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domingo, 22 de janeiro de 2012

Opinião: Esquecer é ingratidão



Nestes dias, por sentir o peso dos 94 anos de idade, Irmã Adonai Politti deixou-nos para se recolher na casa de religiosas enfermas que se localiza em Taubaté-SP. Partiu sem ter recebido um muito obrigado do Estado e dos municípios onde consagrou metade de sua existência ao bem do povo. Partiu com as palavras recomendadas a seus discípulos quando terminassem uma missão: “Somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10).

Turca de nascimento, judia de família, aos 45 anos veio ao Amazonas como franciscana missionária de Maria. Em 1962 aportou em Tefé que foi o seu primeiro destino e onde permaneceu 22 anos. Sua chegada deu grande impulso no serviço social e no atendimento à saúde. Em um dos prédios pertencentes às franciscanas instalou um dispensário simples, mas apto para atender muitos doentes. Em pouco tempo ali havia um minihospital.

Em 1968 a Prelazia concluiu a construção do Hospital São Miguel, que por muitos anos foi o único hospital da região. Irmã Adonai, além dos trabalhos feitos dentro daquela obra, se preocupou em formar bons profissionais na área de saúde, principalmente agentes rurais escolhidos pelas próprias comunidades e voltados a elas. Por vários motivos ela preferiu deixar Tefé e foi destinada a Manaus. Aqui fundou na Vila da Prata o Centro Vida Alegre que desenvolve intenso trabalho junto a famílias carentes. No Centro funcionava uma escola que se tornou depois estadual. Outra iniciativa foi o Projeto de Integração Pedagógica e Oportunidades (Pipocas) que oferece cursos de informática, natação, balé, música, reforço escolar, sopão e cursos de geração de renda. Irmã Adonai é mulher de personalidade, de idealismo e de coração aberto. Vive a velhice com tranquilidade, lucidez e ainda sonha com uma sociedade mais justa e feliz.

O final do livro dos Provérbios (Pr 31, 10-31) propõe três qualidades para termos a mulher ideal: Trabalho, solidariedade e o temor a Deus. Essa é Irmã Adonai: lutadora, amiga dos sofredores e possuidora de enorme fé. Ela deixou nossa cidade, mas suas pegadas de amor e dedicação dificilmente se apagarão.

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus

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