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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

ENTRE A VERDADE E A MENTIRA FAÇAMOS A NOSSA ESCOLHA



Nessa primeira semana de dezembro contabilizo a dissidência de uma importante amizade por mim construída em doze anos de convivência em movimentos sociais e em causas ligadas a fé católica. Absolutamente não se trata de alguém que não mereça meu respeito, seja por sua envergadura acadêmica de doutor em sociologia pela Sorbonne, ou por sua posição conciliadora ao ecumenismo tão necessário a nossa fé cristã. Atualmente esse amigo não vive no Brasil e (talvez por isso) deixou de acompanhar o dia-a-dia de um povo sofrido que face aos acontecimentos na política e na economia voltou à desesperança.

Eu não temo o debate elevado das ideias, mesmo porque acredito que possuo os argumentos necessários para sustentar cada uma das posições ideológicas que eu assumo, ao mesmo tempo em que pondero e tento compreender as matizes dos discursos contrários que visam desconstruir a realidade dos fatos. Não que eu tenha o monopólio da razão, ou porque tenha o completo domínio da interpretação da realidade, mas porque assumo de peito aberto e sem meias palavras o que penso, colocando despidas em praça pública as minhas convicções para que qualquer pessoa possa criticá-las.

O cisma ocorrido entre mim e esse amigo querido deu-se por sua campanha massiva na internet contra o impedimento de Dilma Rousseff e, em dado momento por ele ser religioso, citei o Evangelho de São João 8:44, que diz que a mentira está personificada no mal e é o próprio demônio quem a patrocina. Esse meu amigo respondeu-me em francês: “La vérité est une nuance de gris” (a verdade é uma escala em cinza), para dizer que em dado momento pode-se interpretar ações e palavras dissociadas da ideologia (ou motivação real) que as motivam. Portanto, se a verdade pode ter diversas tonalidades, o diabo em dado momento torna-se anjo e pode justificar suas mentiras com meias verdades, assim como na Grécia antiga os sofistas eram contratados para desconstruir a verdade por meio de uma dialética enganadora. Não sou doutor na Sorbonne, mas para esse tipo de pensamento tem um conceito de uma sabedoria popular que diz: “Os fins não justificam os meios”, ou seja, não se pode construir um caminho, por mais difícil que seja, relativizando ou contrariando princípios morais, dentre os mais preciosos o irremediável apego à verdade.

Para ilustrar que estou afirmando que o PT tem como dogma a mentira, compartilhei com esse amigo um vídeo no qual Lula da Silva falava aos seus correligionários no instituto que leva o seu nome. Em dado momento, em uma reunião em Paris com Roberto Marinho e Jaime Lerner, Lula diz que mentia descaradamente dizendo que no Brasil havia vinte e cinco milhões de crianças de rua e por suas palavras era aplaudido calorosamente pelos franceses. Ao final, o Jaime Lerner cutuca o Lula e diz: “não pode ter vinte e cinco milhões de crianças de rua Lula, porque a gente não conseguiria andar nas ruas Lula, é muita gente” e Lula ria debochado. Em outro momento recente, Dilma na campanha diz: "Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição" e isto também está gravado em vídeo.

É verdade que há correntes dentro da Igreja Católica apoiam desmesuradamente a manutenção de Dilma no poder, como se fosse um mal menor, já que ela se diz protetora dos programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Porém, faz tempo que esses programas sociais deixaram de atender estritamente aos menos desfavorecidos e agora existem simplesmente para comprar votos, pois o Partido dos Trabalhadores hoje tem “clientes” ao invés de militantes. Para ilustrar, certo dia perguntei a uma mulher por que não declarava sua renda mensal de R$ 4 mil em sua declaração anual do Imposto de Renda. Essa criatura respondeu-me que não o fazia porque tinha medo de perder o Bolsa Família que recebia. Não somente isso, quantos funcionários de prefeituras no interior hoje recebem o Bolsa Família? São muitos e não possuem o menor pudor em admitir, haja vista que encaram isto como um benefício concedido incorporado ao salário.  E o governo do PT não sabe disso? Lógico que sabe, mas usou as pedaladas para continuar pagando um benefício inchado de parasitas que são clientes desse governo. Dilma recusa-se a fazer qualquer auditoria para cortar os benefícios de quem dele não necessita e, em um caminho inverso, assume que fez as pedaladas e pede a volta da CPMF para continuar aumentando sua clientela. Quanto ao Minha Casa Minha Vida, outra fonte de corrupção, basta ter amizade com alguém influente em uma esfera política aliada ao PT para ganhar uma casa, mesmo que dela não necessite. Incito qualquer um a ir até os conjuntos habitacionais e fazer um censo e ver quantos estão recebendo casas sem estar enquadrados em uma necessidade urgente de moradia. São os clientes do PT.

Quando se diz que é urgente a saída de Dilma e do PT do governo é justamente porque esse desvio moral não tem conserto. Estão tão emaranhados na mentira, que mentem e acreditam nas próprias mentiras e as colocam como verdade. Não estão comprometidos com o bem do povo brasileiro, mas com a sua manutenção pura e simples de poder.

O mal (ou o diabo) tem sua raiz na mentira e cabe a cada um de nós escolher entre os dois caminhos possíveis: i) Continuar com um governo viciado e incapaz de indicar um caminho para a verdade e a saída da crise ou; ii)  Favorecer que outros possam assumir e seguir, mesmo com os seus pecados, em uma nova busca pela verdade e paz social.

O povo brasileiro merece a verdade.

João Lago.
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.

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