Powered By Blogger

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Como em 30 dias podemos matar o novo coronavírus em nossa cidade?


Antes de responder a esta pergunta, vamos conhecer melhor essa doença.

1. O que é o novo coronavírus (Covid-19) e como ele mata

O novo coronavírus, chamando covid-19, não um tipo de vírus que se cristaliza, ou seja, que pode ficar inerte até que tenha contato com uma célula de um ser vivo. O covid-19 não fica latente nas superfícies de objetos por mais de 30 dias. O covid-19 tem uma capa de gordura e proteína e por causa disso na temperatura do verão amazônico em três a sete dias (dependendo da superfície) ele degrada e morre.

O covid-19 surgiu como uma variação de uma “cepa” que infecta morcegos na China que sofreu uma mutação e começou a infectar o ser humano. Os vírus infectam a célula de um ser vivo, transformando a célula em um “zumbi” que passa a agir como uma fábrica de novos vírus. Em dado momento, a célula infectada se rompe como em uma explosão e novos vírus saem e passam a infectar outras células sadias. Quando isso acontece, o nosso organismo (por meio de nosso sistema imunológico) começa a travar uma luta contra o vírus. Nessa luta, conforme os relatos médicos, a batalha se trava dentro do pulmão causando uma imensa “inflamação” que nos casos mais graves têm característica de pneumonia que se não tratada adequadamente leva à morte em duas semanas. No entanto, existem pessoas que pegam o vírus e são assintomáticas, ou seja, carregam o vírus no corpo, mas ele não se desenvolve, ou causam sintomas de uma leve gripe. Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de São Paulo – USP, isso acontece porque algumas pessoas têm uma mutação no gene ACE-2, presente na parede da célula que não permite que o vírus entre com facilidade. Por outro lado, a mesma pesquisa apontou que doenças crônicas como a diabetes, hipertensão arterial e obstruções pulmonares crônicas, “aumentam a expressão de ACE-2 facilitando a infecção do covid-19. Por isso essas pessoas acabam por desenvolver a forma mais mortal da doença.

2. Como surgem os vírus da gripe?

Os vírus de modo geral existem na natureza e o mais comum é que migrem de aves e mamíferos para o ser humano. Por exemplo, o vírus da gripe, dentre eles os H1N1 vem de aves e porcos, o SARS-COV2 (gripe do Oriente Médio) vem de camelos e o COVID-19 (novo coronavírus) vem do morcego. A proximidade do homem com esses animais é que faz que a mutação dos vírus que infectam esses animais passem para o homem. No caso da COVID-19, os pesquisadores apontam que o vírus passou do morcego para o ser humano pelo hábito alimentar exótico de chineses comerem morcegos. Porém, antes de criticarmos a cultura chinesa de comer morcegos, é necessário lembrar que nos alimentamos de suínos e aves e esses animais também desenvolvem vírus que passam para o homem. Assim, não devemos alimentar preconceitos contra os chineses, assim como desejar eliminar os camelos do Oriente Médio, haja vista a importância que esse animal tem no transporte de carga e de pessoas em um ambiente tão árido para um cavalo, mula ou jegue.

3. Por que o Covid-19 mata mais que e os demais vírus da gripe?

O que diferencia o COVID-19 dos demais vírus citados é a velocidade de contágio e o rápido ciclo da doença que pode levar em pouco mais de sete dias da internação à morte. Como não há uma vacina e um remédio eficiente que cure (esqueça a cloroquina, porque estudos ainda são inconclusivos) o rápido contágio e a demora no tratamento (que pode durar mais de 20 dias) lota os hospitais até o limite da capacidade e as pessoas que chegam depois morrem por falta de atendimento adequado. Com os hospitais lotados, as pessoas começam a morrer em casa e por causa disso o sistema funerário também entra em colapso. Colapso entenda-se a necessidade de sepultarem pessoas em valas comuns e isso já está ocorrendo na cidade de Manaus. As famílias não tem direito de velar os seus mortos que vão para direto para o cemitério e com número reduzido de familiares.

4. Como matar o vírus em 30 dias?

A melhor maneira de matar o vírus é deixá-lo morrer onde eles estão, ou seja, nos caixas eletrônicos, no dinheiro, nas maçanetas de portas de uso público, nos bancos de praça, nas prateleiras de supermercados, drogarias etc. O novo coronavírus morre na natureza se não infectar uma pessoa, considerando que não nos alimentamos de morcegos e não há indícios de contaminação de nossos morcegos. Ficar em casa por 30 dias, ou quando sair de casa usar máscaras (as máscaras caseiras funcionam), lavar com maior frequência as mãos e não levá-las suja em contato com boca, nariz, olhos ou ouvidos. Se não tiver álcool em gel em 70%, quando for inevitável sair, prepare uma garrafa com solução de água e sabão, água sanitária e leve consigo para limpar as mãos depois de manipular dinheiro, pegar em maçanetas ou tocar em qualquer superfície que possa ter sido tocada por outras pessoas. Chegando em casa, troque de roupa e as coloque para lavar. Tome um banho. Quando fizer compras, se o objeto/alimento comprado não puder ser levado diretamente com água e sabão, prepare uma solução de água e sabão, água sanitária e limpe cuidadosamente tudo. Ainda existe muita dúvida de quanto tempo o vírus pode permanecer latente (vivo) em superfícies, pois pesquisas dizem que podem permanecer até 28 dias em climas frios e até três horas suspenso no ar a partir do momento que uma pessoa espirra ou tosse (por isso usar máscaras quando sair de casa).

Desta forma, quando uma população se tranca em casa por mais de 30 dias e toma todos os cuidados de higiene que foram abordados aqui, o vírus vai desaparecer naturalmente, pois não terá o nosso corpo como hospedeiro para multiplicar-se dentro de nossas células.

Converse com os seus familiares e se possível leia para eles o que foi abordado aqui e discuta em família como todos podem se proteger do vírus. Se tiver dúvidas, pesquise em fontes confiáveis e jamais acredite em notícias que circulam em redes sociais (whatsapp, facebook, twitter etc.) de gente que se diz especialista, mas que por maldade e má-fé espalham desinformação e mentira.

Vamos exigir que o nosso governador e prefeito coloque a nossa cidade em quarentena por 30 dias para a quantidade de mortes possa baixar em toda a nossa cidade. Pessoas não circulando, o vírus não circula e desaparece, assim como um animal que sem ter o que comer morre de fome.

Prof. João Lago

domingo, 12 de abril de 2020

A história não nos esquecerá


Jamais poderia pensar a falta que tenho sentido do império do politicamente correto, mesmo sendo alguém que em passado recente tenha-lhe deitado sérias críticas. Raciocinando sobre tal contradição, não desejando render-me ao óbvio e assim diminuir esta minha pretensiosa reflexão, resolvi ampliar a visão além do discurso moralista ou posicionamento anárquico ao estilo de “se há governo sou contra”.

A sociologia, assim como a psicologia, apoiam que, “não sendo o indivíduo uma ilha”, é da natureza humana a busca da relação de pertencimento. Essa vontade de encontrar espelhos que possam refletir nossa visão de mundo e encontrar ouvidos e cabeças que possam balançar afirmativamente a cada palavra pronunciada. Porém, em uma sociedade na qual as pessoas para terem voz hão de mostrar certa competência intelectual, respaldada por títulos acadêmicos, o medíocre, que não consegue ler um texto com mais de duzentos e oitenta caracteres, sentia-se intimidado a abrir a boca, afinal não leu, não estudou, não se especializou intelectualmente em nada. No entanto, o sucesso empresarial começou a abrir plateias de ouvidos ávidos e, neste caso, não importa muito o diploma na parede, mas a quantidade de dinheiro em conta-corrente.

A revista Veja, em sua edição 1671 de 18 de outubro de 2000, trouxe a entrevista de Larry Ellison, fundador da Oracle que na época, segundo a Revista Forbes, tinha uma fortuna de 47 bilhões de dólares, estando em segundo lugar no ranking de bilionários. Afirmou desejar ultrapassar Bill Gates, disse que não era somente pelo dinheiro, porque “quando você conquista o primeiro bilhão, os carros ficam mais velozes, os aviões mais confortáveis e as mulheres a sua volta com as pernas mais compridas” afirmando que “a partir daí a pessoa já comprou tudo o que os dólares permitem”. Larry Ellison completa dizendo que ao ultrapassar a fortuna de Bill Gates “faz sua aura tornar-se mais iluminada e intrigante”. Por uma mera coincidência tanto Larry Ellison quanto Bill Gates abandonaram os cursos universitários para fundar suas empresas.

O sucesso nos negócios, assim como os títulos acadêmicos, parecia ser a credencial para que alguém pudesse ser ouvido, mas em tempos de redes sociais um novo tipo de indivíduo, agora chamado de “influenciador digital”, desponta pela quantidade de seguidores, ou seja, pouca importa o seu currículo acadêmico ou a fortuna acumulada, mas quantos estão a segui-los. Em alguns desses casos a fortuna vem a reboque com os seguidores, mas parece não determinar um retorno ao mundo acadêmico. Pelo contrário, alguns aproveitam a grande plateia e negam o conhecimento científico, semeiam desinformação, notícias falsas, ou fazem um recorte de fatos, omitindo o contexto geral e manipulam a informação de uma maneira que possam justificar uma determinada ideia. Esses influenciadores digitais, de relativo sucesso, também encontraram na politica a capitalização da fama na forma de votos e conquistaram um cargo eletivo.

O empoderamento de gente desqualificada nas redes sociais que disseminam preconceitos, mentiras, combatem a ciência e distorcem os fatos históricos somente é possível porque encontra uma horda que se imagina representada por essas ideias. Gente que se sentia intimidada pelo politicamente correto agora consegue retirar das sombras suas iniquidades como o racismo, xenofobia, misoginia, aporofobia, homofobia etc. É a vitória do Id sobre o Superego, ou melhor dizendo, são os instintos mais desprezíveis da natureza humana sobrepondo a moral e a ética. São as trevas encontrando um campo fértil em uma sociedade que não investe em educação e cultura, ou é minimalista ao chamar de arte, ou expressão cultural, quem pede para uma adolescente “sentar” na boca da garrafa, ou para bater sua “bunda no chão”.

No entanto, o mais contraditório e paradoxal na sociedade brasileira atual é que justamente as pessoas que semeiam o ódio, preconceitos e mentiras são justamente aquelas que se apoderaram do discurso “moral”. É como se o Ego fosse sequestrado pela Id criando uma realidade paralela que reescrevesse toda a história da ética judaico-cristã para que o Superego fosse reeducado em uma amoralidade típica dos psicopatas. Nessa nova moral vale a pena sacrificar vidas em nome do dinheiro sob “as bençãos de Jesus”. Blasfemam, pois além de demonstrar desprezo pela vida do outro, preferem reverenciar o “deus” dinheiro. Esqueceram que “ninguém pode servir a dois senhores (…) Não podeis servir a Deus e à riqueza” (Mt 6, 24), ou ainda, “amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior que este não existe” (Mc 12, 32). O Cristo que reverenciamos nesta Páscoa não está presente no discurso de ódio, nem tão pouco no desprezo pela vida do outro.

Nessa última madrugada e tive um pesadelo intrigante. Estava em meio a diversas pessoas em frente da grande pirâmide de Quéops no Egito, na qual havia uma grande entrada e uma rocha gigante apoiada no sopé do maosoléu. Em dado momento, corre a informação que um tsunami estava vindo em nossa direção e para que não morrêssemos deveríamos todos refugiarmos dentro da pirâmide e fazer rolar a grande rocha lacrando a entrada. Alguém dizia: “mas quem virá nos socorrer depois que passar a grande onda?”. Sem ter uma resposta depois de um longo silêncio eu digo: Se quatro séculos se passaram e as pirâmides estão aqui, o que vale nossa aflição quanto ao tempo. A história não nos esquecerá.

Neste ano de 2020 somos nós os protagonistas da maior crise sanitária deste século e a história não esquecerá aqueles que verdadeiramente estavam buscando salvar vidas nos hospitais, nos laboratórios, nos serviços essenciais, na imprensa, em suas casas e nos governos.

João Lago.

A história não nos esquecerá