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domingo, 22 de julho de 2018

Aos amantes de pitbulls


O pitbull é um cão de porte médio cuja literatura atribui a origem da raça na mistura de outras raças na intenção de produzir um cão de briga. Esses cruzamentos geraram um animal atarracado de pescoço musculoso e poderosa mandíbula. Essas características, apesar de algumas vozes contrárias, justificam a ocorrência de inúmeros acidentes com essa raça, na qual já foram registradas mutilações e até mortes. Em países como Inglaterra, Noruega e Dinamarca a criação da raça é proibida, assim como em alguns estados dos EUA. No Brasil, embora a má fama, o pitbull é uma raça que continua a ser mantida por alguns aficionados e apaixonados criadores que enxergam na agressividade uma qualidade a ser valorizada e procuram mitigar os ataques (inclusive ao próprio dono) como culpa do próprio proprietário quando adestra o animal para ser violento.

Nesse sábado (22/7), ouvi atentamente o discurso de Janaína Paschoal durante a convenção do Partido Social Liberal - PSL que lançou o capitão reformado Jair Bolsonaro como candidato a presidente no pleito deste ano. Para quem não se recorda, Janaína Paschoal é aquela professora e advogada, que em conjunto com o jurista Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo (um dos fundadores do PT) assinou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff que foi aceito no Congresso Nacional. Janaína em sua fala chamou atenção dos partidários de Bolsonaro para não se igualarem ao discurso totalitário dos que somente aceitam como aliados os que aderem 100% as suas ideias. Disse ainda: "Enquanto procuramos pessoas que estejam dentro da totalidade do nosso pensamento, eles estão se unindo". Janaína, que ainda não se decidiu se aceita ser vice na chapa de Bolsonaro, veio com um discurso conciliador para uma plateia que recebeu Bolsonaro aos gritos de “mito”.

No outro extremo da política, Ciro Gomes durante sabatina da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos) em São Paulo, nessa última terça (17/7), resolveu homenagear as profissionais do sexo atribuindo a uma delas a maternidade de um membro do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que teve a petulância de pedir abertura de um inquérito de injúria racial contra ele. Isto porque Ciro Gomes chamou de “capitãozinho do mato” o vereador Fernando Holiday que é negro e um dos coordenadores do MBL (Movimento Brasil Livre). A divergência de Ciro Gomes e Fernando Holiday é que esse último se diz contra as cotas raciais e também pede a abolição do feriado do dia da consciência negra. Na visão ideológica de Ciro Gomes a analogia racista se dá pelo fato que durante a escravatura, os chamados capitães do mato, em sua maioria negros libertos, estavam a serviço de homens brancos para recapturar escravos fugitivos. Só para piorar o destempero verborrágico de Ciro Gomes, o membro do MP-SP é uma mulher, ou seja, em uma só tacada Ciro Gomes conseguiu mostrar-se preconceituoso contra negros, prostitutas e por tabela ofendeu uma mulher e trouxe para si a ira da Associação Paulista do Ministério Público APMP, entidade que representa mais de 3.000 promotores e procuradores de Justiça de SP. Nada mal para um pré-candidato a presidente que terá como missão negociar com o Congresso Nacional e com a sociedade o destino desta nação para os próximos quatro anos.

Os donos de pitbull podem mandar seus cães para banho e tosa, colocar perfume e talco, colocar-lhes laços e fitas, mas ainda assim não deixaram de ser o que são: animais de briga, indóceis e prontos para morder a mão do dono. Por mais que o temperamento agressivo possa parecer apropriado para que pitbulls sejam indicados como bons cães de guarda, não é sensato tê-los em nossa casa. Os criadores de pitbulls enaltecem a raça, a defendem e alegam que a agressividade pode ser controlada é não seria um grave problema desde que bem adestrados em tenra idade. Da mesma forma, o padrão moral de um indivíduo é internalizado na infância, sendo pouco provável que um indivíduo adulto, na casa dos sessenta, tão enraizado em suas convicções possam deixá-las de lado como em um passe de mágica. Podem até fingir durante um tempo, mas logo sucumbem e mostram sua verdadeira face.

Moral da história: Os pitbulls e os certos políticos têm muito em comum, basta apenas contrariá-los.

João Lago.

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