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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Santiago não terá morrido em vão

No inicio desta semana ouvi compadecido a declaração da esposa do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, de 49 anos, ferido com um rojão durante uma manifestação no Rio de Janeiro, que sabendo da gravidade do ferimento ocorrido na cabeça do marido, fez um desabafo contra a violência que se instala durante essas manifestações.

O cinegrafista Santiago teve diagnosticada a morte cerebral nessa segunda-feira (10). O impacto foi tão forte na cabeça que houve afundamento do crânio, comprimindo o cérebro dentro da caixa craniana, que neste caso casou forte edema difuso (inchaço em todo cérebro) que comprometeu o funcionamento cerebral. O tecido cerebral morre porque o sangue não consegue circular dentro de um cérebro inchado, segundo explicou o neurocirurgião Paulo Niemeyre Filho em entrevista ao jornal da Globo.

Nesta história trágica, o que me impressionou foi a compleição frágil de Fábio Raposo, suposto “Black bloc”, que em uma rua escura e de mãos vazias dificilmente meteria medo em alguém. No entanto, quando em grupo, já que as suas passagens pelas delegacias de polícia demonstram uma participação contumaz em protestos, parece que Raposo transforma-se e deixa extravasar uma necessidade de estar a frente dos combates violentos travados com a polícia. As imagens e as declarações de seu advogado atestam que o mesmo teve participação ativa na entrega do foguete que matou o cinegrafista.

Se Fábio Raposo não assusta, o que dirá de uma personagem chamada “sininho”, uma moça de aparência frágil e angelical que aparece oferecendo ajuda jurídica ao advogado de Raposo, dizendo ter o apoio da assessoria jurídica do deputado Marcelo Freixo do PSOL-RJ. Sininho é a alcunha de Elisa Quadros, que se diz ativista, mas ativista de quê? Ou para quem?

Quando o movimento nas ruas do país aconteceu no ano passado, eu e meus filhos saímos às ruas para pedir um país melhor, quando fomos expulsos por esses “ativistas” violentos. Não podemos nos enganar, para mim são uns beócios, que trabalham justamente promovendo uma luta insana que visa esvaziar o apoio popular a essas manifestações, muito delas legítimas. O que impressiona é que o movimento original das ruas se dizia avesso a partidos políticos, mas agora aparece uma personagem de contos de fadas afirmando ter apoio de um partido de extrema esquerda.

Chamo os “Black bloc” de beócios, porque as grandes transformações sociais que aconteceram no Século XX, por meio de Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Nelson Mandela, tiveram êxito sem pregar a violência. Ao mesmo tempo, as revoluções socialistas do século XX foram sangrentas e muita gente foi massacrada por um sistema que se demonstrou incapaz de atender as necessidades humanas. No entanto, partidos de extrema esquerda ainda hoje pregam a luta armada como forma de tomada de poder.

A história conta que Luther King, aos 30 anos, visitou a Índia para conhecer melhor os ideais de não-violência pregados por Mahatma Gandhi, que acabou obrigando os ingleses a aceitar a independência da Índia. Nelson Mandela tem uma história mais recente e com sua morte consolidou a grande admiração da comunidade internacional pelo grande líder, mas antes dele, Gandhi e Luther King mostraram que as manifestações pacíficas, reiteradas vezes e com participação popular são mais eficazes que soltar bombas.

Sininhos e Raposos são apenas a ponta do iceberg do que ainda está submerso nessas ondas de manifestações violentas que acontecem no Rio de Janeiro e São Paulo. Não tenho dúvidas que existe sim a participação de uma ideologia retrógrada e violenta, inclusive com apoio de algumas personalidades políticas de extrema esquerda que também escondem sua face, cooptando jovens cabeças ocas por um ideal de mudar o mundo por meio de uma revolução socialista. Para mim, não são diferentes dos líderes islâmicos radicais que recrutam homens bombas para explodirem seus corpos, enquanto eles assistem pela TV a matança de inocentes.

A face jovem e revolucionária do Brasil não é aquela que sai as ruas mascarada para matar. A face do Brasil é aquela que venceu a ditadura pela resistência pacífica nas ruas e com a participação ativa de membros da imprensa. A imprensa, a liberdade de expressão e manifestação não pode ser cerceada, nem pela polícia, tão pouco por esses beócios de rostos cândidos e mentes cheias de ódio.

Tenho certeza que Santiago não morreu em vão, mas tudo dependerá de como reagiremos, pois precisamos voltar as ruas, mas desta vez reivindicando que as mudanças necessárias para o nosso país sejam feitas por meio da luta pela paz, pela paz social.

João Lago
Administrador, professor e morado do Conjunto Santos Dumont.

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