Nessa semana que passou abordei com alunos de pós-graduação
em Gestão Estratégica Empresarial a importância da cultura da empresa na gestão
da inovação nas organizações como fator estratégico para a perenidade das
empresas no mercado. Ressaltava que os gestores, mesmos aqueles de nível
operacional, não deveriam criar barreiras para a coleta de sugestões de
melhorias de produtos, serviços e deveriam estimular ao máximo a revisão
contínua de processos. Nenhuma ideia deveria ser tolhida, considerada absurda
ou censurada e sistemas de premiação pecuniária deveriam existir como estímulo
para coleta contínua de ideias inovadoras.
Uma aluna exemplificou que a empresa na qual trabalha não
havia esse estímulo favorável à recepção de ideias, mas como líder de uma
equipe agia assim de vontade própria, mesmo não havendo determinação de sua
chefia direta. Esforçava-se para que os seus subordinados tivessem oportunidade
para sugerir melhorias e não economizava tapinhas nas costas.
A Revista Você S.A. anualmente publica, em parceria com a
Fundação Instituto de Administração – FiaUSP, resultado da pesquisa das
melhores empresas para trabalhar, logicamente investigando a percepção de
funcionários das empresas participantes da pesquisa. Tive a oportunidade de
conhecer o questionário dessa pesquisa neste ano e verifiquei que além de
perguntas diretas sobre a opinião do respondente sobre a empresa que trabalha,
questionamentos sobre a atuação da chefia imediata é amplamente investigada
como fator motivacional do funcionário. Obviamente, a metodologia visa comparar
se a motivação para o trabalho é mais decorrente de um fato isolado, ou seja,
se é possível que o empregado esteja satisfeito com o seu chefe, mas tenha
sérias críticas e falta de identificação pessoal com a empresa que trabalha, ou
vice-versa. Em todo o caso, esta reflexão visa ressaltar a correlação positiva
entre motivação, cultura organizacional e inovação como uma tríade estratégica
para que uma empresa possa permanecer no mercado.
Uma empresa que não adota a inovação como parte de sua
cultura corre o risco de reter e promover gestores que não dão a mínima
importância para motivar seus subordinados a gestar novas ideias e pode ficar
reféns de iniciativas pessoais isoladas. Eu mesmo já fui vítima de uma criatura
obtusa que analisando o meu currículo disse-me sem nenhuma cerimônia:
“infelizmente toda sua experiência e conhecimento não serão aproveitados em
suas atribuições nesta empresa”. Contudo, não se deve reduzir um indivíduo ao
rol de suas atribuições, mas incentivá-lo a colocar sua vivência a extrapolar o
limite suas tarefas de forma crítica e inovadora.
Uma empresa com uma forte cultura centrada em valores pode
naturalmente expurgar indivíduos contrários a ela e, por sua vez, reter
profissionais que melhor se adéquam a mesma. Desta forma, bastaria tão somente
acrescentar a inovação como um dos princípios basilares da organização e tudo
estaria resolvido. Porém, disseminar cultura não é uma tarefa fácil, pois se
fosse teríamos uma miríade de empresas surpreendendo o mercado o tempo todo. Infelizmente,
por mais boa vontade que se tenha, não é possível criar uma cultura inovadora
por meio de uma simples declaração de valores.
Inovar é realizar algo de maneira pela qual ninguém antes
imaginou e isto somente acontecerá se mentes voltadas para o trabalho possam estar
continuamente motivadas a pensar e atuar no que gera, desenvolve,
estabelece valores e
atitudes na empresa,
propensos a suscitar,
assumir e impulsionar
ideias inovadoras.
João Lago.
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