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sábado, 29 de agosto de 2015

POR QUE SOU CONTRA A VOLTA DA CPMF.


Hoje tenho dois empregos e em ambos recolho INSS e Imposto de Renda descontados na fonte. Para dar conta das contas de casa, acordo às 5h30min., viajo 77km todos os dias e no final da jornada chego em casa às 22h30min. Não frequento shopping faz tempo, cortei há muito a pizza do final de semana e demais supérfluos, utilizo transporte público e ando de carona voltando do trabalho (dividindo o combustível). Faço a minha parte para não cortar o essencial (saúde, educação e comida na mesa), assim como qualquer pessoa consciente faria, quando não tem a possibilidade de esticar o dia para 32h, pois se tivesse certamente teria uma terceira jornada de trabalho. Vontade de trabalhar não falta.

O mesmo deveria ser feito pelo governo, cortar os seus gastos "supérfluos" e aqui não estou falando do "bolsa família". Discuto os 39 ministérios, a maioria para servir de cabide de empregos de gente que nem aparece para trabalhar, ou é incompetente por não ter requisitos mínimos para ocupar a vaga em que está. Só conseguiu estar lá por balançar a bandeira vermelha e por isso luta e defende os corruptos. Discuto fazer compras públicas honestas sem superfaturamento e que os políticos também tenham uma vida mais modesta (sem Porsche, Ferrari na garagem, abotoaduras de ouro, relógio Rolex) como a maioria da população brasileira. A verdadeira justiça social será quando o imposto que hoje pago possa permitir que minha família não precise de plano de saúde, ou da escola particular. Isto não só para mim, mas para qualquer brasileiro que precisa de serviços públicos de qualidade.

A volta da CPMF é o caminho mais fácil para um governo perdulário, como se eu pudesse de maneira mágica aumentar meus ganhos sem repensar a maneira que eu consumo. Antes de criar mais um imposto, esse governo indigno deveria trabalhar mais apoiando quem gera emprego neste país e cortar suas despesas. Enquanto isso, Dilma aconselhada por Lula, vai viajar pelo Brasil no avião presidencial, hospedando-se com sua larga comitiva em hotéis de luxo para fazer proselitismo político e descarregar sua saraivada de asneiras e mentiras. Até mesmo Lula, não viaja de avião comercial, pois gosta muito de um jatinho. Porém para Lula, que não vai mais ter suas palestras milionárias pagas pelo pixuleco via empreiteiras de dinheiro desviado da Petrobras, deverá repensar sua fonte de manutenção da boa vida. Isto até poder novamente ter sua existência mantida pelo governo, mas dessa vez será em uma bela cela na mansão da Papuda.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.

domingo, 23 de agosto de 2015

Chegou a hora de pressionar o Congresso Nacional



No último dia 16 de agosto todos aqueles que se sentem incomodados com os rumos da política e da economia no Brasil apoiaram as manifestações que ocorreram em todo o país pedindo a saída de Dilma Rousseff da presidência, embora nem todos estivessem confortáveis aqui em Manaus para sair às ruas, ou abdicar do seu conforto para enfrentar trinta graus à sombra do verão amazônico. Eu mesmo convivo no trabalho com inúmeras pessoas que manifestaram apoio as manifestações, embora pouquíssimas delas tenha participado o que demonstra que a quantidade nas ruas não representa o sentimento de rejeição da maioria da população, conforme demonstrado nas últimas pesquisas de reprovação do governo do PT.

O governo Dilma conseguiu, com mérito e em um curto espaço de tempo, o feito de ser mais impopular que Collor às vésperas do impeachment. Analisando exclusivamente a personalidade aparente de Dilma, observa-se uma pessoa arrogante e alienada aos anseios da população. Nada parece abalá-la e, como se estivesse dopada por uma forte droga, segue com os seus discursos desconexos com odes a mandioca, a mulher sapiens, as metas intangíveis saídas da cartola do chapeleiro maluco, que apenas agradam a minoria que vive encantada em um país das maravilhas, no qual vicejam o peleguismo, a distribuição de dinheiro sem contrapartida, a compra de apoio por cargos (são vinte e três mil) e o clientelismo corrupto. Todos os adjetivos citados justificam porque houve grande evasão de filiados do Partido dos Trabalhadores, pois ninguém que tenha uma conduta ética deseja ter a pecha de pertencer a um partido que se associa ao crime organizado. Em face desse quadro adverso, haveria uma saída digna para Dilma que seria reconhecer as mentiras de campanha, cortar ministérios, apartar-se de Rui Falcão e até relegar a ridícula semântica de desejar ser chamada de “presidenta”, pois este pequeno detalhe (que parece mínimo) demonstra sua necessidade de identificar fisiologicamente os comensais parasitários desse governo. Um governo deve governar para todos e não para uma parcela que aceita ser “clienta”(sic). Assim, o governo Dilma vai passar e será reconhecido na história pelos atentados: ao equilíbrio macroeconômico, a ética na política, a semântica e pela total falta de modéstia e elevada indiferença.

No entanto, a pergunta que se faz é por quanto tempo mais vai se arrastar esse governo sem o apoio da opinião pública e refém do Congresso Nacional. Alguns passos do PT para dar governabilidade para Dilma já despontam claramente na praça dos três poderes. O primeiro é cobrar a fatura de suas nomeações ao STF – Supremo Tribunal Federal, cujos membros mais emblemáticos são Dias Toffoli (ex-advogado do PT e anão jurídico) e Edson Fachin (que fez campanha para Dilma no primeiro mandato). Dos onze ministros do STF foram oito ministros nomeados por Lula e Dilma. Alguns foram fieis ao PT no julgamento do mensalão, basta rever o posicionamento de cada um durante o julgamento para comprovar. Por exemplo, Lewandowski, que se reuniu às portas fechadas recentemente com Dilma e o ministro da Justiça Eduardo Cardozo em Portugal, foi o que mais tentou criar obstáculos e atenuar as penas dos mensaleiros. Portanto, não vale a pena apostar todas as fichas que Dilma sairá pelas mãos do STF.

No que se refere ao Congresso Nacional, o recente indiciamento de Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados) no STF pela Operação Lava a Jato, deixando Renan Calheiros de fora, pode ser interpretado como uma movimentação do governo petista para eliminar a oposição e novamente ter força para comprar apoio. Uma demonstração disto foi Dilma ter oferecido mais ministérios ao PDT que havia manifestado ter saído da base aliada do governo, juntamente com o PTB. Idênticas reaproximações estão previstas com o PSD e PRB, ratificando os ministérios já distribuídos e blindando a câmara das vozes das ruas. Enquanto isso, alguns líderes dos movimentos que pedem a saída de Dilma insistem que não precisam e rejeitam apoio de políticos da oposição, sendo isto extremamente vantajoso para Dilma e para o PT. Por mais paradoxal que possa parecer, dizem-se “apolíticos”, quando fazem política nas ruas. Não sejamos idiotas, pois somente por duas vias democráticas o Brasil poderá livrar-se de Dilma: via STF ou Congresso Nacional. Assim, dos 533 deputados não tenho dúvidas que grande parte esteja lá para fazer negócios, mas ainda assim precisam de votos para se manterem onde estão. Portanto, residindo à dúvida sobre o aparelhamento do STF pelo PT, fazer pressão nos deputados eleitos de seu estado, pedindo um posicionamento claro a respeito da questão é um caminho que deve ser perseguido.

O Estado Democrático de Direito não se configura legítimo somente com os resultados das urnas, mas as forças democráticas e os mecanismos da democracia brasileira devem estar atentos à usurpação do poder por forças criminosas, autoritárias e fascistas. Na Colômbia o bandido Pablo Escobar foi eleito pelo povo porque era visto como amigo dos pobres. Também vale a pena lembrar que tanto Hitler quanto Stalin criaram uma rede de mentiras e as vendiam como verdades em ampla propaganda política e na ausência do Estado Democrático de Direito, passaram a suprimir a imprensa e os adversários, aos moldes de Venezuela e Cuba, modelos de democracia latino-americana que os partidários da bandeira vermelha tanto admiram.

Compreendo a ojeriza de alguns aos políticos, porém esses fazem parte de nossa democracia e, bem ou mal, qualquer processo de impeachment deverá passar pelo voto de cada um. Caso não se concorde com isso, existe a opção de dar-se a mão e marchar com aqueles que pedem a volta dos militares, pois esses também estavam infiltrados nas manifestações. Porém, eu seria um candidato a ser suprimido em algum cemitério clandestino, ou atirado de cima de um helicóptero nas águas revoltas do Rio Amazonas, pois é assim que agiram contra aqueles que levantaram a voz contra os abusos da ditadura. Não faziam nenhuma distinção entre cidadãos que apenas queriam a democracia de volta daqueles que desejavam uma ditadura comunista pela luta armada. Todos eram inimigos.

Retirar do poder um governo que se elegeu baseado em mentiras e financiado com dinheiro oriundo de corrupção, em qualquer país democrático do mundo não seria jamais chamado de golpe. Reitero que a sociedade brasileira ainda carrega cicatrizes do golpismo que originou o Estado de Exceção. Porém, o golpismo contra a ética e contra a vontade popular articula-se no Congresso Nacional, mas depois de três grandes manifestações ainda discutimos se desejamos ou não que subam no carro de som os políticos de oposição que se comprometam com a mudança. Santa inocência!

Por mais que possa parecer capenga a nossa democracia, ainda quero acreditar que tudo possa ser resolvido pelas vias pacíficas da própria democracia. Porém, ficar achando que somente ir às ruas sem pressionar nossos “representantes” possa resolver o problema é um exercício de singela estupidez.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont

sábado, 8 de agosto de 2015

O pai todo poderoso

Um dia desses, que não sabemos quando, um velho sábio encontrou uma criança com quem brincou alegremente. Assim, entre brincadeiras e outras, resolveu fazer aquela pergunta clássica que invariavelmente já ouvimos na infância e que somente tomamos conhecimento do que respondemos por intermédio de outros.

O sábio perguntou: - O que você vai ser quando crescer?

A criança respondeu: Quero ser pai!

Aquela resposta surpreendeu até quem por mérito deveria estar acostumado com todas as variedades dos resultados das indagações. E com a curiosidade que o fez sábio quis saber: - Por que meu menino você quando crescer gostaria de ser pai?

O menino respondeu: - Porque papai faz tudo o que ele quer.

O sábio coçou a longa barba e resolveu tomar satisfação e perguntou: - Como assim, o que ele faz de tão importante que é motivo de você querer ser igual a ele?

- Papai é quem decide quando iremos sair para passear e brincar. Papai é quem chama para voltar para casa, mesmo que a brincadeira esteja tão divertida. Papai pode tudo o que ele quer!

A etapa da onipotência na vida de um homem é quando ele tem os filhos pequenos. Somente quem já viveu essa fase consegue compreender muito bem o papel importante que possui na vida de suas crianças. É o momento de ser herói, ter o corpo indestrutível, ser o mais forte de todos os homens.

O tempo passa, os filhos crescem, vão chegando à adolescência, e aos poucos vamos perdendo nossa onipotência, pois os filhos começam a nos ver como os seus próprios semelhantes. No entanto, se durante a infância dos teus filhos soubeste dosar todo o teu poder, ainda que hoje carregues uma pedra de Kriptonita no bolso, muito provavelmente serás apenas um herói aposentado.

O tempo passará um pouco mais, tua pele vai enrugar, tua vista começará a te enganar e os poucos cabelos que restarão na tua cabeça estarão totalmente brancos e não serás nem a sombra do homem poderoso que foste para os teus filhos.

Contudo, toda a onipotência que tiveste com os teus filhos quando crianças, se bem dosados com muito amor, todo esse poder terá trazido para ti honra, respeito e dignidade. Ninguém jamais será amado pelo poder que tem, mas pelo quanto se fez importante na história de uma criança.


Feliz dia dos pais.

João Lago

domingo, 2 de agosto de 2015

A inflação será domada no governo Dilma com quais consequências?



Eu não sou economista, mas transversalmente e com razoabilidade estudo essa disciplina, como alguém sedento em busca de uma fonte para matar sua sede. Assim, para responder a pergunta lançada, começo analisando os períodos inflacionários a partir da redemocratização do Brasil e as tentativas desastradas de colocar os preços sob controle.

Em 1986, logo após a morte de Tancredo Neves e já no governo Sarney, a inflação atingiu um pico de 10,4% ao mês, quando o foi lançado o Plano Cruzado e a criação de uma moeda que levava esse nome em substituição ao combalido cruzeiro. Houve congelamento de preços (aos moldes venezuelanos atuais) e a economia foi indexada, com a criação de gatilhos para salários quando a inflação chegasse a 20% ao mês. Em 1989, com inflação acima de 20% ao mês, Sarney lança o Plano Verão, no qual foi mantido o congelamento de preços, mas se buscou desindexar a economia com a criação de uma nova moeda (cruzado novo) atrelada ao dólar, ao mesmo tempo em que se extinguiu a OTN – Obrigação do Tesouro Nacional, que era um título da dívida pública brasileira cuja correção servia de indexador para a economia.

Em virtude do fracasso dos planos anteriores e com a vitória de Fernando Collor nas eleições de 1989, sob o comando da ministra Zélia Cardoso de Mello, é lançado o Plano Collor com mais uma troca de moeda (cruzeiro), repetindo o congelamento de preços, salários e com o congelamento em dezoito meses dos saques de dinheiro depositados na poupança. A ideia era congelar a dívida pública e enxugar o fluxo monetário para segurar a inflação, ou seja, sem dinheiro disponível para o consumo os preços cairiam. Peço desculpas aos economistas pela simplicidade de raciocínio, mas não vejo outra forma de descrever essa sandice que foi o Plano Collor que levou a inflação a quase 30% ao mês. Não obstante, ainda não satisfeito com a lambança, o atual piloto de Ferrari, Porsche e Lamborghini das Alagoas lançou o Plano Collor 2, com novos congelamentos de preços que momentaneamente baixou a inflação para 15,6% ao mês, mas logo voltou a subir e atingiu 31,2% ao mês, conseguindo um desempenho muito pior que o de Sarney. O restante da história política sabe-se de cor, por meio das revelações feitas por seu irmão Pedro Collor de Mello, Fernando Collor foi apeado da presidência pelas denúncias de corrupção que o envolviam, juntamente com Paulo César Farias, seu tesoureiro de campanha. Antes de continuar, abro um parêntese para retratar similaridades que se encontram em todos os planos das eras Sarney e Collor: Congelamento de preços e dos salários, indexação da economia e o descontrole de gastos públicos e do serviço da dívida (juros), que faziam aumentar a dívida pública interna e externa.

Assume a presidência Itamar Franco (o vice de Collor) e herda uma inflação que em 1993 chegou a 2.708% ao ano. Já no final do governo Itamar, quando FHC - Fernando Henrique Cardoso era o seu ministro da fazenda, foi lançado o Plano Real com uma novidade ainda não tentada nos planos anteriores: O equilíbrio das contas do governo, que significa não gastar mais do que se arrecada, por meio da redução de gastos com a máquina pública, incluindo privatizações (medidas chamadas de “Estado mínimo”) e aumento de impostos. O governo precisava ainda desindexar a economia e acabar com a inflação inercial, e o fez sem sobressaltos, pois instituiu inicialmente a URV (Unidade Real de Valor) que surgiu como um fator de correção do cruzeiro real (moeda vigente) no pagamento de contratos, saldos bancários, poupança, salários, correção de preços etc. A economia estava atrelada a URV que foi substituída pela moeda Real (1 URV = 1 Real). Foi a partir do Plano Real que a inflação despencou para 1,8% ao mês e permaneceu abaixo de um dígito pelos dez anos seguintes. Porém, para o controle da mesma foi instituído um tripé macroeconômico ainda em vigor até os dias de hoje, quais sejam (ou deveriam ser): regime de metas de inflação, metas fiscais por meio da responsabilidade fiscal e o câmbio flutuante (jamais fixo). Simples assim!

É importante que se diga que na vigência do Real, durante os anos FHC, a elevação das taxas de juros foi um mecanismo adotado para o controle da inflação, pois é a forma que se deu para conter o consumo pelo custo do dinheiro. Porém, ao mesmo tempo em que se diminui o consumo, as altas taxas de juros aumentam também o serviço da dívida, fazendo subir o endividamento do Estado brasileiro, já que os títulos da dívida pública estão atrelados a Selic (hoje em 14,25% ao ano). Assim, em termos de ajustes macroeconômicos, desde o governo FHC basicamente nada mudou, mas a situação vem degringolando pela resistência do governo Dilma em seguir a risca o tripé deixado por FHC e que Lula seguiu. Quando a sociedade clama por um ajuste fiscal nas contas do governo, surgem as pedaladas com o objetivo de falsear a real situação das metas fiscais e o governo teima em manter trinta e nove ministérios que duvido, dou minha cara a tapas, se Dilma sabe o nome de todos de cor. O resultado do descontrole fiscal do governo, com o abandono das pedaladas que estão sendo investigadas pelo TCU – Tribunal de Contas da União, foi o anúncio dado pelo ministro da fazenda Joaquim Levy da redução da meta fiscal de R$ 66,3 bilhões para R$ 8,7 bilhões, que claramente demonstra a incapacidade do governo manter a “responsabilidade fiscal” do tripé macroeconômico. Quanto ao câmbio flutuante, nunca esteve tão leve para cima, com o dólar batendo R$ 3,39. Contudo, falta falar da inflação, que foi puxada para cima pela alta dos preços dos serviços públicos (sob o controle do governo), como energia elétrica e combustíveis que afeta toda a cadeia produtiva. Não somente isto, a alta do dólar também traz pressão inflacionária, pois boa parte dos insumos da produção (principalmente os da Zona Franca de Manaus) vem do exterior. Neste cenário de horror um otimista poderia dizer: Com o dólar baixo vendemos mais para o exterior e isto é bom para trazer moeda forte para o Brasil (superávit primário). Realmente isto seria maravilhoso se o nosso país não tivesse tanta dependência das commodities (ex. produtos agrícolas, minérios) justamente em um momento que a demanda mundial desses produtos está em queda.

Neste quadro apocalíptico econômico, cujo demônio é vermelho e tem uma estrela na testa, os R$ 57,6 bilhões necessários para fechar essa conta não virão, pois o governo Dilma não abrirá mão dos apaniguados que mantém mamando nas tetas da nação. A solução deles é aumentar impostos e colocar o Brasil de volta a liderança mundial de juros com taxas pornográficas, mas aviso: não há mais o que espremer, pois já estamos no bagaço. As famílias devem aos bancos e o que não pagam em juros, o que resta está sendo comido pela inflação. Eu até arrisco dizer que no estágio que estamos, se o Banco Central colocasse a taxa de juros (Selic) em zero não haveria aumento de consumo, porque a renda já está tão comprometida com as dívidas que pouco sobraria para o supérfluo. Então, por que o governo não reduz os juros? Ora, porque ao mesmo tempo em que os juros elevados encarecessem o serviço da dívida, ainda assim são necessários para um governo perdulário e irresponsável, pois com taxas elevadas vendem títulos para os banqueiros conseguindo dinheiro novo para rolar a dívida, que só aumenta. No entanto, se existe uma raça sagaz esta é a do banqueiro que havendo aumento de risco financeiro busca colocar o seu dinheiro em territórios mais seguros e para isto que existem as notas de rating. E por falar nelas, as lambanças do governo fizeram a Standard & Poor’s mudar para negativa a perspectiva da nota de crédito brasileira.

Ainda há muito que se falar, mas uma frase que pode sintetizar tudo isto que até aqui foi descrito é: O cachorro correndo atrás do próprio rabo que vai rodar, rodar e rodar até esgotar nossa paciência. Dia 16 de agosto está chegando, data marcada para mais uma grande onda de manifestações no país e a quantidade de pessoas nas ruas será o termômetro que medirá em qual estágio febril de paciência está a nação brasileira.

João Lago
Administrador, professor e morador do Conjunto Santos Dumont.