foi para que se manifestassem nele as obras de Deus”. Portanto, a doença deve ser encarada como tempo de vida em que se podem manifestar a presença e a força divina. Pelo menos, no caso citado, ninguém foi culpado. Entretanto existem enfermidades causadas pelos seres humanos, como não?
Quem fuma sabe que poderá ter câncer do pulmão, problemas do coração, acidentes vasculares e outras desgraças. Quem se deixa dominar pelo alcoolismo sabe bem que poderá ter cirrose, pressão alta e um monte de enfermidades. Quem como demasiadamente e indevidamente tem possibilidades de tornar-se obeso e enfrentar problemas cardíacos. Quem é promíscuo em relações sexuais poderá contrair doenças sexualmente transmissíveis como sífilis, AIDS e companhia. Para quem quiser ver, aí estão à mostra as infelicidades causadas pelas drogas e pela irresponsabilidade no trânsito. Muitos males poderiam ser evitados.
A Campanha da Fraternidade de 2012 busca conscientizar-nos de que a prevenção constitui o melhor meio de acabar com muitas enfermidades. As autoridades tem obrigação de apostar nela. A nós compete exigir que direitos a saúde sejam respeitados. Para isso, o caminho é saber que somos responsáveis pela saúde de todos.
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
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