Para um pai, mesmo muito amoroso, é difícil entender o
processo da maternidade, ou mesmo ser empático e colocar-se no papel de mãe
durante a gestação. O filho é gerado pacientemente nas entranhas da mulher,
como se o passar das semanas, que caprichosamente acompanham a transformação do
corpo feminino, fosse como fases imprescindíveis de aceitação da maternidade.
O homem está carnalmente alienado deste processo, assim
aceitar-se como pai somente acontecerá quando tiver o filho materializado em
seus braços. Por ser assim, existem aqueles que ao fugir do compromisso
paterno, jamais compreenderão como é forjado o amor de mãe. No entanto, quando
o homem se põe ao lado de uma mulher que carrega um filho no ventre, partilhando
desse momento divino da reprodução da vida, talvez um dia tenha a possibilidade
luminosa de compreender este amor, sublime amor.
O amor abnegado de uma mãe para com o seu filho inicia na
gestação com a renúncia de sua própria vaidade e, após o parto, continua com a
abdicação de sua individualidade, pois é certo que a criança se torna parte
integrante de uma rotina sistemática da mulher, na qual não há separação entre
ambos, mas apenas breves momentos de descanso no berço, sob os olhos atentos de
uma mãe exaurida, porém feliz.
Este elo criado entre mãe e filho transforma-se em grilhões que
acompanham toda a sua existência, pois não é comum uma mãe abandonar seu filho.
Na verdade esse abandono soa tão antinatural que nos custa acreditar que exista
uma mulher capaz disto. O livro do profeta Isaías (49, 15) chama atenção para
isto quando diz: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter
ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te
esqueceria nunca”.
É verdade, algumas vezes quando uma criança é esquecida, a
providência divina coloca mulheres para suprir esta falta. Assim, essas mães
quando aceitam suprir a maternidade alheia prescindem do laço carnal, pois muito
antes gestaram esses filhos em seus corações. A esse irascível amor, até mesmo
algumas mães uterinas tem dificuldade de compreender.
Aproveite este dia para dizer o quanto ama sua mãe, mesmo
que ela não esteja por perto, ou até mesmo que tenha partido deste mundo, diga
isto na intimidade de tua alma. Se tens fé em Deus, certamente a mensagem
chegará em forma de oração. Porém, se a fé em Deus para ti seja supérflua e tua
mãe não mais esteja contigo, ainda assim existirá em ti a memória desta mulher,
que poderá ser abraçada com palavras, porque nem tudo é material, nem o
sentimento da saudade, tão pouco o amor de mãe.
Feliz dia das mães.
João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont
Nenhum comentário:
Postar um comentário