Estimado vizinho, prezada vizinha,
Ontem, dando prosseguimento a novena de orações e reflexões do Natal em Família, visitei juntamente com alguns vizinhos e amigos uma casa muito especial e gostaria de compartilhar contigo esta nossa experiência.
Antes de seguir para essa visita tive que passar na faculdade para deixar uns documentos, acabei atrasando mais do que devia, também em função do congestionamento que se faz em todo o final de tarde na cidade de Manaus. Eu não sabia o endereço, então liguei para Naná para que me desse as coordenadas, recebendo como sugestão que eu não fosse, porque era um local pequeno e de acesso um pouco difícil. Não segui o conselho e dirigi-me ao local somente com o nome da rua e a menção das proximidades de onde ficava.
A rua mal iluminada, em uma pista de muito movimento e nenhum carro estacionado na via principal, muito diferente das outras reuniões que era possível localizar o local pelo número de carros estacionados à porta. Pensava encontrar facilmente o endereço localizando o carro de Naná, mas a rua estava deserta de carros estacionados. Para compor o drama, meu celular estava com a bateria descarregada, portanto não poderia ligar novamente para direcionar-me.
Estacionei o carro em uma rua transversal e resolvi caminhar para encontrar a casa, pois talvez escutasse os cânticos que eram entoados nessas reuniões, mas não ouvi absolutamente nada. Resolvi perguntar em um bar, no qual uma moça estava fechando as portas, mas ela nada sabia. Tudo levava a crer que o melhor seria desistir, foi quando resolvi não mais seguir as evidências físicas, buscando ater-me em minha própria intuição. Resolvi caminhar novamente, quando na rua escura vi uma luz tênue que vinha de uma casa, localizada em cima de um barranco e com acesso por uma pequena escadaria. Olhei em direção a casa e vi porta e janela abertas e a luz mais forte, mas ninguém à porta. Resolvi subir as escadas. Quando entrei na casa, logo vi Nelson, meu amigo, que espreitava-se a porta do quarto diminuto no qual dentro um pequeno grupo ouvia o que dizia Manoel,o dono da casa.
O senhor Manoel de 74 anos, com uma voz firme, estava sentando na cama na qual sua esposa enferma Raimunda ouvia atentamente o que estava sendo dito. Na verdade, Dona Raimunda há treze anos está doente e não anda, ficando acamada a maior parte do tempo, estando aos cuidados do marido. Manoel dizia como era difícil manter a fé em Deus, pois sua vida de sofrimento com a esposa não poderia ser obra Dele. No entanto, paradoxalmente o mesmo sofrimento e angústia com a doença renovava sua força na fé, pois no amor encontramos a presença de Deus. Ficou claro para mim a existência do amor naquela casa. Diariamente Manoel em silêncio demonstra seu amor por Raimunda, pois nem mesmo a doença e a pobreza foram capaz de afastá-los, sendo uma lição de vida para mim e, com certeza, para os demais que ouviam atentamente aquele relato.
Manoel lamentava-se de sua ausência na Igreja, pois é muito difícil sair de casa com Raimunda, apesar da cadeira de rodas, vencer as escadarias não é fácil. Quando tem que levá-la ao médico, em uma das poucas vezes que sai de casa, precisa de ajuda para carregá-la até a rua. Contou-nos que se ressente de não poder ir até a igreja doar seu dízimo, pois não tem que fique com ela para que ele possa sair. Neste momento confesso que segurei minhas lágrimas, assim como faço neste instante que escrevo relembrando este fato, pois não consegui deixar de pensar o quanto somos abençoados e tão pouco deixamos de retribuir à Deus por isso. Manoel retribui sofrimento com amor e devoção e ainda encontra motivos suficientes para doar a igreja.
Perguntei ao senhor Manoel se seria bem vinda uma rampa para que ele pudesse descer da porta de sua casa até a rua e, juntos, ele e Dona Raimunda pudessem sair mais vezes. Ele sorriu e disse que sim.
Não requer muito e certamente é possível fazer uma família mais feliz neste Natal, com uma perspectiva de vida realmente nova nesse novo ano que se aproxima.
Se quiseres colaborar conosco, ligue ou passe um e-mail com a tua disponibilidade em ajudar, financeiramente ou doando material necessário para esta empreitada, ou mesmo com trabalho voluntário. Tudo o que for doado ficará registrado neste blog com nome do doador e a natureza da doação, para registro desta boa ação entre amigos. Ao final, entregaremos um cartão de Natal com o nome de todos aqueles que contribuíram para conhecimento de Manoel e Raimunda.
Grande abraço,
João Lago
(92) 9176-0961
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