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domingo, 5 de agosto de 2012

50 anos de Cáritas


Houve um momento na história das primeiras comunidades cristãs que as coisas ficaram feias. Paulo e Barnabé defendiam que os chamados gentios (não judeus), ao se tornarem cristãos, não precisam adotar o judaísmo antes do batismo. Tiago e a comunidade de Jerusalém exigia o contrário. À beira de uma divisão, reuniram-se todas as lideranças em Jerusalém e decidiram em favor de Paulo e Barnabé, mas impuseram-lhes uma única exigência: “que nos lembrássemos dos pobres” (G1 12,10).

Lembrar-se dos pobres e por eles lutar são condições absolutamente indispensáveis para viver a fé. Tiago é duro ao afirmar: “se alguém afirmar que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitaria isto? (Tg 2,14). O amor aos outros e o amor a Deus estão intimamente ligados. “Quem não ama a seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4,19).

Essa é a causa porque a Igreja de Jesus deve-se voltar para os marginalizados e excluídos. Sempre foi preocupação dos verdadeiros cristãos praticar as chamadas obras de misericórdia, que foram apresentadas por Jesus como critérios de juízo final. São elas: Dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, acolher os migrantes, vestir os nus, cuidar dos doentes e visitar os presos (Mt 25, 34-35). A misericórdia começa coma a justiça. Uma igreja misericordiosa é também uma Igreja que luta pelos direitos humanos. Fé, misericórdia e justiça se entrelaçam.

Foi no dia primeiro de maio de 1962 que nasceu em Manaus a Cáritas como expressão de misericórdia, justiça e fé. No início, a preocupação era dar alimentos a famílias em situação de miséria. Com o passar do tempo passou-se a ensinar e arrumar meios para as próprias pessoas construírem suas vidas. Depois, viu-se a necessidade de mudar as políticas públicas através da formação de pessoas que pudessem atuar bem nos vários Conselhos Estaduais e Municipais. A Cáritas ajudou catadores de lixo a se organizarem, apoiou as escolas de formação sociopolítica e promoveu o voluntariado. São conhecidas suas ações em casos de emergência.

Merecem ser bem celebrados seus 50 anos como uma benção de Deus e um despertar da sociedade.

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus+

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