No inicio desta semana ouvi compadecido a declaração da
esposa do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, de 49 anos, ferido com um rojão
durante uma manifestação no Rio de Janeiro, que sabendo da gravidade do
ferimento ocorrido na cabeça do marido, fez um desabafo contra a violência que
se instala durante essas manifestações.
O cinegrafista Santiago teve diagnosticada a morte cerebral
nessa segunda-feira (10). O impacto foi tão forte na cabeça que houve
afundamento do crânio, comprimindo o cérebro dentro da caixa craniana, que
neste caso casou forte edema difuso (inchaço em todo cérebro) que comprometeu o
funcionamento cerebral. O tecido cerebral morre porque o sangue não consegue
circular dentro de um cérebro inchado, segundo explicou o neurocirurgião Paulo
Niemeyre Filho em entrevista ao jornal da Globo.
Nesta história trágica, o que me impressionou foi a
compleição frágil de Fábio Raposo, suposto “Black bloc”, que em uma rua escura e
de mãos vazias dificilmente meteria medo em alguém. No entanto, quando em
grupo, já que as suas passagens pelas delegacias de polícia demonstram uma
participação contumaz em protestos, parece que Raposo transforma-se e deixa extravasar
uma necessidade de estar a frente dos combates violentos travados com a polícia.
As imagens e as declarações de seu advogado atestam que o mesmo teve participação
ativa na entrega do foguete que matou o cinegrafista.
Se Fábio Raposo não assusta, o que dirá de uma personagem
chamada “sininho”, uma moça de aparência frágil e angelical que aparece
oferecendo ajuda jurídica ao advogado de Raposo, dizendo ter o apoio da
assessoria jurídica do deputado Marcelo Freixo do PSOL-RJ. Sininho é a alcunha
de Elisa Quadros, que se diz ativista, mas ativista de quê? Ou para quem?
Quando o movimento nas ruas do país aconteceu no ano
passado, eu e meus filhos saímos às ruas para pedir um país melhor, quando
fomos expulsos por esses “ativistas” violentos. Não podemos nos enganar, para
mim são uns beócios, que trabalham justamente promovendo uma luta insana que
visa esvaziar o apoio popular a essas manifestações, muito delas legítimas. O que
impressiona é que o movimento original das ruas se dizia avesso a partidos
políticos, mas agora aparece uma personagem de contos de fadas afirmando ter
apoio de um partido de extrema esquerda.
Chamo os “Black bloc” de beócios, porque as grandes
transformações sociais que aconteceram no Século XX, por meio de Mahatma Gandhi,
Martin Luther King e Nelson Mandela, tiveram êxito sem pregar a violência. Ao
mesmo tempo, as revoluções socialistas do século XX foram sangrentas e muita
gente foi massacrada por um sistema que se demonstrou incapaz de atender as
necessidades humanas. No entanto, partidos de extrema esquerda ainda hoje
pregam a luta armada como forma de tomada de poder.
A história conta que Luther King, aos 30 anos, visitou a
Índia para conhecer melhor os ideais de não-violência pregados por Mahatma
Gandhi, que acabou obrigando os ingleses a aceitar a independência da Índia.
Nelson Mandela tem uma história mais recente e com sua morte consolidou a
grande admiração da comunidade internacional pelo grande líder, mas antes dele,
Gandhi e Luther King mostraram que as manifestações pacíficas, reiteradas vezes
e com participação popular são mais eficazes que soltar bombas.
Sininhos e Raposos são apenas a ponta do iceberg do que
ainda está submerso nessas ondas de manifestações violentas que acontecem no
Rio de Janeiro e São Paulo. Não tenho dúvidas que existe sim a participação de
uma ideologia retrógrada e violenta, inclusive com apoio de algumas
personalidades políticas de extrema esquerda que também escondem sua face,
cooptando jovens cabeças ocas por um ideal de mudar o mundo por meio de uma
revolução socialista. Para mim, não são diferentes dos líderes islâmicos radicais
que recrutam homens bombas para explodirem seus corpos, enquanto eles assistem
pela TV a matança de inocentes.
A face jovem e revolucionária do Brasil não é aquela que sai
as ruas mascarada para matar. A face do Brasil é aquela que venceu a ditadura
pela resistência pacífica nas ruas e com a participação ativa de membros da
imprensa. A imprensa, a liberdade de expressão e manifestação não pode ser
cerceada, nem pela polícia, tão pouco por esses beócios de rostos cândidos e
mentes cheias de ódio.
Tenho certeza que Santiago não morreu em vão, mas tudo
dependerá de como reagiremos, pois precisamos voltar as ruas, mas desta vez
reivindicando que as mudanças necessárias para o nosso país sejam feitas por
meio da luta pela paz, pela paz social.
João Lago
Administrador, professor e morado do Conjunto Santos Dumont.
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