Vamos contar a história do Sr. José Carvalho, que até antes do Natal passado poderia ser encontrado conduzindo seu cachorro de estimação pela praça de caminhada que fica aqui no Conjunto Santos Dumont – Manaus/AM, sendo um rosto comum entre aqueles que diariamente se exercitam naquele local. Carvalho, como é conhecido entre seus amigos, de nome homônimo de árvore imponente e frondosa, sempre fez questão de demonstrar ser um homem de saúde inquebrantável, tanto que se recusava a ir ao médico, mantendo distância de qualquer um que usasse branco. Era tanta a distância que desejava dos serviços de saúde que o Sr. Carvalho deixou de completar aniversário aos 56 anos de idade, mas não o fez por conta da vaidade em não aceitar o passar do tempo. Carvalho na verdade não queria completar 60 anos, e ser automaticamente incluído nas campanhas de vacinação da gripe, pois pensava que os seus amigos e familiares não cessariam de falar no assunto, ao que laconicamente ele dizia: “Não vou vacinar-me. Eu tenho 56 anos”.
No entanto, antes de continuar contando a história de Carvalho, vou abrir um parêntese para reflexão sobre as armadilhas que a vida nos prepara e os mecanismos que temos para escapar dessas emboscadas. Temos em nossas vidas cinco grandes engrenagens que impulsionam nossa vida que são a fé, a família, o trabalho, os amigos e a saúde, como se todas juntas pudessem encher grande vasos de tônicos que nos saciam para: o amor; a auto-estima; reconhecimento profissional e; reconhecimento social.
Quanto mais rapidamente uma dessas engrenagens se movimenta é possível que se possa encher mais rápido um vaso que outro, inclusive sendo provável que não se encham por igual, ficando o pouco do líquido depositado em um ao efeito da evaporação. Por exemplo: Imagine que a engrenagem que se movimente mais rápido seja a do trabalho, portanto o vaso do reconhecimento profissional vai encher-se mais célere que os demais e talvez se encha também o vaso do reconhecimento social, isto se houver relevância para os amigos e para a sociedade do trabalho que é executado, principalmente se gera admiração e status. Neste sentido, fico com a lembrança do que me disse certa vez Pedro Dias, meu padrasto: “Quando eu me aposentar não serei convidado nem para segurar em alça de caixão”. Pedro Dias, homem devotado ao trabalho e por isso conseguiu chegar a um importante cargo em carreira pública, não perdeu a lucidez e tinha completa consciência de sua escolha. Assim, as engrenagens da família, da saúde e dos amigos são aquelas que mais diretamente enchem os vasos do amor e da auto-estima. Se privilegiarmos somente o trabalho, logo faltará tempo para cuidarmos da saúde e do prazer que se pode alcançar e uma boa caminhada com os amigos no início ou final do dia. Se a engrenagem da família não se movimenta adequadamente, sofrerá com as ausências proporcionadas pelos afazeres profissionais, logo o grande pote do amor pode ficar a míngua evaporando ao sabor do tempo e do vento.
Faltou falar da engrenagem da Fé, mas não se deseja construir nenhum compêndio dogmático a respeito deste assunto, pois prefiro trabalhar com as metáforas que a vida nos ensina. Vejo a Fé como uma engrenagem enorme, com tamanho desproporcional as demais. Assim, como a mecânica nos ensina que quanto maior a engrenagem, maior será o seu poder de alavanca, ou seja: um pequeno movimento na engrenagem da Fé é capaz de fazer girar muito mais do que a soma de todas as outras engrenagens juntas e com menor esforço. Quero dizer que mantemos a nossa engrenagem da Fé meio engripada, com falta de lubrificação, mas sabemos que um pequeno deslocamento dela é capaz de encher por igual todos os nossos vasos (para aqueles que se alimentam da Fé).
Agora retornando a história do Sr. José Carvalho, em dezembro do ano passado ele começou a sentir dores abdominais provenientes de uma obstrução no intestino, mas o medo tão grande de ir ao médico postergou o atendimento à saúde até que as dores ficaram ainda maiores. Quando finalmente o Sr. Carvalho foi atendido, já havia ruptura do intestino com vazamento do conteúdo deste para o peritônio, sendo necessário urgente intervenção cirúrgica. Ainda assim, o Sr. Carvalho não queria ser operado, dizendo preferir ir para casa e esperar o desfecho inevitável para o seu caso. Foi necessário que entrasse em funcionamento a engrenagem família para que a movimentasse a engrenagem da saúde, então muito esquecida pelo Sr. Carvalho. No entanto, no pós-operatório, que foi feito as pressas dada a urgência do quadro clínico, foi perguntado ao paciente se o mesmo tinha problemas circulatórios e cardíacos, sendo respondido por ele como portador de uma saúde de ferro, baseado exclusivamente em sua intuição, porque jamais fora consultar-se com um médico. Como resultado desta informação equivocada, o Sr. Carvalho entrou em coma logo após receber a anestesia, pois desconhecia que tinha problemas de hipertensão arterial e outros problemas cardíacos. Ainda assim, a cirurgia que retirou grande parte de seu intestino foi concluída, mas era certo que o Sr. Carvalho não resistiria por muito tempo, tendo sido aconselhado a família que providenciasse suas exéquias e foi marcado o dia para que desligassem os aparelhos que o mantinham vivo. No entanto, mesmo após desligados os equipamentos, ainda assim o Sr. Carvalho, ao espanto de todos, manteve-se vivo até que despertou do coma. Esta história bem que poderia encerrar-se aqui, como sendo um caso de superação e de cura milagrosa. Porém, o coma, ao que parece não foi somente provocado pela anestesia, mas houve também um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que o deixou paralisado no lado esquerdo do corpo, não permitindo que tivesse uma pronta recuperação e deixando-o acamando desde então.
A família, principalmente sua esposa, o cercam de cuidados, mas a engrenagem do trabalho parou para o Sr. Carvalho e sua esposa, que trabalhavam com fornecimento de salgados para várias lanchonetes no centro da cidade. Como o estado de saúde do Sr. Carvalho necessita de intensa atenção, não pode sua esposa sem ajuda do marido manter o serviço de cozinha, cujo negócio era mais que suficiente para manutenção de toda a família. Os parentes estão ajudando, inclusive sendo providenciado junto ao INSS o recebimento de benefício específico para este caso e uma cadeira de rodas adaptada para o quadro clínico do Sr. Carvalho. Apesar disto tudo, é grande a necessidade de materiais específicos como: fraldas geriátricas descartáveis tamanho G, esparadrapo hipoalergênico micropore de 100mm x 4,5 m (ou de 50 mm), além de lençóis, mas tem que ser usados, pois lençóis novos machucam, portanto tem que ser aqueles que já foram macerados pelo uso mesmo. Também estamos arrecadando entre amigos uma quantia suficiente que possa comprar uma cama hospitalar.
Para ajudar o Sr. Carvalho, vamos repetir a ação entre amigos realizada em Dezembro/2010 que foi completada com sucesso, utilizando a mesma dinâmica, fazendo girar esta importante engrenagem que são os amigos, pois o que nos move é a nossa fé que sempre fará diferença nos mais diversos e difíceis problemas.
Para colaborar você também, envie um e-mail que te daremos todas as coordenadas de como fazê-lo.
e-mail: amipaz.manaus@gmail.com
Amipaz
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