Nessa primeira semana de dezembro
contabilizo a dissidência de uma importante amizade por mim construída em doze
anos de convivência em movimentos sociais e em causas ligadas a fé católica.
Absolutamente não se trata de alguém que não mereça meu respeito, seja por sua
envergadura acadêmica de doutor em sociologia pela Sorbonne, ou por sua posição
conciliadora ao ecumenismo tão necessário a nossa fé cristã. Atualmente esse
amigo não vive no Brasil e (talvez por isso) deixou de acompanhar o dia-a-dia
de um povo sofrido que face aos acontecimentos na política e na economia voltou
à desesperança.
Eu não temo o debate elevado das
ideias, mesmo porque acredito que possuo os argumentos necessários para
sustentar cada uma das posições ideológicas que eu assumo, ao mesmo tempo em
que pondero e tento compreender as matizes dos discursos contrários que visam
desconstruir a realidade dos fatos. Não que eu tenha o monopólio da razão, ou
porque tenha o completo domínio da interpretação da realidade, mas porque
assumo de peito aberto e sem meias palavras o que penso, colocando despidas em
praça pública as minhas convicções para que qualquer pessoa possa criticá-las.
O cisma ocorrido entre mim e esse
amigo querido deu-se por sua campanha massiva na internet contra o impedimento
de Dilma Rousseff e, em dado momento por ele ser religioso, citei o Evangelho
de São João 8:44, que diz que a mentira está personificada no mal e é o próprio
demônio quem a patrocina. Esse meu amigo respondeu-me em francês: “La vérité est une nuance de gris” (a
verdade é uma escala em cinza), para dizer que em dado momento pode-se
interpretar ações e palavras dissociadas da ideologia (ou motivação real) que
as motivam. Portanto, se a verdade pode ter diversas tonalidades, o diabo em
dado momento torna-se anjo e pode justificar suas mentiras com meias verdades,
assim como na Grécia antiga os sofistas eram contratados para desconstruir a
verdade por meio de uma dialética enganadora. Não sou doutor na Sorbonne, mas
para esse tipo de pensamento tem um conceito de uma sabedoria popular que diz:
“Os fins não justificam os meios”, ou seja, não se pode construir um caminho,
por mais difícil que seja, relativizando ou contrariando princípios morais,
dentre os mais preciosos o irremediável apego à verdade.
Para ilustrar que estou afirmando
que o PT tem como dogma a mentira, compartilhei com esse amigo um vídeo no qual
Lula da Silva falava aos seus correligionários no instituto que leva o seu
nome. Em dado momento, em uma reunião em Paris com Roberto Marinho e Jaime
Lerner, Lula diz que mentia descaradamente dizendo que no Brasil havia vinte e
cinco milhões de crianças de rua e por suas palavras era aplaudido
calorosamente pelos franceses. Ao final, o Jaime Lerner cutuca o Lula e diz:
“não pode ter vinte e cinco milhões de crianças de rua Lula, porque a gente não
conseguiria andar nas ruas Lula, é muita gente” e Lula ria debochado. Em outro
momento recente, Dilma na campanha diz: "Podemos fazer o diabo quando é hora
de eleição" e isto também está gravado em vídeo.
É verdade que há correntes dentro
da Igreja Católica apoiam desmesuradamente a manutenção de Dilma no poder, como
se fosse um mal menor, já que ela se diz protetora dos programas sociais como o
Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Porém, faz tempo que esses programas
sociais deixaram de atender estritamente aos menos desfavorecidos e agora
existem simplesmente para comprar votos, pois o Partido dos Trabalhadores hoje
tem “clientes” ao invés de militantes. Para ilustrar, certo dia perguntei a uma
mulher por que não declarava sua renda mensal de R$ 4 mil em sua declaração
anual do Imposto de Renda. Essa criatura respondeu-me que não o fazia porque
tinha medo de perder o Bolsa Família que recebia. Não somente isso, quantos
funcionários de prefeituras no interior hoje recebem o Bolsa Família? São
muitos e não possuem o menor pudor em admitir, haja vista que encaram isto como
um benefício concedido incorporado ao salário.
E o governo do PT não sabe disso? Lógico que sabe, mas usou as pedaladas
para continuar pagando um benefício inchado de parasitas que são clientes desse
governo. Dilma recusa-se a fazer qualquer auditoria para cortar os benefícios
de quem dele não necessita e, em um caminho inverso, assume que fez as
pedaladas e pede a volta da CPMF para continuar aumentando sua clientela.
Quanto ao Minha Casa Minha Vida, outra fonte de corrupção, basta ter amizade
com alguém influente em uma esfera política aliada ao PT para ganhar uma casa,
mesmo que dela não necessite. Incito qualquer um a ir até os conjuntos
habitacionais e fazer um censo e ver quantos estão recebendo casas sem estar
enquadrados em uma necessidade urgente de moradia. São os clientes do PT.
Quando se diz que é urgente a
saída de Dilma e do PT do governo é justamente porque esse desvio moral não tem
conserto. Estão tão emaranhados na mentira, que mentem e acreditam nas próprias
mentiras e as colocam como verdade. Não estão comprometidos com o bem do povo
brasileiro, mas com a sua manutenção pura e simples de poder.
O mal (ou o diabo) tem sua raiz
na mentira e cabe a cada um de nós escolher entre os dois caminhos possíveis:
i) Continuar com um governo viciado e incapaz de indicar um caminho para a
verdade e a saída da crise ou; ii) Favorecer
que outros possam assumir e seguir, mesmo com os seus pecados, em uma nova
busca pela verdade e paz social.
O povo brasileiro merece a verdade.
João Lago.
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.
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