Powered By Blogger

domingo, 29 de setembro de 2019

Homenagem à Etelma Maria Pinheiro do Lago


Quando somos crianças, e temos a felicidade de crescermos em uma família numerosa, nossos primeiros contatos sociais são com os nossos irmãos e irmãs. É por meio deles que aprendemos a repartir, negociar conflitos, muitas vezes transigir, algumas vezes (não assim tão raras) até as vias de fato. Éramos crianças e as nossas desavenças eram tão pesadas e duradouras quanto uma bolha de sabão e nada poderia ser tão sério que pudesse superar a necessidade de novamente estarmos juntos brincando e nos divertindo.


Crescemos e paulatinamente percebemos que a vida não é somente uma grande diversão. As cobranças vão ficando cada vez mais severas conforme vamos ganhando entendimento e, pouco a pouco, vamos retirando a capa de super-herói, as tiaras de princesa e, não sabemos bem quando, vestimos a máscara da responsabilidade. Daí, quando colocarmos os nossos pés para fora de casa, já não nos estapeamos mais, mas também já não brincamos tanto.

Quando nos tornamos adolescentes, o mundo floresce em tantas amizades que a nossa casa se transforma em lugar de acolhimento, festas de aniversários, confraternizações e do mesmo modo que recebemos, peregrinamos por outros lares e conhecemos outras famílias. A infância e a adolescência daqueles quatro irmãos da Rua Visconde de Porto Alegre 446 não fugiu a regra, mas com uma diferença. Havia uma menina que parecia não acreditar nessa obrigação de ser gente grande e, para nossa felicidade, tornou-se essa eterna criança de espírito alegre e amizades platônicas que tenho certeza que cada um de vocês, que teve a felicidade de conhecer Etelma, há de lembrar.

Etelma também foi mãe e como não poderia deixar de ser, tornou-se técnica, preparadora física, nutricionista, líder de torcida de seu único filho Diego Augusto que colecionava medalhas de natação. Mudaram-se para o Rio de Janeiro para que Diego pudesse competir em piscinas que tivessem competidores mais parelhos a sua competência. No Rio de Janeiro construiu novas amizades e encaminhou uma vida de responsabilidades e trabalho, igual como muitos daqueles que saem de sua terra natal. O irmão Júnior casou, o mano Kleber também, ambos foram morar em outras cidades e o Pinheiro Neto constituiu família aqui mesmo em Manaus. Em dado momento da vida cada um dos quatro irmãos da Visconde de Porto Alegre morava em uma cidade diferente.

A mãe Etelvina sempre foi para os quatro irmãos o ponto de convergência, como é bastante comum em outras famílias que tem a casa dos pais sempre como um lugar de destino. A vida une, as contingências separam, aprendemos a conviver com a distância, superar a saudade, porque de alguma forma nos acomodamos, pois sabemos que se realmente precisarmos estaremos sempre juntos e o sorriso de Etelma, a sua alegria e o seu carinho não pareciam tão distantes assim.

Deixemos para trás o pessimismo sombrio do “eterno retorno”, filosofia dos infelizes que não tiveram o discernimento de encontrar sentido nas coisas mais simples da vida, ou que não souberam construir um círculo de amor que nos faz escorregar suavemente, sem colidir com dobras ou arestas, e retornar ao ponto inicial de nossa existência: A casa da mãe, a família, o aconchego do lar, a presença festiva dos irmãos e dos amigos. Que alegria seria para qualquer um dos irmãos retornar a rua Visconde de Porto Alegre 446, abrir o portão e encontrar Etelma sempre disposta ao improviso, somente com o intuito de ser feliz e nos contagiar com a sua felicidade. Encontrar a porta da casa sempre cheia de gente varando a madrugada porque ela tinha o poder mágico de catalisar pessoas ao seu redor e quando morou no Rio de Janeiro, na praia de Botafogo, isso não foi diferente. Os três irmãos, os amigos e as amigas eram apenas personagens coadjuvantes de um teatro que a estrela principal era a menina gordinha, baixinha, geniosa, alegre e com uma força de vontade, uma beleza que não se encontra nos contos de fada. Etelma cresceu assim, amou assim, foi mãe assim, e tornou-se, para cada um de nós que percebemos sua essência, uma joia de valor incalculável.
A morte é um mistério que cada um de nós um dia haverá de descobrir, mas a nossa fé em Jesus Cristo aponta que aquilo que possa parecer incompreensível à razão humana é na verdade a verdadeira expressão do amor de Deus. Ele nos conhece, sabe de nossas falhas, nos perdoa, sara o nosso sofrimento e ao seu modo nos conduz à luz.

Quando perdemos alguém que amamos dois sentimentos se agigantam: Saudade e Tristeza.
E é na despedida que esses dois sentimentos parecem não caber na solidão que invade e transforma em vazio tudo o que está ao nosso redor.

Porém, nesses momentos de profunda dor e solidão é que a solidariedade da família e dos amigos nos ajudam a perceber que não estamos sozinhos em nosso sofrimento.

Corremos os olhos ao redor e percebemos que o vazio aos poucos vai sendo preenchido com um abraço, um afago, uma palavra amiga ou com simples um olhar que já diz tudo.

A família Lago, mãe, filho, irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, cunhados, cunhadas e todos os familiares de Etelma agradecemos a presença solidária de cada um de vocês.

O vosso carinho e solidariedade com o nosso sofrimento nos faz acreditar que em meio a um mundo materialista e ausente de sentimentos existem pessoas como você que se sente capaz de calçar as nossas sandálias, curar nossas feridas e trilhar juntos o caminho da esperança.

Muito obrigado!

Família Lago


Nenhum comentário:

Postar um comentário